O que se faz em Vegas, fica em Vegas.

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POV: Billie Jean Richter

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POV: Billie Jean Richter

"O que acontece em Vegas, fica em Vegas".

Sempre ouvi a frase proferida por terceiros e por muito tempo revirei meus olhos, por achar a expressão cafona e beirando ao ridículo, até ser vitimada pelos acontecimentos de Las Vegas. Clichê, eu sei, e me sinto uma tremenda idiota por, no fim das contas, ser uma mulher comum dos livros e filmes de comédia romântica. Ou seja, tudo aconteceu como o famoso ditado "dessa água não bebereis", mas acontece que me afoguei, e a cereja do bolo? Eu ainda sofro de talassofobia.

Ironia à parte, é com muito pesar que, logo eu, Billie Jean Richter, estou admitindo que fui enganada por um cafajeste com "C" maiúsculo estampado na testa. Mas eu, com alma de Hera Venenosa e por ser conhecida por "colocar o sarrafo lá em cima", me recusei a sair como a pobre coitada abandonada, e foi dessa forma que tudo piorou ainda mais para o meu lado.

Fiquem calmos, vocês vão saber os detalhes sórdidos dessa divertidamente diabólica história de "não-amor" em que me envolvi. Ou melhor, me amarrei, como se tivessem rogado uma praga, ou sei lá, talvez, eu fui vítima de macumba, também conhecida como amarração amorosa.

Toda vez que minha mente retorna ao ocorrido daquela noite, eu choro de raiva por ser tão ingênua a ponto de me deixar domar por um conquistador barato.

UNIVERSIDADE DE HARVARD, 15 DE MARÇO DE 2029.

A Universidade de Harvard é conhecida por prezar pelo bem-estar, saúde física e mental de seus alunos, elaborando festas, palestras, jogos universitários, excursões e viagens a determinados destinos a fim de proporcionar experiências e conhecimento para os estudantes de todas as áreas. Dito isto, para o curso de "Arquitetura e Urbanismo" não foi diferente. Com o intuito de celebrar uma das datas mais importantes nos Estados Unidos, Harvard patrocinou uma viagem a Las Vegas, isso mesmo, uma semana em Vegas em comemoração às férias de primavera.

O reitor da faculdade deu a notícia de que vamos comemorar a spring break em grande estilo. Confesso que, de início, não entendi muito bem a escolha de visitar a cidade da diversão, mas após uma conversa com Mandy e Adam, além de uma breve pesquisa relacionada à arquitetura do local, me toquei de que a viagem à cidade dos cassinos e da perdição faz totalmente sentido e coerência com a proposta do nosso curso. Mas é muita inocência dos chefões da instituição acreditar que vamos estudar em pleno feriado de St. Patrick's Day, porque eu não sei vocês, mas eu, nas férias, só desejo relaxar.

UNIVERSIDADE DE HARVARD, 15 DE MARÇO DE 2029.

Depois da eufórica notícia das férias de primavera em Las Vegas, infelizmente vou para a sala a caminho da aula mais insuportável da grade curricular: "Ética, Política e Sociedade".

Definitivamente não sei o que diabos uma cadeira nomeada como Ética, Política e Sociedade pode ter a ver com o curso de arquitetura, mas fazer o quê? Temos de estudar. Apesar disso, a professora é uma senhora gordinha muito amorosa que, mesmo eu detestando sua disciplina, sempre me trata de modo cortês, o que me faz ter consideração para prestar atenção e fazer os trabalhos com carinho e dedicação.

Me sento no assento costumeiro e, sabe-se lá o motivo, sinto em minhas narinas um perfume masculino preencher o ambiente ao meu redor a ponto de me sufocar. Olho para o lado, onde sinto a fragrância perfumando o ar, e encontro o dono desse atentado ao meu olfato.

E é claro que tinha que ser desse louro atrevido. Só podia ser ele, o dono desse aroma dos infernos com pitadas de tragédia e um toque de mau gosto. Talvez eu pareça exageradamente chata, mas, de fato, o perfume me causa sensações ruins e mal-estar. É uma essência forte que me dá vontade de vomitar, causando tonturas e dores de cabeça. Contudo, também tem uma colherada de implicância minha, só por se tratar dele.

Acredito que estão se perguntando: "Mas, Billie, de quem você está falando?" Bem, estou falando do rapaz petulante da festa de boas-vindas aos calouros da Spring Intake em Harvard. Quero dizer, ele não é um qualquer, passa muito longe disso. Seus olhos azuis são como o mar, belo e convidativo. Entretanto, como todo oceano, eu logo captei que naquela noite estava de ressaca. Seus lábios são de um desenho perfeito, quase como se fossem esculpidos. Os cabelos são louros e sedosos, e ele em si é o mais bonito da turma.

Logo presumo que uma nova onda de questionamentos deve estar lhes perturbando, e é completamente entendível. Por que, se ele é tudo isso, por qual razão eu continuo xingando em meio a tantas qualidades? Ele é um Deus grego, fato, mas um Deus grego insolente. E lhes direi agora: o meu grande problema com esse estúpido se dá pelo constrangimento que me fez passar na maldita festa de calouros, onde, diante de um monte de jovens bêbados, outros drogados e algumas garotas seminuas, o abusado praticamente faltou me arrastar para um quarto a fim de transar comigo.

Fiquem calmos: não houve agressividade, contudo, um belo constrangimento mútuo entre nós. Ele dizia obscenidades em meu ouvido, enquanto eu neguei, disse um não muito bem imposto e afinado, e rapidamente me afastei, sentando no sofá. Me sentia prestes a enlouquecer com a música alta que ecoava, doendo meus ouvidos, e como um belo toque especial da noite de horrores, o odor de êmese invadiu meu nariz, conjuntamente com o líquido nojento que saiu da boca de uma bêbada idiota, sujando totalmente meu par de scarpin da marca Christian Louboutin.

E para todos que estão curiosos para saber o nome do infeliz: o indivíduo sentado ao meu lado e causador de todo o transtorno chama-se Arthur Archibald.

LAS VEGAS, 18 DE MARÇO DE 2029.

O azulejo gelado do banheiro refresca minhas costas, enquanto a maldita língua invade minha intimidade de modo sadicamente gostoso. Eu sinto minhas pernas ficarem bambas, meu corpo todinho está entregue a esse prazer, e eu não posso negá-lo. Afinal, essa é a essência de Las Vegas, carregada por sexo e diversão.

O louro mantém sua língua elétrica e eficiente em minha vagina, e um belo gemido ecoa de minha garganta quando sinto o belo aperto de suas mãos em minha bunda. E há uma coisa que eu não posso negar: esse desgraçado sabe fazer amor com uma mulher como ninguém.

Ele me pega no colo e me leva para a cama. Vejo o seu membro ereto, e agora vou acabar com o surto dos viciados em pornografia, mas o pênis do louro é um instrumento normal, um tamanho confortável e possivelmente eficiente.

Apoio minha cabeça em seu peito e sinto Arthur se ajeitando na cama. Em seguida, seus olhos encontram com os meus. Há uma tensão entre nós, algo que definitivamente não está no script. Engulo seco, por nem saber o que dizer, e para minha surpresa, o louro decide quebrar o gelo.

— Sabe, Jean, essa é a cidade das apostas — Arthur umedece os lábios. — É por isso que transei contigo justamente num quarto de hotel em Las Vegas, porque tudo isso não passou de uma aposta entre Mia e eu.

Eu sequer tive tempo de formular algo. Eu só vi de relance que ele estava na porta, totalmente trocado, enquanto eu permanecia nua no quarto de hotel, sendo descartada como um absorvente usado ou um bombril.

Foi nesse momento de total humilhação que eu compreendi que "O que se faz em Vegas, fica em Vegas".













E aí, o que acharam desse "breve" resumo antecedendo essa rom-com de amor e ódio reprimido? O final foi meio dramático, eu sei, mas não se enganem, Jean passa muito longe de uma mulher indefesa, MUITO LONGE MESMO.

OBS: Capitulo revisado.

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