Cap. 4

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Maya.
Sarah insistia para que Kiara ficasse, mas aos gritos ela recusava ficar no mesmo ambiente que eu.

- Deixa de ser infantil, você é muito egoísta, Kiara. - Falo vendo Kiara gritando.

- Fica quieta, novata. - Ela rebate.

- Cansei desse showzinho, ela adora chamar atenção. - Entrei de volta no castelo.

Sinceramente, eu estava completamente cansada desse ódio gratuito da Kiara, eu não estava mais ligando. Se ela quer brigar, vamos brigar.

- Cansou? - Provoco Kiara.

- Não enche, Maya. - Ela se senta praticamente bufando de raiva no sofá.

- Acho que por hoje já deu, vou pra casa que eu ganho mais. - Pego minha bolsa e todos me encaram.

- Sério isso? - JJ me acompanha.

- Sim, super sério. Acho que vocês já perceberam que não sou nem um pouco bem vinda aqui, não vou insistir em uma coisa que não vai acontecer de jeito nenhum. - Abro a porta.

- Vai tarde. - Kiara sussurra de cabeça baixa, então bato a porta e escuto os gritos vindo do lado de dentro, eles voltaram a discutir.

Talvez ela realmente estivesse certa, eu não me encaixo neles, e eu deveria tentar conhecer o outro lado da ilha, quem sabe lá é o "meu lugar".
Caminhei na estrada sozinha, já estava anoitecendo e eu estava pouco me fudendo pra eu estar em uma estrada escura essa hora, ao contrário da minha mãe, que se soubesse iria me matar.

- Que porra, não chega nunca? - Resmungo com a respiração ofegante de tanto andar.

Olhei para os lados em busca de reconhecer onde eu estava, não havia uma alma viva em volta.
Subi uma rua qualquer, ou melhor, um monte de terra.
Parecia que eu já estava andando a horas, quando desbloqueei meu celular, eu tinha saído do castelo á 10 minutos atrás.
Eu realmente desisti, me sentei e apenas me conformei que eu estava perdida, quem sabe esperar um milagre?
É, e ele apareceu.

- Você veio atrás de mim? - Vejo JJ aparecer na estrada.

- Ah, não. - Ele disfarça. - Só queria conferir se você realmente tinha ido embora. - Sobe o monte.

- Senta aqui. - Bato levemente ao meu lado e dou um sorriso de canto.

- Beleza. - Ele senta olhando a vista a nossa frente, que era extremamente linda.

- Você desistiu, né? - Ele pega um cigarro, e acende. - Da gente.

- Da gente? - Questiono sem entender do que JJ estava falando.

- É, dos pogues. - Ele continua evitando o contato visual comigo.

- Desistir é uma palavra muito forte. Talvez um tempo... - Pego o cigarro da mão de JJ e levo até a boca.

Ele me encara e sem falar uma palavra me olha fumar seu cigarro, com os seus olhos vidrados no meu.

- O que foi? - Levanto minha sobrancelha e ele sorri.

- Você realmente não é quem aparenta ser, Maya. - Ele continua a me olhar.

- Ainda tem dúvidas? - Solto a fumaça e abaixo a cabeça, logo devolvo o cigarro a JJ.

- Você se perdeu? - Ele ri.

- Não, claro que não. Eu só parei pra descansar! - Tento disfarçar.

- Descansar? Estamos a 10 minutos da casa do Jonh B. - Ele fala e eu abaixo a cabeça tentando segurar a risada.

- Beleza JJ, eu me perdi. - Confesso.

- Desde quando fuma? - Ele pergunta.

- Desde hoje. - Falo e o silêncio se instala ali.

- Acho melhor eu ir, não quero ouvir sermão da Clara. - Levanto pegando minha mochila.

- Clara? - Ele me olha sem entender.

- Clara Clancy, minha mãe. - Falo.

- Eu tinha esquecido completamente da sua mãe. - Ele se levanta rapidamente.

- Tem medo da minha mãe? - Solto uma risada e JJ se envergonha.

- Sei lá, ela é uma mulher tão importante. Como não ter medo? - Ele fala. - Ela deve odiar que você ande com os pogues.

- É. - Gaguejo. - Ela não sabe. - Falo engolindo seco.

- Ah. - JJ fica sem graça após minha fala.

- Se fosse um dos kooks talvez ela saberia, né? - Ele fala sem pensar.

- O que? - Falo incrédula com o que ele acabou de dizer.

- Não, eu não quis dizer isso. - Ele tenta conserta o que acabou de fazer.

- Já entendi, JJ. - Saio dali imediatamente.

- Merda. - JJ resmunga atrás de mim.

Ele acha que eu não falo sobre os pogues por que sinto vergonha deles? Sério?
Sai dali mesmo sem saber onde estou, era melhor eu perdida do que ao lado do JJ escutando aquelas baboseiras.
Talvez eu tenha ficado 30 minutos tentando acertar o caminho, mas pelo menos consegui.

- Isso é hora, Maya? - Minha mãe desce as escadas após escutar que cheguei.

- Realmente estava na casa da Sarah? - Ela cruza os braços e desce lentamente os degraus da escada.

- Sim, mãe. Por que eu mentiria? - Falo torcendo para que ela acredite.

- Por nada, talvez por que eu liguei pra Rose e ela disse que você nem chegou lá. Engraçado não? - Ela fala esperando uma resposta, mas eu fico em silêncio.

- E eu ia quase esquecendo, a Sarah também não voltou pra casa hoje. Onde vocês estavam? - Ela se aproxima cada vez mais de mim.

- Chega mãe. - Me afasto dela, eu já não aguentava mais tanta pressão. - Eu tava no outro lado da ilha, satisfeita? - Falo e ela me encara confusa.

- Eu sabia. - Por que mentiria não é mesmo Maya? - Ela relembra minha fala.

- Você coloca uma pressão em cima de mim inexplicável mãe. - Falo.

- Eu só quero o seu bem, e pode ter certeza que esses pogues não são o melhor pra você. - Ela coloca a mão no meu rosto.

- Para de ser assim. - Falo com meus olhos lagrimejando, mas segurando as lágrimas.

- Isso é apenas para te proteger, meu amor. - Ela continua alisando meu rosto.

- Isso não é querer o meu bem. - Tiro a sua mão do meu rosto e subo as escadas.

Entro no meu quarto e sento na cama, com uma almofada em meu colo eu caio no choro.

Comfort Zone. - Outer BanksOnde histórias criam vida. Descubra agora