𝟮𝟮

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Meus olhos estão doloridos por chorar tanto. As pálpebras estão cansadas por não se fecharem a dias e meu corpo quase não sai da cama.

Olhar para o teto dia após dia, esperando uma ligação do maldito hospital estava me cansando, mas eu não poderia desistir. Eu não poderia desistir por que era você naquele hospital.

E quando eu finalmente recebi uma ligação do grande estabelecimento, meu corpo se reergueu automaticamente para atender o telefone, que após dois toques já estava sobre o meu ouvido.

Ao ouvir tais palavras, ja não tinha forças nem para segurar o próprio telefone, o que fez o aparelho cair no chão e desligar sozinho devido ao forte impacto.
Não era fácil processar o que acabará de ouvir, nem um pouco.

Tudo estava doendo, seu corpo, seus olhos, suas mãos, simplismente tudo. Ouvir que o garoto já não estava mais aqui, era difícil para você.

As lágrimas que estavam caindo sem parar eram compostas por lembranças suas com ele e mesmo sabendo que o assassino já estava preso, isso não a deixava mais confortável, de maneira alguma. A dor apenas aumentava, quanto mais você pensava naquilo, mais aquilo te consumia.

Não poder mais tocar nos fios amarelados dele ou observar o sorriso do mesmo por mais tempo, a faziam pensar que o sentido daquela vida não existia mais.

Teve um momento em que você apenas dormiu, chorar até dormir é algo que muitos fazem. Ao acordar ficou por meia hora na cama até tomar coragem para se levantar e ir abrir a porta que já foi batida tantas vezes.

⎯ Não é um bom dia, Bokuto. -foi direta, com a voz pouco rouca, mantendo os olhos na feição entristecida do platinado que a olhava.

⎯ Ja faz um mês que nenhum dia é bom, [Nome]. -ele queria dar um sorriso para reconfortá-la, mas nem isso ele estava conseguindo fazer no momento. passou por você na porta e seguiu até a cozinha, onde começou a retirar as coisas da sacola. ⎯ As coisas com Akaashi não estão mais indo bem, é tudo uma merda agora. -você não ouvia muito bem as palavras dele, sua mente estava vazia enquanto você olhava para um vazio.

⎯ Nada vai bem. -ele te olhou por um momento, até que você falou novamente. ⎯ Kenma morreu noite passada. -um dos copos de vidro nas mãos do garoto caiu imediatamente após ouvir a frase.

⎯ Por quê não tentou falar comigo? -você soltou um pequeno riso de maneira sarcástica antes de responder.

⎯ Todos temos problemas, Bokuto, e eu não tenho o direito de te causar mais. Eu prefiri evitar, mas é tudo tão... -sua voz já estava embargada devido as lágrimas que começaram a cair sem parar. ⎯ Nós não deveríamos passar por coisas tão difíceis assim.

Enquanto estava trêmula sobre o sofá, sentiu os braços do garoto a envolverem em um abraço quente, o que a fez chorar ainda mais.

O dia estava sendo difícil, todos os dias estavam sendo iguais e isso estava se tornando cansativo. As vezes você até tentava ocupar sua mente com algo que não fosse o meio loiro, mas não era fácil.

Se sentia mal por pensar tanto nele e se sentia assim por que pensava que não estava deixando-o descansar em paz, seja lá onde ele estivesse.
Sabia o que precisava fazer para resolver isso.
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⎯ Ele está esperando a senhorita na sala particular. -você concordou com a cabeça e seguiu até o local em passos pouco lentos.


Por um tempo, a única coisa que se foi ouvida, eram os sons dos saltos batendo contra a cerâmica branca da prisão na qual você estava, para encontrar certa pessoa.

Enquanto dava a volta por fora da sala para chegar até a porta, podia vê-lo a encarando através do vidro, enquanto se aproximava. Isso a fez engolir seco.

Ao abrir a porta e fechá-la em seguida, seguiu até a cadeira em frente ao garoto. Vocês eram separados apenas por uma mesa branca comum e a luz acima de vocês a fazia enxergar o rosto e os olhos amarelados do moreno que a encarava sorrindo pouco.

⎯ Você finalmente veio me ver, [Nome]. ele sorriu para você, a fazendo sentir o estômago revirar por um breve momento. ⎯ Presumo que me odeie, mas isso não me afeta, eu ainda sinto o mesmo por você.

⎯ Não diga coisas assim, é nojento. -suspirou antes de continuar. ⎯ Eu não sei por quê fez àquilo e eu não me sinto bem em não saber a resposta. -olhou para o garoto que agora tinha a feição neutra, enquanto te encarava. ⎯ Me diga Suna, o que se passou pela sua cabeça?

Ele ficou em silêncio por muitos segundos, enquanto olhava ao redor da sala, provavelmente pensando no que ia falar, mas era difícil acreditar que fosse apenas isso.

⎯ Você. -não estava surpresa, por incrível que pareça você já esperava por algo assim. ⎯ Eu pensava em você a cada facada que eu depositava, por isso não me arrependo de nada que fiz.

⎯ Você sabe que matou duas pessoas, certo? -ele a olhou pouco confuso agora. ⎯ Você não só matou ele, como acabou me matando por dentro. -passou uma das mãos sobre os cabelos suspirando e tentando segurar o choro. ⎯ Eu não me sinto viva a tanto tempo e eu sei que nunca mais vou ser a mesma, por sua causa, eu morri também.

⎯ EU FIZ TUDO POR VOCÊ! EU TE AMO TANTO QUE EU MATEI ALGUÉM QUE ESTAVA ENTRE NÓS! -ele gritava em resposta agora, o que a fez dar um sobressalto de início, fazendo sua voz ecoar pela sala, você se levantou e ditou sua última frase.

⎯ Nunca existiu um "nós", Suna. -seguiu para fora da sala em passos pouco apressados, ainda ouvindo os gritos dele.

Ao sair do presídio, retirou os saltos para conseguir acelerar os passos e correu para chegar na lápide do garoto. Enquanto corria, sentia seus pés serem espetados vez ou outra, mas isso não a impediu de acelerar, sentindo as lágrimas serem secadas pelo vento que batia vez ou outra no seu rosto.

Ao chegar, se sentou lentamente ao lado da lápide, a qual você sempre ia quando se sentia triste ou quando queria sentir que estava ao lado dele mais uma vez.

O gramado verde estava molhado devido a uma chuva passageira e o sangue em seus pés espetados, era limpado pelas mesmas gotas que caiam do céu.

Você passava vez ou outra seus dedos pela lápide para acariciar, era algo que você sempre fazia quando estava lá. As vezes passava minutos apenas fazendo tal coisa enquanto pensava no garoto.

⎯ Eu adoraria te ver uma última vez. Sabia que isso me afeta todos os dias? -sorriu pouco, apoiando a cabeça na lápide. ⎯ Eu falei com aquele filho da puta hoje e eu me senti tão idiota por achar que tentar dialogar com ele seria bom pra mim. -suspirou, virando os olhos para o céu pouco azulado.

Eu preciso deixá-lo partir para que eu também possa seguir em frente. Eu não quero que ninguém pense que eu estou fazendo isso apenas por mim, eu estou fazendo por nós - para que você possa se sentir tão bem quanto eu.

Eu ainda tenho um longo caminho pela frente e eu sei disso. Pode demorar um ano ou dois ou até mesmo dez, mas eu vou aos poucos. Por que a pressa é inigima da perfeição.

Eu vou sentir falta do garoto de cabelos meio loiros para sempre, mas se amar significa deixar partir, então eu vou deixá-lo ir, mesmo que seja doloroso.

𝐃𝐀𝐌𝐍 𝐆𝐀𝐌𝐄⠀─ kenma kozume.Onde histórias criam vida. Descubra agora