CARTEL - Jogo de poder

Capítulo V parte 2: Aproveito enquanto posso.

CAPÍTULO SEM REVISÃO

− Não!

Sinto meu corpo ser puxado pra cima com violência.

− O que?! – Melissa levanta afobada logo em seguida.

Não consigo responder na hora, meu peito sobe e desce de forma pesada. Minha respiração está muito ofegante, eu sinto como se meus pulmões fossem minúsculos.

Aquele pesadelo foi terrível. Nunca havia sonhado com algo assim.

− Júlia, o que aconteceu? – Mel se vira de frente pra mim e segura meus ombros.

− Eu... – engulo a saliva espessa. – Eu tive um pesadelo.

− O que era?

− Eu não sei bem... tinha sangue... – levanto a cabeça e olho para minha amiga. – Foi horrível.

Me levanto e vou para o banheiro. Pego um elástico de cabelo, prendo o cabelo de qualquer jeito e começo a lavar o rosto, o choque da água gelada na minha pele quente sacode meus pensamentos e acalma minha visão embaçada pelo sono.

Com o rosto ainda molhado, encaro meu reflexo no espelho.

"Que raio de sonho foi esse?! Eu nunca sonhei com algo assim a vida inteira!".

" Quem era aquele homem tatuado?!"

Sou tirada das minhas paranoias pelo som da mão de Melissa batendo na porta.

− Ju, a Maria quer saber se a gente vai tomar café no quarto ou lá embaixo.

− Diz pra ela que a gente vai descer. – puxo a toalha e seco o rosto rapidamente. – Saio em 5 minutos.

Depois de nos arrumarmos, Melissa e eu descemos para a sala de jantar, Maria preparou uma mesa linda e farta como ela sempre faz para eu e meus irmãos. Ela cuida de todos nós como se fosse nossa mãe, e na verdade, ela é.

Meu pai é um ótimo comandante, começou os negócios da família do zero e os lidera com mãos de ferro desde então. Mas quando o assunto é relacionamentos e fidelidade, a coisa complica.

Nenhum de seus casamentos durou muito. Alessa, a primeira esposa o deixou depois de uma traição, Selena a segunda esposa e minha mãe, se divorciou pelo mesmo motivo que Alessa, e a terceira esposa, Cristina se separou e vive viajando ao redor do mundo. A última, acho que meu pai não liga. Ele deve agradecer por ela ter tomado essa decisão, assim ele pode ser infiel sem que ela fique no pé dele.

Como todo homem antiquado, papai acredita que o homem tem mais direitos sobre os filhos do que a mulher, então, quando a união acaba, querendo ou não, os filhos ficam com ele.

Amo muito meu pai. Mas acho que eu aproveitaria bem mais a minha vida se tivesse ido viver com minha mãe na Califórnia. Eu não teria todo o luxo e ostentação que tenho aqui, nem a companhia da minha melhor amiga, mas pelo menos teria liberdade de ser eu mesma.

− Bom dia, minhas flores! – Maria nos recebe com um largo sorriso no rosto. – Dormiram bem?

Melissa me olha de canto. Ela sabe que eu não quero que Maria fique sabendo do pesadelo, ela cuida de todos os filhos de Dom Ramón muito bem, mas tem uma atenção especial comigo e não quero perturbar ela com uma besteira.

− Sim, muito bem. – Melissa responde e eu aceno com a cabeça.

− O que estão esperando? Comecem a comer, estão parecendo duas minhocas de tão finas!

Maria e seu bom humor.

Melissa e eu nos sentamos e começamos a nos servir.

− Essa casa fica quieta quando o tio Ramón não tá né?