𝟐.

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A ponte estava exatamente como antes, como se o tempo não passasse ali e realmente, não o fazia. Draal estava sentado no ponto mais alto da ponte, observando o vazio céu cinza, quando Avalon o avistou e se aproximou, sentando-se ao seu lado em silêncio.

— Você voltaria se soubesse que o Jim precisa de você, se tivesse a chance? Mesmo tendo cumprido o juramento? — perguntou, quebrando-o.

— Sim — assentiu, gesticulando os punhos conforme falava. — O juramento uniu nossos caminhos e apesar de o meu ter chegado ao fim, eu voltaria atrás para salvar meu amigo mais uma vez.

Ela concordou.

— Disse a ele que irei— Draal sorriu, sabia que ela o faria. — Vou precisar de você e de todos que conseguirmos, para guardar o reino.

— Tem um plano?

— Algo do tipo — deus de ombros e riu. O troll se levantou. Se ela havia aceitado, não poderiam perder tempo. — Nos encontramos aqui, depois?

Ele respondeu positivamente e deixou a ponte.

Voltando para seu alojamento ela anotou algo em um pedaço de pergaminho, instruções para seus sucessores temporários e em outro, esboçou algumas formas, algo que mostraria a Merlin mais tarde. Então, foi até o castelo, ao encontro de seu pai, Morgana, Arthur, Sir Lancelot, Sir Galahad e Vesper, uma antiga amiga de Camelot, com os quais mais tarde o deixou.

Como combinado, Draal a esperava na ponte junto de outros Trolls, grande parte dos antigos campeões do mago. O grupo de Avalon subiu por um lado da ponte, oposto ao já ocupado, de forma a criar uma divisão, mantendo um espaço no centro. Não havia sequer uma voz soando, estavam em absoluto silêncio, todos esperavam por algo. Ela olhou para Merlin buscando instruções, mas ele somente indicou o vazio com a cabeça, a encorajando.

— Obrigado por virem — disse, dando um passo à frente. Não sabia por onde começar, ao que  lhe pareceu mais viável ir direto ao ponto. — O mundo vai entrar em guerra. Digo, o mundo que costumava ser nosso. Alguns de vocês devem se perguntar o motivo da importância disso, já que é certo de que não nos afeta. Mas afeta outros, seres do seu povo e do meu. Um membro da minha família está lá — olhou de relance para o povo de Camelot e logo dedicou sua atenção aos Trolls. — James Lake está lá, assim como todos seus amigos, vocês conhecem eles! Esse grupo de adolescentes tem coragem o suficiente para tentar parar isso e eu posso aumentar a probabilidade de sucesso deles, ou ao menos tentar. E pra isso, preciso da ajuda de vocês.

Mentalmente, ela cruzava os dedos torcendo para que aceitassem. Queria ajudar outros, mas não poderia sem que ajudassem ela. Todos a encaravam, um burburinho baixo ressoou vindo do lado Troll. Ambrosius olhou ao redor buscando refúgio, até que seu olhar colidiu com o de Guinevere que sorriu gentilmente para ela antes de chamar a atenção de Arthur e cochichar algo em seu ouvido. Ela observou conforme a expressão do rei mudava.

Era o esperado, mas ela não pode evitar ficar surpresa ao ver ele tomar a mão de sua amada e juntos, darem um passo à frente.

— Por Camelot — disseram em uníssono, em seguida sendo imitados por Lancelot e Galahad que fizeram o mesmo soando como um eco. Morgana preferiu não dizer nada, mas juntou-se a eles em apoio.

A discussão do lado troll pareceu aumentar. Porém , antes que sequer pudessem oficializar sua decisão, Kanjigar tomou partido por seu povo.

— Nós, caçadores de trolls e campeões de Merlin, aceitamos — os outros concordaram e uniram-se em algo próximo a um grito de guerra, fazendo com que o amuleto em seus peitos brilhasse. — Por Arcadia!

Por fim, olhou para Vesper que estava mais afastada que os outros. Não faria aquilo sem ela.

— Pela família — concluiu.

Avalon sorriu. Eles estavam com ela. Agora, restava lhes explicar o plano e torcer para que funcionasse quando os deixasse. Sem perder tempo, projetou formas no céu improvisando um mapa e assim, começando a discutir posições estratégicas.

Aos poucos os grupos começaram a se dispersar, de forma que só sobrassem Deya, Kanjigar, Draal, Merlin e Avalon a discutirem os últimos detalhes do plano. Tendo-se a reunião encerrada, eles se despediram e seguiram seus caminhos deixando a ponte da mesma forma que haviam chegado.

Os Ambrosius caminhavam lado a lado. Ela parecia feliz, mais por não estar sozinha do que por ter conseguido. Enquanto ele carregava um semblante sereno e por dentro, não poderia estar mais orgulhoso.

— Espero que esteja pronta para aprender, tudo que não tive a chance de lhe ensinar.

— Pronta? Eu estou há séculos esperando por isso!

...

Era domingo. Jim, sua namorada e seu melhor amigo se encontravam no quintal dos fundos, deitados na grama, aproveitando o sol. Aquilo se tornou uma das coisas que mais apreciava desde que havia voltado a ser humano. Bobby terminava uma tigela de nachos levada por Clara a pedido dele. Já a garota falava animadamente sobre sua banda favorita, quando seu celular tocou.

Foi Lake quem o atendeu, pedindo silêncio aos demais com um gesto. Por alguns minutos, observaram Jim concordar e soltar algumas poucas palavras até que a ligação se encerrasse.

— Parece que nossas férias acabaram — disse, devolvendo o celular a Nuñez.

— Até que durou bastante — Domzawski lambia os dedos.

— Era ele?

— Era — expirou, sentindo a mão da garota tocar a sua. — Precisamos ir.

Caçadores de Trolls: A Ascensão dos TitãsOnde histórias criam vida. Descubra agora