Onze

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Juliette

Impressionante como o tempo passa rápido aqui. Acho que depois de seis meses na clínica, onde as horas se arrastavam, agora eu tinha a sensação de que os dias voavam. Já era sexta-feira de novo.

No domingo, após Sarah me falar que tinha se casado porque engravidou, ela mudou de assunto tão rápido que eu não tive a chance de falar nada. Percebi que ela não queria se aprofundar nisso e respeitei sua vontade sem perguntar nada mais.

Mas aquela informação ainda estava martelando na minha cabeça. Era óbvio que essa criança não existia, e eu queria muito saber o que tinha acontecido. Não só por curiosidade, mas porque com certeza é um assunto que mexe com ela ainda. E eu queria poder ajudar.

Quero conhecê-la melhor, saber o que passou, e estar ao seu lado para o que precisar. Mas agora não sei como voltar nesse assunto e perguntar sobre.

Tirando esse elefante branco, que claramente estava entre nós, o resto das coisas iam muito bem.

No domingo mesmo ela me deu um presente. Falou toda sem graça que tinha visto na feira de artesanato e lembrado de mim. Achei a coisa mais fofa do mundo. Tinha muito tempo que eu não ganhava um presente, que alguém não chegava pra mim e falava "vi isso e lembrei de você". Nem sei quando foi a última vez, mas provavelmente foi com minha mãe.

Era o tipo de atitude que me encantava, independente do valor do presente, era um carinho na minha alma.

Sarah me deu uma pulseira dourada cheia de pedrinhas coloridas, linda e super delicada. A pulseira já não saia mais do meu pulso. Eu tinha amado.

A nossa rotina que já era gostosa antes de ficarmos, se tornou ainda melhor. Toda noite após o jantar ficávamos agarradas vendo TV, trocávamos carinhos, beijos e conversávamos sobre diversos assuntos.

Os beijos e carícias ficavam cada vez mais intensos. Mas ainda não tínhamos chegado nos finalmentes.

Depois de mais de seis meses sem sentir o corpo de outra pessoa junto ao meu, eu já estava subindo pelas paredes. Mas eu não queria apressá-la.

Cada dia dei um passinho a mais durante nossos amassos, mas sempre parava antes que fosse tarde demais. E eu sentia que ela estava um pouco insegura ainda, não tinha chegado a hora.

Acabamos não comentando desse romance com ninguém, somente o Gil sabia. Nem conversamos sobre isso, mas acho que estava implícito que era algo só nosso por enquanto. Por mais que não devêssemos nada a ninguém, as pessoas teriam muitas opiniões sobre o que estava acontecendo, e não queríamos ter que lidar com isso no momento. Estava tão bom desse jeito.

Dona Jacira me perguntou algumas vezes o que tinha acontecido pra eu estar tão feliz e risonha, mas disfarcei e acho que ela não desconfia de nada.

Enquanto pensava em todos os acontecimentos dessa semana, terminei de limpar o andar de cima e desci para ajudar a senhora com o almoço. Essa semana Sarah não almoçou em casa todos os dias. Parece que o trabalho na fazenda estava mais intenso que o normal, o que fez com que alguns dias só nos víssemos à noite.

Não preciso nem comentar o tanto que eu ficava ansiosa pra chegar logo a hora do jantar, para que pudéssemos no ver, conversar e irmos namorar na sala de TV.

Estava torcendo para que hoje ela viesse almoçar aqui. Parecia que cada segundo que eu ficava perto daquela galega, só aumentava mais minha vontade de nunca mais sair do lado dela.

Enquanto estava finalizando a arrumação da mesa ouvi a porta da cozinha se abrir. Olhei já sorrindo e vi aquela maravilha de mulher entrando. Ela estava com uma calça jeans colada no corpo, blusa xadrez vermelha, bota de montaria preta e um chapéu de cowboy também preto.

Destino - Au SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora