Nunca pensei que a minha vida começaria assim. A ficha ainda não caiu. Revivo todos os dias os meses de tortura e o dia em que nos conhecemos.
Agora, vestida de branco, à beira de um novo destino, não consigo evitar o peso da solidão que me acompanha.
Eu me sentia sozinha nesse mundo, com 25 anos eu já não era mais nenhuma garotinha. Mas não ter ninguém de sangue que me amasse de verdade me assustava.
Illumi era uma figura peculiar. Muito alto. Muito magro. Muito pálido, como a luz da lua quando esta fica cheia. Cabelos longos e solto. Desafiava qualquer padrão convencional de beleza. Para muitos poderia ser considerado feio. Eu particularmente achava um charme, um magnetismo silencioso. Aposto que ele não gostava muito de contato pessoal com ninguém e eu percebia que ele se sentia aflito quando passava longos períodos sem sair de casa.
Estou neste exato momento parada em pé frente a um enorme espelho, sendo arrumada por 3 pessoas. Uma mexe em meus cabelos tentando fazer um penteado, o outro esta me maquiando, e mais um; que está ajustando o longo vestido branco em minha cintura.
Eu queria chorar. Ao invés disso, segurei as lagrimas. Eu estava muito bonita e não tinha vontade de borrar a maquiagem.
Ouvi o som da porta se abrindo e em seguida uma voz familiar: " Aika, vamos!!! já está na hora" - A mãe de Illumi fez um gesto com as mãos me chamando para sair daquela sala. Logo, todos que estavam em cima de mim saíram, se afastando. Era hora de ir.
Fiquei em pânico.
Fui andando em passinhos curtos e ligeiros, logo atras da senhora Zoldyck.
Caminhamos quase 700 metros até chegar o local exato do casamento. A cerimônia iria acontecer ali mesmo, na residência da familia, em um dos pátios que tinha a vista para um lago.
A 20 metros de distancia do local exato, avistei todos os que estavam presentes, não eram muitas pessoas. Com sorte, eu poderia contar umas 60, e entre elas, uns 30 eram de empregados da família.
Eu comecei a tremer. Minhas pernas travaram para continuar a caminhada até o altar.
Silva se aproximou de mim, surgindo ao meu lado. Segurou meu braço direito com firmeza, me dando apoio. Ele abriu um breve sorriso para mim, tentava ser acolhedor, quase paternal. Seus olhos eram verdes e tinham uma luz peculiar. Os cabelos louros a altura dos ombros e o maxilar proeminente. Ele era bem diferente do filho qual eu estava prestes a dizer 'sim, eu aceito'.
Aquela tensão estava me consumindo. Os olhares curiosos cravavam-se em mim, como se cada segundo fosse uma eternidade. Eu suspirei forte e escutei as batidas do meu coração. Sentia ele pulsando, forte. Achei que iria desmaiar.
Eu estava tão nervosa.
Meus passos seguiam sincronizados com os de Silva. Avançávamos juntos em direção ao altar, passando pelos olhos duvidosos dos convidados. Os segundos, pra mim, eram como minutos, já que eu conseguia memorizar bem o rosto de cada um, qual os meus olhos alcançavam. Rostos que eu jamais tinha visto antes e rostos conhecidos como o de Canary, que estava sempre comigo me ajudando com qualquer coisa que eu lhe pedisse.
Percebi que tinha chegado ao meu destino quando parei de escutar a cauda do vestido arrastando no chão. Sentia a textura da roupa pesando em meu corpo e o pulsar ensurdecedor do meu coração.
O homem alto de cabelos pretos e longos até a cintura se aproximou de mim, com uma calma quase ensaiada. Ele olhou nos meus olhos, olhos negros penetrantes. E em um gesto bem gentil segurou a minha mão qual o seu pai tinha sustentado antes.
A expressão de seu rosto me passava uma certa tranquilidade. Apesar disso, não deixei de ficar menos nervosa.
Eu não sabia em qual posição ficar, se eu ficava de frente para Illumi ou de frente para o homem que iria conduzir nosso casamento.
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Cartas na mão
Hayran KurguUm caçador, um assassino e um bandido unidos por um laço. " Se for jogar, decida 3 coisas primeiro: As regras do jogo, os riscos e a hora de desistir"