Enquanto eles se reencontravam, Naruto ficou na sala em que Sarada e Kawaki estavam, o garoto ficou lá, parecia triste e perdido, fora de seu lugar.
- Tudo bem garoto? - ele perguntou vendo a tristeza nos olhos dele. Ambos sabiam que eles iriam se separar e que esse era o motivo da tristeza no olhar do menino.
- Tá. - Kawaki não estava afim de conversar, nem de coisas melosas do tipo vai ficar tudo bem, por que ahh isso era uma puta hipocrisia. Ele sabia que nada ficaria bem, que pra ele a jornada estava apenas no começo, ele ainda iria apanhar muito da vida, e se esse cara começasse ele ia mandar mandar pastar
- Não vai ser fácil - diferente do que ele pensou, Naruto disse a verdade. A vida nas ruas seria uma droga. - tem dias que vai ser piores que os outros. E sozinho é ainda pior. Mas se você quiser pode passar o final do ano lá em casa. Tem comida, uma cama quente e duas crianças para brincar...
- Eu não brinco mais. Não sou mais criança. - Naruto riu, realmente era difícil ser criança na rua, quando você tem que procurar comida e abrigo, mas estando na casa dele isso era apenas um detalhe - e outra vou ser preso no reformatório, não vão me deixar ir com você.
- Talvez se eu conversar com eles eu consiga.
- Duvido. Aqueles dois lá fora - apontou com a cabeça as duas pessoas que capturaram Sarada e ele - não vão deixar. Então deixa seu sonho de família feliz pra outro Natal, com outra criança.
- Aposto com você que eu consigo. - Naruto aprendeu a nunca desistir, e isso o manteve vivo nas ruas de Konoha.
- Aposta o que ? - ele riu em escárnio.
- Aposto minha ceia de Natal inteira que eu consigo.
- Tá e se eu perder... O que eu vou ter que te dar?
- Vai ter que brincar com meus filhos no Natal. - Kawaki negou com a cabeça não acreditando naquela aposta sem sentido. Naruto cuspiu na mão e estendeu para o garoto - apostado ? - kawaki fez o mesmo. Afinal não tinha nada a perder. Em qualquer uma das hipóteses ele sairia com comida.
Naruto se levantou e rumou em direção a recepção onde um policial rechonchudo bebia café enquanto lia algo na tela do computador, imaginou se ele poderia ajudar.
- Oi tudo bem ? - Naruto e seu jeito falante sempre conseguia o que queria. - olha eu queria falar com o homem responsável pelas crianças pegas hoje. - o homem começou a pensar e se lembrou que o delegado fez questão de acompanhar o caso.
- o doutor Kakashi já deve estar descendo, ele tava interrogando a menina. Mas o que você quer com ele?
- Ah nada específico. - fingiu desinteresse, sendo que no fundo estava apreensivo para levar o garoto consigo, ficou com medo de uma negativa e também de decepcionar o menino, que dizia não ligar mas que ele sabia que ansiava por pelo menos uma ceia decente de Natal - sabe se ele vai demorar?
- Acho que não, ele ia interrogar a menina e já ia descer e ... olha ele aí - ele apontou o homem grisalho que descia as escadas e rumava para fora.
- Doutor quero falar com você. - Naruto correu visto que ele saia muito rápido para o lado de fora.
- Diga rápido estou trabalhando - ele respondeu ríspido, não queria ser atrapalhado na missão de prender os dois irmãos que pelo jeito estavam fazendo tráfico de crianças.
- Eu quero levar o garoto para passar o Natal comigo. - foi como tirar um curativo, quanto mais rápido mais coragem.
- Se os Uchihas concordarem sim - ele disse sem pensar muito, sem ter tempo de explicar a ele que uma das condições da menina em passar o natal com os pais era que ele fosse passar o Natal consigo. - agora eu preciso ir. Eles estão lá em cima, conversa com eles. - Naruto sorriu vendo o delegado sair e falar com os agentes.
Se virou para o garoto afim de caçoar dele, mas antes disso achou melhor ter certeza de que Sasuke e Sakura não iriam levar o menino, subiu as escadas rápido pulando degraus e chegando na sala de interrogatório. Vendo os três juntos, conversando, para ele além de gratificante era estranho, imaginou os dois agarrando a menina e chorando, mas se lembrou do que a psicóloga havia dito sobre assustar a menina.
Bateu na porta de leve para chamar atenção, e os três o olharam, sakura tinha a maquiagem borrada e sasuke parecia ter chorado também, já a menina estava bem tranquila, e a olhando de perto e com calma viu o quanto ela se parecia com Sasuke, a pele clara, os olhos e cabelos pretos e o jeito meio marrento.
- Oi pessoal - ele disse sem graça, por estragar o momento deles - oi Sarada ...
- Oi - ela disse tímida.
- Sarada esse é o Naruto. Ele é nosso melhor amigo e nos ajudou nesses anos todos - Sakura apresentou e ele deu um tchauzinho tímido a ela.
- Oi - ela respondeu sorrindo tão de leve que ele descartaria o DNA nesse momento, pois a menina respondeu igual a Sasuke, seria possível até mesmo confundir os dois se tivessem a mesma idade.
- Posso falar com você? - disse se virando para Sasuke que afirmou com a cabeça. Os dois amigos saíram da sala e deixaram as duas juntas.
- O que aconteceu? - Sasuke ficou apreensivo, achou que algo podia ter acontecido enquanto estavam ali.
- Nada de grave. Só quero saber se vocês vão levar o garoto para casa também.
- Vamos sim, ou melhor Sarada só irá se o garoto for.
- Eu queria levar ele pra minha casa... - Naruto disse como se tivesse medo da resposta, mas Sasuke já tinha entendido que ele tinha se apegado ao garoto, desde o momento em que ele o protegeu do funcionário do restaurante. Ele deduziu que Sarada não iria se opor ao amigo ser adotado, ter uma vida digna e, claro ficar por perto, mesmo que seu coração de pai ficasse com um pouquinho de ciúmes.
- Acho que não vai ter problema, eu converso com ela. - Sasuke viu os olhos do amigo brilharem num azul intenso, confirmando a hipótese de Naruto adotar o menino.
Com toda sua energia Naruto desceu as escadas, encontrando kawaki sentado de modo entediado no mesmo lugar. Ele sorriu para o menino, e Naruto seria capaz de dizer que viu um pequeno e involuntário sorriso sair dos lábios dele.
- Parabéns garoto, vai brincar com meu filhos no Natal. - kawaki fingiu ser uma coisa banal, mas por dentro se sentia feliz. Afinal ele nunca teve uma noite de Natal na vida. Não uma decente, como a gente vê nos comerciais de TV.
- Hum - ele respondeu fingindo não se importar.
🌸
Após um dia inteiro de assinatura de termos, depoimentos, a prisão de Nagato e a busca por Yahiko, Sakura e Sasuke puderam levar a menina para casa, para quem esperou por sete anos, algumas horas não seriam problema, mas para Sarada que iria conhecer um lugar novo, estava sendo torturante.
Torturante pois era um misto de sentimentos que ela nunca tinha sentido, sua mão suava e seu coração palpitava tão forte que ela achou que ele sairia de seu peito. Ela sentia medo de não gostarem dela, de rejeitarem-na, medo do lugar, medo de não se adaptar, medo até mesmo de conhecer a casa, fazer algo de errado e apanhar por isso, porque no último lugar que ela chamou de casa essa era a única lembrança que tinha. Mas além do medo ela também estava ansiosa, queria conhecer o lugar do qual Sakura tanto falará, queria saber se eles tinham uma árvore de Natal mesmo, se tinham tv e um computador, como eles diziam, o cachorro que Sakura disse que ela ia amar, Aoda. Agradeceu mentalmente por não ser um gato, afinal ela pegou birra de qualquer bola de pelos dessas.
- Querida, vamos? - Sakura a chamou, tirando-a de seus devaneios, ia afirmar com a cabeça quando se lembrou de seu amigo.
- Kawaki não vai ? - ela questionou séria, já imaginando se não estava sendo enganada e seu amigo jogado em um abrigo qualquer.
- Ele... vai - ela ficou com medo de falar e a menina desistir de ir. - ele vai com Naruto, ele perdeu uma aposta.
- Azarado do caramba... - Sarada resmungou e Sakura sorriu.
- Mas não se preocupe eles devem passar a ceia de Natal com a gente. - Sarada sorriu para ela. Sakura estendeu a mão para sua filha contemplando o sorriso sincero - vamos ?
As duas seguiram para fora da delegacia para o carro onde Sasuke as esperava, o trajeto demorou cerca de quarenta minutos entre uma cidade e outra, era impossível para os dois não se emocionarem e para Sarada só aumentava a expectativa.
Estacionaram na frente da casa de dois andares, na cor vinho, na varanda uma mesa redonda de madeira com três cadeiras, e vasos de plantas espalhados pelo assoalho, sem muitas flores, nem mesmo folhas verdes afinal era inverno, uma janela francesa que dava acesso ao interior da casa, logo um cachorro de cor caramelo chegou correndo no portão fazendo festa, devia ser Aoda de quem Sakura havia falado. Na porta principal uma guirlanda de Natal enfeitada com flores artificiais vermelhas e ramos verdes, sakura abriu a porta do passageiro e sorriu para a menina se encorajar a entrar enquanto sasuke abria o portão e fazia carinho no cachorro que pulou no seu colo de alegria.
- Aoda essa é a Sarada - sasuke apresentou a menina ao cão. - estique a mão pra ele te conhecer - pediu a ela que obedeceu. O animal cheirou e em seguida lambeu e logo ela retribuiu com um carinho na cabeça e ele se aproximou, esfregando a cabeça nos joelhos dela que sorriu. - Vamos? - chamou mais uma vez.
Ela entrou devagar, olhando em volta, Sasuke a frente e Sakura logo atrás. Sarada olhava maravilhada a simplicidade e sofisticação da casa, não havia tanta coisa, mas era bonita e arrumada, não tinha cheiro de xixi de gato e as coisas combinavam, as paredes brancas e o sofá preto, uma estante branca e grande com livros diversos, a tv num painel e ao lado da estante de livros um notebook em cima de uma mesa de tampo branco e pernas de madeira e uma cadeira da mesma cor. A janela francesa que vira do lado de fora era da sala a qual ela estava e pode ver o portão por entre a cortina branca translúcida, assim como mesinha de madeira e as cadeiras, os vasos que ela pensou que devem ficar bem bonitos na primavera. E no canto a árvore de Natal montada com três embrulhos embaixo dela.
- Vem conhecer seu quarto - Sakura a chamou puxando pela mão levemente, e ela foi sem relutar, as palavras " seu quarto ainda martelando na cabeça dela".
Subiram as escadas, passaram pela primeira porta e pela segunda, e na terceira Sakura abriu dando passagem para ela entrar primeiro.
Ela ficou boquiaberta com o que viu, nunca imaginou um quarto tão lindo quanto aquele, havia imaginado algo rosa e enjoativo, cheio de pelúcias e em uma cama tão rosa quanto as paredes, mas não. As paredes eram de um verde pastel, uma cama montessoriana com uma colcha branca de bolinhas verdes, rosas e roxas em tons pastéis, uma mesinha pequena branca com uma cadeirinha e alguns lápis num porta-lápis e algumas folhas de papel, uma estante baixa de livros com vários livros infantis num canto, uma caixa de brinquedo de madeira cheia dos mais variados brinquedos e um urso marrom claro esquecido em cima da cama, cortinas brancas na janela.
- Nunca conseguimos mexer nesse quarto, tínhamos esperança de encontrar você quando ainda era pequena - Sakura disse com a voz embargada - Nós vamos arrumar do seu gosto agora, pode ser?
- Não precisa - Sakura a olhou espantanda, achando que a menina iria embora, não aceitaria o quarto ou a vida deles - é perfeito do jeito que está. - Sakura não aguentou e chorou mais uma vez naquele dia e Sarada a abraçou para consolá-la.
- Eu vou só aumentar os móveis, certo? - Sakura disse em meio ao abraço e o choro e a garota concordou, sentiu que realmente era esperada.
- Posso dormir aqui hoje ? - ela perguntou tímida, com medo de uma negativa.
- Pode claro, meu amor. - Nesse momento Sasuke bateu na porta, tirando elas do transe.
- Eu fiz panquecas, vocês estão com fome?- Sarada afirmou e desceram os três para comer, sentindo-se completos pela primeira vez em sete anos.
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O brilho da esperança
FanficCom o desaparecimento da filha, Sakura e Sasuke passam anos tentando encontrá-la, e sua primeira pista depois quase sete anos é um garoto marrento e mal educado que desconfia até da própria sombra. Porém ele é a única esperança de encontrar Sarada.