Capítulo Vinte e Três

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P.O.V KARA ZOR-EL

Um mês se passou após a morte de Cat.

Eu a sepultei ao lado do meu pai e da minha mãe. Era o certo a se fazer; Ela foi uma segunda mãe para mim.

Depois que agradeci a Alfa Lena por tentar ajudar Cat no dia da invasão, achei que ela seria um pouco menos arrogante e mandona, mas é claro que eu estava errada.

Ela e Lexa se mostravam cada vez mais como um casal para a matilha. E, toda vez que eu interagia com algum lobo macho, ela me proibia de falar com ele novamente.

Claro, todos temiam a Alfa, então me evitavam como se eu fosse uma praga.

Os únicos corajosos o suficiente para continuar falando comigo eram o Beta James e a Lyra, se bem que até o Gama Winn andava se aproximando mais.

Passávamos a maior parte das tardes assistindo a filmes ou conversando no jardim. Eles eram legais e me ajudavam a me distrair da minha constante tristeza.

Mesmo assim, quando a noite chegava e eu estava sozinha na cama, não conseguia evitar as lágrimas.

Eu ainda não entendia por que Alfa Lena me mantinha por perto. Por que ela não me rejeitou?

Por que ela estava me torturando daquele jeito? Se ela não gostava de mim, por que me manter por perto?

Isso era algum tipo de jogo para ela? Devia ser.

"Kah! Terra para Kah!", a voz de Alex me trouxe de volta à realidade. Eu estava no quarto, fazendo uma videochamada com a minha melhor amiga.

"Desculpa, o que você estava dizendo?"

"Eu estava falando sobre essa garota fofa na minha aula de física, mas parece que minha vida não é tão importante quanto a sua." Pude ouvir o aborrecimento em sua voz.

"Sinto muito, Lexie," eu disse, não querendo que minha amiga ficasse com raiva de mim.

"Tem certeza que você está bem? Eu sei que deve estar muito difícil para você, depois do que aconteceu com Cat..."

"Eu não quero falar sobre isso", eu a interrompi.

"Claro, entendo. E como vão as coisas com a Alfa? Você já confessou seu amor por ela?", ela perguntou, erguendo as sobrancelhas.

"Eu também não quero falar sobre isso", eu disse.

"O que aconteceu?", ela perguntou.

"Ela encontrou a parceira dela", eu menti, esperando que ela deixasse para lá.

"Ah, Kah! Eu sinto muito." Ela parecia genuinamente triste. "Mas, ei, pelo menos foi só uma paixonite. Você ainda vai encontrar sua parceira", ela continuou, tentando me animar.

"Duvido."

"Você não pode continuar se rebaixando assim. Você pode não enxergar o seu valor, mas eu enxergo e, acredite em mim, você está destinada a fazer grandes coisas."

Ela me lançou um olhar que havia espaço para discussão. deixava claro que não

Eu gostaria de ser tão determinada quanto ela. Talvez minha parceira me aceitasse se eu fosse mais parecida com Alex.

"Eu sei que parece que Tão te amaldiçoou com a má sorte, mas acredite em mim quando digo que a grandeza virá no final dessa provação. Então poderei dizer: eu avisei."

Seu rosto se suavizou um pouco. "Eu tenho que ir. Preciso estudar para uma prova amanhã. Eu te ligo amanhã à noite, tá?"

"Certo. Boa sorte amanhã", eu disse, embora soubesse que ela não precisaria.. Alex sempre foi uma aluna nota A.

"Obrigada, Kah. Amo você, boo", disse ela antes de desligar.

Decidi tomar um banho frio para ajudar meu corpo a relaxar e ir para a cama cedo.

Por alguma razão, meu corpo estava muito dolorido ultimamente, e eu sentia estranhas ondas de calor.

Sem mencionar que os constantes passos de Kiera para frente e para trás em minha mente estavam me dando dor de cabeça.

"Kiera, você poderia parar com isso?", resmunguei. Mas ela me ignorou e continuou andando.

"O que deu em você ultimamente?", perguntei a ela.

"Não sei. Tenho me sentido agitada. Também não sei por quê.", ela respondeu, mantendo constante vaivém.

Eu gostaria que Cat estivesse aqui, para eu poder perguntar a ela o que era aquilo.

Cat...

Meu coração afundou com a ideia de nunca mais vê-la novamente.

Uma batida na porta me distraiu do meu humor deprimido.

"Sim?", eu disse, imaginando quem poderia estar batendo na minha porta a essa hora. Olhei para o relógio, já passava das onze da noite.

Quando ninguém respondeu, abri a porta e vi minha parceira ali parado, com a camisa social entreaberta e o terno em uma das mãos.

"Alfa Lena, você precisa de algo?", perguntei.

Ela não respondeu, apenas olhou para mim com os olhos semicerrados. Eu poderia jurar que eles estavam um tom mais escuro do que o azul bebê de sempre.

"Hum... Alfa?", perguntei timidamente.

Seus olhos se voltaram para os meus lábios. Por alguma razão, essa ação simples me causou uma dor repentina na parte inferior do estômago, e o calor que eu estava sentindo aumentou.

Lena respirou fundo enquanto me encarava.

Kiera estava gritando e correndo em minha mente, quase como se ela tivesse enlouquecido.

Lena deu um passo em minha direção e eu recuei. A expressão em seus olhos era de uma predadora, pronto para atacar sua presa.

Mesmo sabendo que deveria estar com medo, não pude evitar o desejo que tomou conta de mim.

Lena rosnou e deu mais um passo para perto, mas então recuou como se tivesse percebido que algo esta errado.

Sem uma palavra, ela se virou e marchou para o quarto dela, batendo a porta.

Fiquei ali sem me mexer por um momento e fechei a porta do meu quarto. Kiera ainda estava correndo de um lado para o outro na minha cabeça, de forma desagradável.

Meu corpo doía ainda mais do que antes. Eu pressionei minhas costas contra a porta enquanto tentava estabilizar as batidas do meu coração.

"Kiera, por favor... fale comigo. O que foi isso?", perguntei para a minha loba.

Ela finalmente parou de andar, mas ainda estava ofegante, agitada.

"Esse foi o chamado do nosso vinculo de acasalamento. Foi seu primeiro cio", disse ela, e senti um arrepio na espinha.

"Cio? Eu estou no cio?!", gritei em minha mente, o pânico tomando conta de mim.

"Sim. E só vai piorar, a menos que você acasale com Lena. Caso contrário, você irá atrair lobos sem parceiras para nós", ela disse, com um gemido.

O que eu ia fazer agora? Não só nunca seria marcada pela Lena, mas, se ela não me rejeitasse, eu seria forçada a fugir dos lobos solteiros.

"Está tudo bem, tenho certeza de que Lena não vai deixar isso acontecer com a gente", Kiera tentou me confortar. Mas tudo o que eu conseguia sentir era medo do que seria de mim no futuro.

Quando lobos sentiam o chamado, eles tinham que se unir. E, para fazer isso, eles teriam que marcar um ao outro.

Dessa forma, nenhum outro lobo poderia se acasalar com eles.

Mas, é claro, esse nunca seria o meu caso.

Minha Alfa Me Odeia - Livro I - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora