POV: Billie Jean Richter
HARVARD, 27 DE MARÇO DE 2029.
Meu corpo ainda tremia devido ao susto de ser tocada no escuro enquanto caminhava rumo à copa para beber água, enquanto a frase "Quero conversar" me atingira profundamente, afinal, não é sempre que um vocal grave e aveludado, no escuro, diz isso ao pé de seu ouvido.
Suspiro tentando digerir toda a carga de tensão, porque, bem, já tínhamos conversado, mas uma conversa torta onde eu não estive disposta a ouvi-lo e menos ainda a ceder alguma coisa. Agora, contrariando seus próprios instintos e atitude, Arthur decidiu conversar verdadeiramente comigo a respeito do ocorrido em Las Vegas.
Não sei se minhas palavras rancorosas e carregadas de mágoa surtiram efeito ou se foi o fichamento na delegacia por algumas horas ou, na pior das hipóteses, a consciência pesou por agir como um idiota comigo.
Longe de mim fingir que sou uma Lady que age com classe, uma donzela em perigo ou sei lá, a boa samaritana ou coisa parecida, mas a verdade é que a atitude de Arthur em insistir em termos uma conversa seria me pegou de surpresa. Na verdade, a postura dele desde o princípio me golpeou, principalmente porque sua postura flutua entre ser um cafajeste e outrora demonstrar nutrir sentimentos por mim, ou seja, tudo muito confuso.
— Pelo visto, gostou de sentir minhas mãos segurando sua cintura nesse corredor escuro. — Arthur sussurra em meu ouvido. — Então, vamos para fora, quero conversar contigo.
Contrariando a sanidade de uma garota enganada, me dou por vencida e aceito o pedido do cafajeste de olhos azuis e cabelos louros e juntos vamos para fora.
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— Bem eu não vou iniciar esse monólogo pedindo desculpas porque sei que não é isso que quer ouvir e nem o que de fato merece ouvir. — Arthur abriu um sorriso galante o bastante para me fazer queimar por dentro e sentir minhas pernas ficando moles como se fosse gelatina. — A verdade é que eu te acho linda desde o primeiro dia em que te vi e sim uni o sujo com o mal lavado e o inútil com o desagradável ao aceitar a aposta e o que vou dizer é subterrâneo mas sabe eu nunca fui rejeitado antes por nenhuma mulher e também não sou de assumir um relacionamento sério e bem você parece tão confiante que eu acreditei que de fato não terminaríamos na cama. — Arthur ponderou a fala. — A Mia veio com essa história de aposta, porque todo mundo fala que você é difícil, não dá bola para ninguém e nem o Fillipo conseguiu sair contigo.
— Mia é uma idiota. — Reviro os olhos. — E para começo de conversa, eu não tenho culpa se o ex-namorado dela, estudante do curso de Direito, me achou bonita e interessante o bastante para me convidar para sair. — Reviro os olhos. — E meu Deus, Filipo e eu nunca sequer flertamos, talvez seja por isso que não saímos.
— Como assim? — Arthur arregala os olhos surpresos pela primeira vez. — O Fillipo chegou a dizer que te convidou para jantar e recebeu um "NÃO" em letras garrafais.
— Como é? — Meu tom de voz aumenta rapidamente devido à tamanha mentira que acabara de ouvir. — Ah, mais essa dupla sertaneja falida me paga. — Berro raivosa. — Nunca fui convidada por aquela lombriga tatuada para sair e mesmo se isso fosse real, só por ele ser um capacho da irmã, eu daria não. Na verdade, Art a Mia te usou para me atingir e eu imagino que seja por conta de que eu saio com o Cauã. A amadinha tem despeito pelo meu ruivo natural e toda a classe e beleza que exalo.
— Claro... Bem que eu desconfiei. — Arthur me rebate. — Essa menina te odeia, mas aí, o que tu fez com o ex dela? Deu um chá?
— Dei... um chá de assuntos variados, conhecimentos e conteúdos jurídicos, filosóficos e políticos. — Abro um sorriso convencido. — O ex-namorado dela associou o meu sobrenome ao do meu pai e veio conversar sobre esses temas, o que me fez acreditar que foi por querer uma chance de indicação no ministério publico, uma vez que meu pai é promotor, mas eu sou irresistível, logo, nós saímos.
— Está falando que seu pai é promotor como forma de intimidação? Pois fique sabendo que minha mãe é advogada, o que eu acredito que seja muito melhor, afinal autonomia é tudo, imagina se prender a um cargo para intimidar o outro. — Arthur novamente me rebate, fingindo deboche. — Mas voltando ao assunto principal, então você transou com o ex-namorado dela, o moleque ficou encantando e a Mia virou figurinha de saudade, é acho que te subestimei.
— Eu não diria que o Cauã é moleque. — O encaro profundamente. — É o melhor homem que tive até o momento. — Abro um sorriso zombeteiro. — Os outros que lutem.
— Isso é uma provocação. — Arthur revira os olhos. — E péssima, diga-se de passagem, porque tenho certeza de que esse tal de Cauã não é nem top dez de suas melhores noites de sexo, porque nós tivemos cinco e seis que são as cinco primeiras desse top dez e aquela que a gente ficou em cima da mesa, que teve chocolate e mel envolvido, foi a número um.
— Você é realmente patético. — Digo rindo. — Primeiro ficou na ilusão de que eu perdi a virgindade contigo e agora inventou esse top 10 de transas e se colocou no top cinco. — Continuo rindo ao perceber um fiapo de ansiedade em seus olhos. — Minha melhor transa foi com jogador de lacrosse no ensino médio, eu tinha dezesseis anos e experiência no assunto, mas fui surpreendida porque ele não foi um brutamontes que pensava unicamente no prazer dele, ele pensou no meu, foi minha melhor noite de sexo e o meu primeiro orgasmo, agora sobre você, nem isso, mulher sabe fingir, eu sei fingir.
— Então, Jean, me dê a oportunidade de me redimir contigo e eu prometo que esse jogadorzinho de lacrosse será esquecido depois de uma boa noite de sexo entre nós dois. Eu, você, um vinho, Led Zeppelin no rádio, um incenso com essência de morango e claro muitas camisinhas, que tal?
— Eu nunca fujo dos desafios porque meu pai diz que minha falecida mãe era muito corajosa e não fugia de nada que era disposto a ela, então, como filha de Barbara Lewis, eu nunca diria que não sobre isso, mas fique sabendo, eu gosto de ser muito bem servida. — Dou risada. — E para não dizer que sou uma menina má, me diga qual é a sua cor de lingerie favorita?
— Preta, de renda, com cinta liga e aquele perfume La Petite Robe Noire de que eu tanto gosto.
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Condenados Por Uma Noite.
RomanceBillie Jean Richter e Arthur Archibald tinham muito em comum: eram estudantes de arquitetura na faculdade de Harvard, rivais universitários, afortunados, tinham o mundo aos seus pés, eram ardentes como o fogo, feras indomáveis e tinham uma dose de a...