Seguiu para o ponto de encontro dele e de Sarada e de longe pode ouvir a voz de Sarada, já era muito tarde e não haviam mais tantas pessoas nas ruas, o que facilitava para ouvir qualquer som, principalmente gritos de medo.
Escondeu o lanche num vitro da janela de uma casa germinada da rua a qual estava e correu o mais rápido que pode para o lugar onde ouvirá a voz da garota.
Três garotos a encurraram e pelo jeito queriam dinheiro da menina que dizia não ter nada, eles estavam prontos para descobrir o quanto ela escondia, quando Kawaki chegou, os garotos eram mais velhos que ele, mais altos um pouco.
- Deixem ela em paz ! - ele disse cerrando os dentes.
- Olha só seu amiguinho chegou pra apanhar com você. - o mais alto deles disse olhando para Kawaki e rindo.
- Vamos arrebentar a sua cara e depois a cara da sua amiguinha - o outro disse esfregando um punho na mão.
- Saiam de perto dela - Kawaki rosnou.
- Ou o que ? Você vai me bater ? - o maior gargalhou e Kawaki não aguentou, partiu pra cima dele, não se importando se o outro era maior ou se ele ia sair todo machucado dali. Jogou o garoto no chão e começou a socar o rosto dele, com toda a raiva que sentia, parecia que tudo vinha a tona, as agressões do pai, a mãe que o abandonou, a fome, o medo, a vontade de viver e de não ser pego, os maus tratos nos abrigos, tudo emergiu e ele usou isso como combustível para socar o garoto, os outros dois se assustaram e correram de medo.
- Kawaki, para! - Sarada pediu chorando assustada e só então ele percebeu que perdeu o controle, o garoto desmaiado abaixo de si todo ensanguentado, e a menina tremia encolhida no canto, a parte que ele sempre escondia dela a assustou e ele se lembrou por que fugia de encrenca quando estavam juntos.
- Vamos embora... - ele disse baixo ao se levantar, ela derramando algumas lágrimas, se lembrou do lanche, não ia pegá-lo mas lembrou que ela devia estar com fome, fez meia volta e ela o acompanhou achando estranho, pegou o embrulho na janela em silêncio e os dois seguiram para o prédio abandonado.
- Hei garoto, o que é isso nas suas mãos ? - Amado quis saber, afinal não eram permitidas brigas nesses lugares.
- Sangue ! - Kawaki respondeu e continuou andando, com Sarada ao seu lado. Ela achou que Amado proibiria os dois de passarem a noite ali e se assim fosse os dois estariam na rua literalmente, mas o homem nada disse. Sarada parou enquanto ele continuou a andar.
- Amado tem gelo? - ela pediu, o homem olhou para ela e percebeu o olho roxo, imaginou se o garoto a agrediu.
- O que houve com seu olho? - ela não havia percebido que estava machucada também, ficou tão nervosa que se esqueceu que um dos três acertaram um soco nela também.
- Três garoto me bateram, queriam me roubar. - ela disse sem emoção.
- Então Kawaki surrou eles? - ela nada respondeu, e o homem entendeu, mais aliviado de que os dois não estavam se agredindo ele arrumou um pote com um punhado de gelo. - tá aqui garota.
- Obrigada - ela seguiu para o canto deles, mais afastada do restante, pegou uma bacia com água e panos.
- Me dê a sua mão - exigiu, quando ela estava irritada com algo, costumava ser bem mandona, mas não era o caso hoje, ela só estava assustada, nunca havia visto o amigo tão fora de si. Ele fez conforme ordenado e ela limpou a mãos sujas de sangue, alguns machucados pelo impacto apareciam ali. Fez uma compressa com o gelo e colocou em sua mão. - fique assim um tempo já vai melhorar. - ela disse se levantando para arrumar os sacos de dormir de cada um, havia conseguido algumas cobertas e papelão com Amado, então a noite seria um pouco menos fria, depois da briga ela até mesmo se esquecerá da fome, mas ele não. Pegou o embrulho e entregou a ela, que olhou atonita para aquilo.
- Coloca gelo no seu olho também - ele pediu- aproveita a comida. Não está mais quente, mas ainda é comida gostosa. - Sarada abriu o embrulho de isopor e o papel alumínio que envolvia um hambúrguer e seus olhos brilharam. A muitos anos não comida um desses. A última vez foi quando eles acharam dinheiro na rua e o dono de um restaurante fez um lanche para os dois.
- Onde você arrumou isso ? Roubou ? - ela perguntou rindo da cara dele, sabia que ele não gostava que dissessem que ele era ladrão.
- Tsc, claro que não, uns riquinhos pagaram pra mim, eles querem ajuda pra achar a filha deles. Pode comer tudo eu já comi. - disse, quando percebeu que ela tentava dividir o lanche ao meio.
- Tem certeza? - ela perguntou, duvidava muito que ele já teria comido.
- Já, eles me pagaram um desse também e também comi um doce na cafeteria. - deu de ombros.
- Por que eles querem achar a filha ? - Sarada fingiu interesse. Na verdade estava concentrada em devorar o hambúrguer a sua frente.
- Parece que foi sequestrada. Falei que ia ver com você. - ele disse olhando para a janela fechada ao lado deles, os vidros sujos deixava impossível ver qualquer coisa direto no lado de fora. - E o que você acha ? - ele quis saber, ele sempre perguntava pra ela se ela queria fazer algo ou o que ela achava, talvez porque o raciocínio dela era mais lógico que o dele.
- Vai ter mais desses? - ela perguntou sorrindo.
- Acho que sim - ele respondeu.
- Então sim - como ele pensou, ela iria só por causa da comida. Ajudaria na sobrevivência dos dois.
- Eu não queria te assustar - ele disse após um longo silêncio, ele sabia que tinha deixado a menina assustada, não era sua intenção, ele só queria defende-la, afinal ela era a única pessoa que ele tinha e vice versa.
- Tá tudo bem - ela disse calma - obrigada por me defender.
Ela terminou a refeição, colocou um pouco do gelo no olho roxo e logo em seguida cada um deitou em seu saco de dormir.
- Boa noite, Kawaki.
- Boa noite Sarada - ela caiu no sono rápido enquanto ele vigiava, como de costume. No dia seguinte encontrariam os três de novo e quem sabe o café da manhã não fosse uma coisa gostosa de novo.
🌸
No hotel Sasuke observava uma Sakura que olhava pela janela, seu semblante estava diferente, ela realmente acreditava que o garoto podia ajudar a encontrar sua filha, o que ela tinha na feição era esperança.
- Sakura ? - ele a chamou para a terra de volta. - como você está se sentindo hoje. - uma pergunta que fazia todos os dias depois que a filha sumiu
- Não sei explicar, é como se alguém estivesse me salvando de um afogamento. É como respirar de novo. - ela disse sorrindo de leve, um brilho no olhar que Sasuke tinha muita saudade de ver.
- Mas nós temos que manter os pés no chão querida, se o garoto não conseguir nos ajudar? - ele foi realista, ele sempre era. - não podemos criar muitas expectativas.
- Eu sei, mas depois de tantas derrotas uma vitória não seria ruim, seria ?
- Não seria... Mas sei lá - ele coçou a cabeça, bagunçando os cabelos. - vamos dormir, amanhã vamos encontrá-lo cedo, sim?
- Vamos. - apesar de não criar expectativas, pela primeira vez em sete anos tinha sua primeira noite tranquila, sem agitações no sono, sem remédios e sem acordar assustada no meio da noite.
No quarto da frente Naruto falava com Hinata pelo telefone.
- Encontramos uma garoto que pode nos ajudar - ele disse quando ela quis saber como estava a procura por Sarada, desde o desaparecimento da menina, Naruto e Hinata foram os que mais ajudaram os dois, sempre juntos quando achavam alguma pista.
- E você acha que ele realmente pode ?
- Não sei, acho que sim, ele vive nas ruas, não parece, mas eles sabem mais do que nós, têm ouvidos em todos os lugares. Sakura está com esperança, já Sasuke daquele jeito né...
- O que houve ? Sua voz está diferente? - Hinata quis saber, afinal Naruto sempre era animado, mesmo estando cansado, fora que ela reconheceria cansaço de qualquer forma.
- O garoto me lembra alguém. Não sei. Acho que me identifiquei.
- Como assim?
- Pelo jeito ele é órfão ou algo do tipo, as pessoas o tratam mal, pelo simples fato dele ser um menino de rua. Salvamos ele de apanhar de um idiota.
- Tente ajudá-lo, ninguém melhor do que você.
- Vou tentar, ele é bem arredio...
- Você vai conseguir tenho certeza. - a questão era que Naruto sabia como o garoto se sentia, sem família, sozinho e vivendo nas ruas, as vezes sem comer ou passando frio, sem contar o medo. Quem o ajudou foi Sasuke que o acolheu em sua casa quando ainda era um adolescente.
- Espero não te decepcionar - ele disse a Hinata - boa noite amo você.
- Também te amo, boa noite - desligou e deitou em sua cama, mas não teve uma boa noite de sono.
🌸
A cafeteria estava cheia aquela hora da manhã, e a cada som que a porta fazia Sakura olhada para apreensiva, mas o garoto não aparecia e a animação que ela aparentava no dia anterior se esvaia a cada barulho que a porta fazia, o que deixava Sasuke irritado, isso era perda de tempo e o garoto só os enganou.
- Vamos sair daqui, só estamos perdendo tempo, esse muleque não vem. - ele disse irritado e se levantando para sair porta a fora, Sakura e Naruto se olharam decidindo se esperavam pelo garoto ou se seguiam Sasuke para onde quer que ele fosse.
Enquanto isso Sasuke abria a porta e saia quando deu de cara com o garoto parado próximo a porta, discutindo com uma garota, de uns nove anos, cabelos pretos e pele clara, as roupas surradas, o olho roxo e um semblante irritado. Ele estacou no lugar ao perceber os dois parados ali, eles discutiam sobre entrar ou não no café.
- Se a gente entrar lá vamos ser expulsos a ponta pé - a garota dizia - vão achar que a gente tá pedindo.
- Mas eu falei que estaria lá, droga - Kino falava alto e irritado tanto quanto a garota. Sasuke não podia negar, aquela era sua filha, nunca em toda sua vida vira alguém tão parecida com ele, no final Sakura estava totalmente certa, o garoto era a chave para encontrar sua filha.
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O brilho da esperança
FanficCom o desaparecimento da filha, Sakura e Sasuke passam anos tentando encontrá-la, e sua primeira pista depois quase sete anos é um garoto marrento e mal educado que desconfia até da própria sombra. Porém ele é a única esperança de encontrar Sarada.