Três

319 44 10
                                    


- Pronto Gil! A menina tá instalada. Você me deve uma tá? Que fique registrado. – Falei rindo entregando uma long neck pro meu amigo.

- Eu? Sai pra lá mulher. Eu tô é te fazendo um favor.

- Favor? Não sei como. Nunca precisei de ajuda pra arrumar funcionário. E tem muito peão aqui na fazenda que as esposas gostariam de vir trabalhar aqui. – Falei debochando dele.

- Não tô falando de trabalho não. Tô falando é de favor pessoal mesmo. Vai ser bom pra você ter ela por perto. A menina é um amor de pessoa, tirando que é linda né? – Falou rindo pra mim.

Levantei uma sobrancelha pra ele – E eu lá tô preocupada se meus funcionários são bonitos ou feios homem? Eu quero mais é que saibam trabalhar.

- Então você reparou que ela é bem gata... – Ele disse com um sorriso malicioso pro meu lado.

- É bonitinha sim! Mas me conta do tal enfermeiro novo. – Falei mudando o rumo da conversa.

Gil riu e começou e me contar.

- Então amiga. O nome dele é Arthur. Ele começou hoje lá no posto e é um gato, todo musculoso. E meu gaydar já logo apitou né? – Falou gargalhando.

- Lá vai você se meter com homem do trabalho. Você sabe que isso não dá certo. – Falei tentando ser séria porém rindo também.

- Ah, mas ele tem cara de ser da cachorrada também. Não corre risco de se apaixonar que nem aquele outro lá não.

- Você conheceu o homem hoje, como pode saber que ele é da cachorrada?

- Sei lá! Tô sentindo.

- Aham! Isso aí é desculpa para você mesmo pra poder ficar com o cara sem peso na consciência. – Já conhecia como funcionava a mente do meu amigo safado.

- Pode ser! – Falou rindo. – Só sei que tô querendo chamar ele pra sair. Vou só sondar mais um pouco pra saber se não é comprometido. – Disse com um sorriso malicioso. – Mas me conta de você amiga. Hoje foi dia né? – Falou com uma carinha de pena.

- Foi – Disse suspirando. – Seis meses hoje. Mas sabe que foi melhor do que eu esperava? Não doeu tanto quanto costumava doer. Acho que tô pronta pra deixar o luto pra trás. – Falei mostrando a mão esquerda sem aliança.

- Amigaaaa! Tirou a aliança? Nem tô acreditanto! – Gil falou super empolgado. – Agora sim!

- Não que eu pense em me relacionar com alguém de novo. Tô fora! Mas cansei de sofrer por isso. – Falei com um sorriso.

- Sei! Veremos! – Falou rindo e joguei uma almofada na sua cara.

O resto da noite foi tranquila. Bebemos mais algumas cervejas e comemos uma pizza caseira que Dona Jacira tinha deixado pré-assada.

Depois que Gil foi embora, fui na cozinha buscar minha água que levaria pro quarto. Enquanto estava lá, lembrei da garota que dormia a poucos metros de distância. A área de empregados ficava um pouco depois da cozinha e tinha dois quartos e dois banheiros. Mas tinha muito tempo que não era usada por ninguém. Era estranho ter mais uma pessoa dormindo dentro daquela casa.

Fiz silêncio para ver se escutava algum barulho, mas não tinha nada. Ela já deveria ter dormido. Peguei minha água e subi pro meu quarto.

O Gil disse que confiava na menina, mas não me explicou exatamente como eles se conheceram. Será que era seguro dormir com aquela desconhecida em casa? Na dúvida resolvi trancar a porta do meu quatro. Precaução nunca é demais.

Destino - Au SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora