Biscoitos de Natal

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Na delegacia, as duas crianças foram colocadas numa sala com um sofá grande e duas poltronas e alguns jogos e revistas, uma janela grande de vidro fume, onde eles não viam nada do que se passava lá fora, já lá fora era possível  ver e ouvir o que eles  faziam. Sakura olhava emocionada a menina assustada, sentada no sofá grande,  enquanto o garoto sentado ao seu lado parecia irritado. Nesse momento kakashi, o delegado entrou no recinto tirando a atenção dela para a criança, Sasuke e Naruto estavam sentados nas cadeiras da sala de espera, despertaram do transe que  se encontraram quando o homem grisalho  entrou.
- E então? - ele perguntou querendo saber a opinião  dos três ali. - o que vocês acham ?
- Ela é minha filha - Sakura  respondeu prontamente.
- Sakura não se deixa levar pelas suas emoções- naruto respondeu. Realmente a garota lembrava muito Sasuke, consequentemente a menina que fugiu a anos atrás, mas ele não queria criar expectativa e nem queria  que os amigos se decepcionassem. Logo o exame de DNA deveria ser feito, para comprovar e aí sim eles estariam seguros de que aquela era Sarada. 
- Não consigo ter duvidas Naruto - ela respondeu - tenho certeza de que ela é a  Sarada, minha Sarada. - o amigo deu de ombro e fixou o olhar nos dois sentados na sala, a garota com a cabeça encostada no ombro  dele, como se procurasse conforto para uma situação caótica. Não bastasse a situação que viviam.
Lá dentro Sarada sentia o coração bater forte no peito. " o que aqueles três queriam? " ela sentia que estavam enrascadas e que dessa vez não teria como fugir, iriam para um abrigo ou pior, para um reformatório. Seriam separados, e só Deus sabia o que seria deles e quando se veriam de novo.
Ela encostou em kawaki como se procurasse  conforto e proteção.  Não queria se despedir dele.
- O que acha que vai acontecer? - depois de quase uma hora em silêncio ela teve coragem de perguntar. Não conseguiu olhar para ele,  as mãos suavam frio e parecia que havia engolido uma pedra de gelo. Ele respirou fundo antes de começar. Nunca mentia para ela, as vezes escondia seu jeito mais agressivo, mas nunca mentiu. Ela sabia que existia. E não seria agora que mentiria para ela.
- Acho que aqueles dois vão levar você embora. - ele respondeu com sinceridade, tentando evitar falar o que aconteceria com ele. - pelo jeito eles são seus pais biológicos e estam te procurando a muito tempo. Kakashi vai liberar você.
- Eu não quero ir! - disse irritada, preferia mil vezes a companhia do amigo e as desventuras que eles viviam juntos .
- Não é  uma questão de querer, você vai ter uma vida melhor, pelo jeito eles tem grana e você vai poder tem uma vida decente. Então  você vai sim. 
- E você!? - ela quis saber, já beirando o desespero. Seu amigo não podia ficar para trás, de jeito nenhum. - só vou se você for - os olhos já marejados, a voz apenas um sussurro embargado.
- Eu me viro - tentou pasaar confiança para ela  - sempre me virei. Dou um jeito. Não se  preocupa comigo. - ela começou a chorar baixinho encostada no ombro dele e no ímpeto  de mantê-lo o mais perto possível segurou a sua mão, a hora de se  separar deveria estar próxima.
Horas depois, o delegado foi até a sala onde Sarada e kawaki estavam,  já ia escurecendo e as luzes de Natal começava  a se acender na delegacia e fora dela. Logo pode ser visto um brilho colorido nas vidraças da delegacia.
Apesar do frio Sarada  se encantava com as luzes de Natal,  perdia tempo vendo os enfeites pela cidade e nas casas, mas hoje nem mesmo essas luzes a fariam sorrir, afinal ela e kawaki se separariam, ela iria para um lugar desconhecido e ele para o lugar do qual  os dois fugiram a maior parte do tempo. Seu coração estava pequeno de tanta tristeza e quando um dos policiais a chamou, ela se levantou sem entusiasmo nenhum.  Entrou numa sala escura e cinza, com um vidro enorme como na outra. Uma mesa ao centro e duas cadeiras 
- Sente-se  menina. - o delegado pediu vendo a pequena se encolher, era a primeira vez que se afastava de kawaki  após serem capturados. - esta tudo bem, ok ? Ninguém vai te fazer mal - ele disse com a voz terna, Sarada  começou a se irritar, estava sendo bem tratada assim porque descobriram que ela era filha daqueles almofadinhas, não fosse por isso já estaria no reformatório.- vou fazer algumas perguntas e gostaria que você respondesse. - do outro lado do vidro Sakura, Sasuke e Naruto assistiam o depoimento com atenção,  cada informação era preciosa para ter certeza de que ela era a garota que o casal Uchiha procurava e também para descobrir quem fora o responsável pelo sequestro, além da velha.
- O que você quer saber ? - a menina perguntou ríspida - duvido muito que se nao fosse aqueles três lá fora você ia tá falando assim comigo. - kakashi suspirou, afinal não era mentira. Ele não costumava tratar as crianças mal, mas seus colegas com certeza não estariam tratando os dois assim não fosse pelos adultos atrás do vidro. Isso o constrangeu um pouco mas não se deixou intimidar, afinal a menina só tinha nove anos.
- Vamos direto ao ponto então, ok ? Me fala do lugar que você vivia  antes de ir pra rua, a mulher que cuidava de você e quem mais convivia com vocês. 
- Só morava eu e a velha dos gatos. E ela não cuidava de mim, não me dava comida - a língua afiada e os maus modos mostravam o quanto a vida havia judiado da garota. - eu tinha que limpar a sujeira dos gatos e a casa e se não ficasse  como ela queria eu apanhava.
- Qual erano nome dela? - ele queria checar se era a mesma que morreu a um mês atrás. Na casa  onde ela morava fora encontrados documentos com o nome dela e uma única foto da menina, tirada quando ela ainda  morava com os pais, ela e Sakura brincando no porquinho próximo a casa  delas.
- Vovó Nekoba... por que ? Vão me devolver pra ela?
- Não,  ela morreu a um mês atrás e achamos uma foto sua no meio das coisas dela. Sua e da sua mãe biológica. - ele colocou a foto na mesa para que a menina olhasse, se lembrou dos sonhos que tinha com essa mulher. Ela sempre era gentil com ela, o que no futuro ela pensou ser apenas uma ilusão, produto de sua mente, que ansiava por carinho. Carinho esse que via as mães e as crianças na rua terem e que ela com certeza  não teria nunca.
- Essa mulher me deu pra velha dos gatos.  - afirmou com desgosto na voz, o que fez sakura chorar no ombro de Sasuke do lado de fora. 
- Não, Sarada. - kakashi foi incisivo - você foi sequestrada, sete anos atrás, num dia como hoje, frio e cheio de luzes de Natal. Nekoba se aproveitou de sua mãe,  fingiu passar mal e sua mãe se distraiu e alguém a levou, logo ela sumiu também.  Achamos que os dois tinham a intenção de vender você para alguém de fora do país - Sarada se calou diante da verdade, tentando vasculhar se havia mais alguém, aproveitando o silêncio da menina ele continuou - faremos um exame de DNA para ter certeza de que você é  filha deles, mas tudo indica que sim. Se você quiser pode passar o Natal com eles...
- Kawaki vai também? Eu só vou se ele for. - disse rápido,  se havia uma chance de terem um Natal decente que fosse para os dois.
- Se ele quiser sim - num impulso sakura pegou o interfone para responder, queria a filha em casa o quanto antes, e não importava exame de DNA nenhum, ela tinha certeza de que ela era sua filha.
- Claro que ele quer,  só pensa em comer - murmurou para si.
- Sarada tente se lembrar. Havia mais alguém que visitava vocês? - ela fez um esforço imenso para tentar se lembrar. Isso havia sido a muito tempo e ela preferia esquecer tudo que viveu naquela casa. Mas algo veio a sua mente, o pior dia, e o que fez ela fugir. Doia lembrar daquilo mas ela faria um esforço,  não sabia por que mas queria ajudar.
- Teve um dia - ela disse olhando para baixo, não conseguia olhar para o delegado e nem mesmo falar alto, kakashi teve que virar levemente o rosto para conseguir ouvir as palavras que saiam de sua boca. Sasuke e Sakura fizeram o máximo de silêncio para ouvir, até a respiração deles parecia atrapalhar - um homem, levou comida para mim, eu estava a uns dias sem comer, só tomando água e comendo ração de gato, quando ele veio com comida de verdade,  um sanduíche, milk-shake, batatinhas, refrigerante  e uma barra de chocolate. Eu devorei, estava com muita fome. Comi tudo tão rápido que o homem sorriu para mim. Me disse que eu era uma boa garota, e que naquele momento eu ia conhecer duas pessoas. Me deu roupas novas e me mandou tomar um banho, eu fiz o que ele mandou, mas comecei a me sentir mal, sentia vontade  de vomitar,  mas não diria isso, se não eles não me dariam mais comida. Segurei a vontade de vomitar, me vesti e voltei para a sala onde um casal me esperava. Eles nao eram daqui, o homem falava a língua deles, eu só entendi alguma coisa da adoção,  mas quando eles chegaram perto de mim, eu me senti muito mal e não consegui segurar  ... acabei vomitando nos pés da mulher que ficou muito ofendida e foi embora  xingando na língua deles. - a menina abaixou a cabeça em vergonha. Não precisou dizer mais nada, pelo jeito ela havia sido punida com rigor.
- Sabe o nome dele? - essa era a chave da qual ele precisava - ou apelido, qualquer coisa que possa ajudar a prender esse homem.
- A velha chamava ele de Yahiko - ela respondeu em um sussurro.
Ele sabia quem era e para seu espanto  ele era irmão de Nagato, um dos responsáveis do abrigo municipal, imaginou quantas crianças podem ter sido vítimas dos dois.
- Consegue descrevê-lo? - ele perguntou mansamente, vendo a fragilidade da lembrança.
- Mais ou menos, ele tinha cabelo laranja e uns piercings na cara. - ela respondeu genericamente, mas kakashi teve certeza  de que era ele.
- Tudo bem, agora uma médica vai vir aqui colher amostras para seu exame de DNA e tem duas pessoas que querem muito falar com você.  Posso pedir para eles entrarem ? - os olhos negros da menina olharam fixamente para kakashi, e ele quase  podia ouvir as engrenagens trabalhando dentro da cabecinha infantil. Com certeza ela queria conhecer os pais mas algo a deixava nervosa talvez o fato de não ter boas experiências com adultos. - eles vão entender se você não quiser ....
- Eu quero que eles entrem... - ela respondeu com uma certa dúvida. Com certeza ela tinha conflitos em sua cabeça. Ele assentiu e se levantou abrindo a porta da sala. Ela continuou sentada a mesa, sem olhar para a entrada, seu coração batia muito forte no peito e ela não sabia explicar por que. Kaksahi saiu e apontou a entrada para os dois que seguiram com cautela para dentro, Sakura ia a frente e sasuke atrás segurando a mãos dele com firmeza.  Ele sentia que está estava com as mãos frias e molhadas, ele se sentia eufórico,  queria entrar e abraçar a menina, beijá-la, sentir o cheiro dela, proteger como se fosse uma peça de cristal.
- Oi - Sakura tomou coragem para tirar a menina do transe. Sarada a olhou sem muita emoção ou pelo menos nao demonstrando - eu posso me sentar ? - indicou a cadeira que kakashi sentou minutos antes, sasuke soltou a mão dela para deixar que Sakura se aproximasse. A menina afirmou com a cabeça e Sakura colocou a cadeira ao lado dela. - eu... sou sakura - ela disse devagar, como se pesasse as palavras para nao assustar a garota. - esse é  o Sasuke, meu marido. - achou que se apresentar seria melhor que só chegar e agarrar e chorar sobre a menina. Além de disso Sakura já tinha chorado tudo na sala ao lado enquanto ouvia o depoimento da garota, fora que achava uma vergonha chorar feito uma louca enquanto a garota a sua frente não derramou nenhuma lágrima enquanto contava por algumas coisas que passou quando era muito nova. - você ainda gosta de biscoitos de Natal? - perguntou e mais uma vez teve um gesto em resposta. - toma para você - Sakura entregou um saquinho com três biscoitinhos de Natal decorados, a menina olhou e sorriu,  ela adorava esses biscoitos, mas eram difíceis de encontrar, nos albergues pelo menos ela nunca ganhou. - Sarada  você gostaria de passar o Natal com a gente? Comigo e  com Sasuke? - ela perguntou mais uma vez enquanto  ela comia um biscoitos devagar, ponderando o convite e aproveitando o sabor.
- O kawaki pode ir também? - ela perguntou e sakura olhou para sasuke atrás de si que afirmou com a cabeça.
- Se ele quiser, sim querida. 
- Então eu quero. - Sasuke achou que o sorriso que Sakura deu, quando ouviu a resposta brilhou mais que todas as luzes de Natal do mundo.
- Então vamos fazer uma ceia bem caprichada, ok? - Sakura limpou uma lágrima fujona e se levantou. - posso te dar um abraço? - Sarada  deu de ombros, o que Sakura interpretou como sim, e sem mais delongas fez o que queria fazer desde quando ela sumiu.
A abraçou, matando toda a saudade dela, querendo que seus braços nunca esquecessem do calor que ela emitia, Sarada  retribuiu o abraço, não na mesma intensidade, claro. Sasuke queria abraçá-la também mas haviam sido orientados de que não se empolgassem de mais, pois a menina poderia se assustar, a psicóloga que cuidava de crianças sequestradas havia sido chamada para conversar com eles e explicou um pouco de como agir. Mas sinceramente, para Sasuke estava impossível não agarrar a menina, após ela soltar o abraço de sakura ele se aproximou dela, Sasuke não era tão bom com palavras quanto Sakura, porém Sarada convivia com Kawaki, que praticamente  não falava, mais resmungava que qualquer outra coisa, então entendeu que ele também queria um abraço. Se aproximou dele e abraçou a barriga dele, que a abraçou e diferente  de Sakura ele chorou como um bebê, o que fez Sakura sorrir de canto. Ele era todo durão, mas agora estava ali chorando feito um bezerro desmamado.
A sensação de tê-la  de volta era indescritível, mesmo que ela ficasse só para o Natal, sakura já se sentia a pessoa mais feliz do mundo. Após as festas ela iria para uma casa  de transição,  na verdade até sair o resultado do exame de DNA, que tinha um mês para sair, mas Sakura e Sasuke prometeram que iriam todos os dias vê-la e que assim que o exame saísse ela iria para casa definitivamente. 

O brilho da esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora