Família não é só de sangue

87 6 2
                                    

Após as festas de final de ano, o casal Uchiha tiveram que deixar a menina no abrigo de Konoha, até sair o resultado do exame de DNA, mas eles iam todo dia vê-la, normalmente depois do trabalho, levavam coisas para  a menina e para as outras crianças abrigadas, conversavam com ela para ter certeza de que não eram maltratados, nem ela nem os outros. 
Já Kawaki voltou para Suna, após muitos protestos, de Sarada, Boruto e Himawari que não queriam se separar do garoto, mas Naruto e Hinata sabiam que esse dia chegaria. Apesar de haver um desejo de ambos de adotá-lo, sabiam que seria demorado, e não queriam criar nenhum tipo de expectativa nas crianças, afinal poderia sim haver a possibilidade de isso não dar certo. 
Logo na primeira semana de janeiro, Nauro entrou com o pedido de adoção, que somente Hinata, Sasuke e Sakura sabiam, ele rezava todos os dias para que desse certo,  ia toda semana para Suna verificar se ele estava bem e se ele não havia fugido novamente. 
Na quarta semana em que foi, o garoto estava sendo isolado dos outros, estranhou o fato mas pediu para falar com a diretora da instituição. 
- Por que ele tá aí? - Perguntou a diretora do lugar chamada Mei uma mulher alta  e de cabelos cumpridos, um pouco áspera às vezes mas nunca injusta pelo pouco que a conhecia. Os dois estavam de frente a uma porta com uma pequena abertura com um vidro onde conseguia ver o garoto deitado numa cama de ferro, visivelmente entediado. 
- Ele tentou fugir a dois dias atrás, quase conseguiu, não fosse pelo alarme que soou de madrugada ele teria conseguido. - Os sensores das janelas apitavam quando alguém tentava abri-las, para evitar fugas. - ele esperneou um pouco, mas agora está mais calmo. 
-Eu entrei com processo para adotá-lo,  mas vai demorar pra sair. - disse Naruto cabisbaixo. Sentia que perderia esse garoto se não agisse logo. 
- Tenta conversar com  ele. Explica o que tá acontecendo, quem sabe ele não desiste dessas ideias de fuga e foca em ir para a sua casa. Se ele se comportar consigo um pedido da juíza para que ele passe os finais de semana na sua casa. - o rosto de Naruto se iluminou, assentiu com a cabeça, tão feliz que sentia que poderia voar. Levar Kawaki de novo seria um sonho.  


Entrou  no quarto alarmando o garoto deitado, irritado olhando para o teto. Sorriu triste para ele, sabia como ele se sentia estando preso ali, ou quando estava vulnerável na rua. Sentou ao lado dele, que já havia sentado também, abraçou o garoto que retribuiu o abraço, percebendo que sentia falta de carinho e cuidado que só teve na casa do homem à sua frente. 
- Escuta garoto - disse olhando para ele, sério, de uma forma que ele compreendesse que as atitudes dele de tentar fugir iriam prejudicar a si mesmo  - eu entrei com um pedido de adoção - Kawaki abriu a boca para dizer algo, mas não tinha palavras para isso.  - mas eu preciso que você coopere com o pessoal do abrigo, eu sei que você não gosta, sei quanto esses lugares são horríveis, eu passei minha infância fugindo deles até começar a ficar na casa do Sasuke. Mas por favor não foge daqui, eu prometo que nada de ruim vai te acontecer, vou vir te visitar toda semana, mas promete pra mim que não vai fugir. E em alguns meses você vem morar comigo. - o menino afirmou com a cabeça, sem dizer uma palavras. Por dentro ele era uma mistura de choque e felicidade. Já tinha intenção de fugir e esquecer o loiro e a família,  tratar como um delírio proveniente da fome. Mas agora havia uma chama de esperança no coração dele. - promete que não vai sair daqui? 
- Prometo - o garoto respondeu sem nem mesmo piscar.
- Eu trouxe algumas coisas pra você - disse abrindo uma sacola cheia de guloseimas -  vou tentar vir todo final de semana. Então não precisa ter medo, nem ficar querendo fugir. 
- Tá.  - respondeu monossilábico como sempre. 


🌸

Nas semanas seguintes saiu o resultado do exame de DNA e claro, como não havia dúvidas Sarada era a filha deles, enquanto ela morava no abrigo Sasuke e Sakura adaptaram o quarto dela, com uma cama grande e outras coisas que uma menina de 9 anos poderia querer como uma TV e um notebook para fazer as tarefas de escola, tudo seria um processo lento, como aprender a ler e escrever, se adaptar a uma família e uma rotina, mas os três estavam dispostos a isso. 
Para o casal, parecia que Sakura estava grávida de novo, e que se preparavam para um bebê,  mas não, se preparavam para uma vida nova com sua amada filha. 
Ela foi para casa numa sexta feira à tarde, coincidentemente o mesmo dia da semana em que ela sumiu, a casa da qual ela já conhecia parecia mais aconchegante agora que tinha certeza que fazia parte dela, Aoda pulou em seu colo de felicidade, esfregando a cabeça nela como se quisesse um abraço, e ela não tardou em abraçar o animal, entrou na casa que estava do mesmo jeito desde o ano novo do qual os três passaram ali sozinhos e em paz diferente do Natal. 
Foi impossível não sentir a tranquilidade, a casa era quentinha, havia uma mesa com bolo e coisas que ela gostava de comer na mesa de jantar, subiu até seu quarto para ver o que os dois haviam preparado para ela, sua cama nova, uma tv e um computador, sorriu para os dois, comeram e conversaram sobre amenidades até chegar em Kawaki, do qual ela quis saber o que estava acontecendo com ele, se ele estava bem, ela sabia que mais dia menos dia ele iria fugir, era só uma questão de tempo, e não havia como não ficar triste com isso, pois significava não ver mais a pessoa que cresceu com ela e a protegia. 
- Bom o Naruto … - Sakura hesitou, não sabia se devia dar essa esperança para a filha. Olhou para Sasuke que assentiu, pois o mesmo tinha certeza de que o amigo iria conseguir, afinal Naruto nunca desistiu de nada na vida.  - ele pretende adotar seu amigo. - os olhos da garota brilharam de felicidade. Isso significava que ele estaria sempre por perto. 
- Estamos marcando de fazer uma visita no final de semana se você quiser ir … - Sasuke sugeriu e ela respondeu tão rápido que nem mesmo respirava. 
- Eu quero sim ! 


Assim foram os dias até sair a adoção dele, na verdade,  com o bom comportamento do garoto a juíza autorizou ele a passar os finais de semana na casa de Naruto, uma forma também dele se adaptar à nova vida que ele deveria ter, pois pelo que dependesse da juíza o garoto seria deles de qualquer forma. Então os finais de semana eram alternados entre ir até o abrigo ou ele passar os dias na casa de Naruto ou de Sasuke. Quando saiu a guarda as duas famílias fizeram  uma verdadeira festa, com todas as coisas que ele gostava, o que Hinata descobriu que eram muitas coisas, o que a deixava feliz pois com o garoto nada era desperdiçado e ele sempre comia  com gosto, uma felicidade para qualquer cozinheiro. 
No fim, a vida de Sakura e Sasuke havia voltado, apesar do tempo perdido, eles viam como uma segunda chance, dando valor a cada momento juntos, desde o dia em que a menina voltou não houve uma noite mais em que Sakura não se sentia grata. Ela e Sarada haviam se tornado amigas antes de serem mãe e filha, e Sasuke e Sarada se entendiam cada dia melhor, talvez pela personalidade tão parecida. 
Nagato e o irmão Yahiko foram presos pelo sequestro de Sarada, tráfico humano e Nagato também foi condenado  pelos maus tratos das crianças em abrigos. Isso não faria o tempo voltar e o casal Uchiha  recuperar o tempo perdido com sua filha, mas o senso de justiça estava sendo cumprido, o que para os dois já era um fardo a menos, pois havia a certeza de que os dois irmãos não fariam mais isso com nenhuma criança.  

O reencontro seria relembrado por anos a fio, Sarada e Kawaki seriam amigos e companheiros para sempre, Boruto e Himawari os novos amigos de Sarada, Hideki um bom ouvinte, quando a menina se sentia perdida e a pequena Mahina, filha de Tenten e Neji, o xodózinho de todos na família. 

Não precisavam dos laços de sangue para serem família, a cumplicidade de cada um era suficiente. Para Sakura,   Hinata e Tenten eram como irmãs, Sasuke e Naruto já se sentiam assim desde quando eram adolescentes, em que a mãe de Sasuke que era assistente social, se sensibilizou com o garoto e acabou levando ele para casa. 
E agora os filhos deles tinham a mesma sensação, para Kawaki,  Himawari era sua irmã, que devia ser protegida a todo custo, Boruto e ele divergiam de algumas coisas, mas a proteção, carinho e cuidado com a caçula era inegável. 
Sarada e Boruto criaram uma amizade como a dos pais deles, às vezes brigavam mas acabavam sendo cúmplices nas brincadeiras e desabafos, no começo Kawaki se incomodava mas percebeu que o que eles tinham era algo como uma irmandade … diferente dos sentimentos dele para com a garota de cabelos tão negros como a noite. 

No fim cresceriam todos juntos, protegendo uns aos outros e estando sempre ali quando qualquer uma deles precisassem. 
E isso era ser FAMÍLIA 

O brilho da esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora