Capítulo II: De Volta Pra Casa

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Aviso: ESTE CAPÍTULO CONTÉM VIOLÊNCIA E CONSUMO DE DROGAS.

Cullíacan, Sinaloa – México – 11 da manhã.

Um homem passa apressado pelos portões da mansão Calastana. Ele sobe a escadaria principal e vai direto à uma grande porta de madeira antiga.
Ele bate na porta e aguarda impaciente, a permissão para entrar.
− Está abierto. – uma voz firme do outro lado, autoriza.
E assim o homem entra.
− O que quer Pablo?
Diz o homem sentado atrás de uma grande mesa de mogno. Ele está lendo algo em seu laptop. Ele não levanta o olhar quando o homem passa pela porta, apenas o indaga com um tom autoritário.
− Boa noite, patrão. – o homem está ofegante. – É sobre aquele chico colombiano que o senhor chamou para resolver aquele problema.
O homem para, e finalmente olha para o rapaz.
− O que tem ele?
− Ele ligou. – o rapaz se aproxima da mesa e estende o celular ao seu patrão.
O homem olha para o aparelho, antes de pegá−lo.
− Sebastian? – ele questiona.
− Dom Rodrigo. – uma voz grave e sombria responde do outro lado da linha.
− Como vão as coisas? – Dom Rodrigo se recosta na cadeira.
− Vão muito bem, senhor. – a voz é respeitosa. – Estou ligando para avisar que já cuidei do seu problema com ratos, como combinado.
No outro lado, Dom Rodrigo ergue as sobrancelhas surpreso, e sorri.
− Muito bem, meu rapaz! – ele ri. – Estou impressionado. Você faz jus às recomendações que tem, Sr. Ortega.
− A qualidade do meu serviço é o meu diferencial.
− Estou vendo. – ele ri novamente. – Me encontre no Matadouro da Colina às 20:00 com o meu rato, eu levarei seu pagamento.
− Como quiser senhor, hasta luego. – a voz se despede.
Dom Calastana finaliza a ligação, e entrega o celular de volta para Pablo.
− Prepare tudo para hoje à noite. – ele ordena. – Eu não vou tolerar falhas novamente.
− Sim, patrão. – Pablo acena com a cabeça, em positivo.
− E mande o López preparar o Chrysler, não quero saber de atrasos.
− Sim, senhor.
− E avise os garotos.
− Pode deixar patrão.
− É só isso. − Dom Rodrigo sinaliza com a mão, e o rapaz se retira.
Sozinho na sala novamente, Dom Rodrigo suspira. Um suspiro de alívio, a ligação e a resposta do homem lhe tirou um peso dos ombros, uma preocupação a menos para o chefe do cartel Calastana.
Ele corre o olhar por toda a mesa, até chegar em um conjunto de porta−retratos. Em cada um, há uma fotografia diferente: Há a foto de uma senhora idosa de cabelos vermelhos, uma foto de dois meninos em uma piscina de bolinhas, e por último, a foto de um belo rapaz sorridente. Dom Rodrigo pega o retrato e o analisa.
Um leve sorriso se forma em seu rosto.
Mi pequeño. – ele sussurra com ternura.
Dom Rodrigo, pega seu celular, abre o WhatsApp e procura um contato específico. Ele então, começa a digitar:

“Preciso de você aqui. Volte pra casa.”

...

Dallas, Texas – EUA

Enquanto isso, em algum bar de Dallas, o celular de um rapaz vibra sobre o balcão, sinalizando a chegada de uma mensagem.

“Preciso de você aqui. Volte pra casa.”

O rapaz suspira. Um misto de saudade e ansiedade, talvez um pouco de decepção. Seu retorno ao México estava planejado apenas para daqui há dois dias.
Mas como sempre fora um filho obediente, se seu pai queria que ele voltasse, assim ele o faria.
O rapaz se vira para a porta do bar, e faz sinal para que um careca grande e alto se aproxime.

− Sim, senhor Fernando? – ele pergunta.
− Peça ao Dimas que prepare o jato. Retornarei à Sinaloa hoje.
− Sim, senhor.

Assim que o homem se afasta, Fernando responde à mensagem do pai:

“Tudo bem. Voltarei hoje mesmo, pai.”

A resposta de Dom Rodrigo é quase imediata.

“Quando chegar, vá direto para o matadouro da colina. Nos encontremos lá.”

CARTEL - Jogo de poderOnde histórias criam vida. Descubra agora