Capítulo 8

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    Mônica não reage e deixa o seu coração se encher de esperança, enquanto Arnaldo se sente cada vez mais consumido pelo fogo interno da paixão doentia que agora sentia por Mônica. O beijo ardente continua até que uma agitação na calçada corta o clima dos dois e interrompe o embalo apaixonado.

- Mônica!- exclama Arnaldo a única palavra que povoa a sua mente.

- Arnaldo! Eu vim para ter o meu emprego de volta. E voltei para você!- diz Mônica.

- Mas é claro, Mônica! Não tenha dúvida. Você irá para casa! Morará comigo! Seremos uma família!- diz Arnaldo, fazendo Mônica sorrir.

- Mas e a sua esposa?- questiona Mônica.

- Nós nos separamos! Ela voltou para a casa da mãe!- diz Arnaldo.

- E os seus filhos? Eles não irão aceitar!- questiona Mônica.

- Sou eu que mando naquela casa, Mônica! A partir de hoje, você tem tanta

autoridade e respeito naquela casa, quanto a mãe deles tinha!- diz Arnaldo.

Mônica volta para o escritório, porém não trabalhou e sim, acompanhou a jornada de trabalho de Arnaldo. Ele estava imensamente feliz com a companhia de sua amada. A tarde passa e chega o tão esperado momento de Arnaldo apresentar aos filhos a nova rainha do lar.

- José! Antônia! Desçam depressa! Vejam quem eu trouxe!- diz Arnaldo, como se estivesse trazendo uma grande surpresa para os filhos.

Os casal de filhos desce correndo, imaginando que a sua mãe estava de volta e ficam extremamente decepcionados, ao ver que o pai tinha levado outra mulher para casa. E pela aparência libidinosa dela, não parecia ser uma empregada.

- Meninos! Quero que conheçam Mônica, a madrasta de vocês!- diz Arnaldo,

satisfeito.

Um silêncio constrangedor impera no recinto. José e Antônia se entreolham

incrédulos e depois encaram o pai.

- O que foi?! Não gostaram da novidade?!- questiona Arnaldo.

- O senhor está louco, pai?! Não tem nem mesmo um dia que a mamãe foi expulsa de casa e o senhor trás essa mulher desconhecida para cá para conviver conosco?! Por acaso ela era a sua amante de longa data?! Isso não se faz com a mamãe e nem com a gente!!- grita Antônia, subindo as escadas aos prantos.

- Volte aqui, Antônia! Isso não são modos de tratar a sua nova mãe!!- grita

Arnaldo.

- Pai! A Antônia está certa! Não tem cabimento nenhum o senhor fazer uma coisa dessas!! Em vez do senhor tentar um diálogo com a mamãe, conversar, se desculpar e a trazer de volta, o senhor trai e machuca a todos nós trazendo essa mulher?! Isso somente irá dificultar as coisas e o convívio entre a gente!!- diz José, subindo a escada e batendo a porta.

- Não ligue para eles, Mônica! Em breve, você será tão querida que eles se

esquecerão da mãe!- diz Arnaldo, para constrangimento de Mônica.

A noite passa intensa e ardente para o casal. Arnaldo fica enlouquecido em ter a melhor amante do mundo. Definitivamente, Arnaldo não queria mais saber de Solange. Mônica o preencheria completamente, fazendo o seu coração pulsar em êxtase total.

Na manhã seguinte, Mônica acorda cansada, afinal, tinha dormido muito pouco. Ao se arrumar para descer e ir trabalhar com o marido, Arnaldo a surpreende.

- Ei!! O que pensa que irá fazer?! Mulher minha não fica fazendo exposição para os outros!! Não quero que você fique de graça com ninguém!!- repreende Arnaldo agressivamente.

Mônica começa a se sentir incomodada com o ciúme doentio de Arnaldo. Não imaginava que o pacto tivesse essas proporções.

- Os meninos estão de férias e você ficará tomando conta deles e da casa!! Arrume, limpe, lave, passe, cozinhe e esteja linda para quando eu voltar!- ordena Arnaldo, saindo de casa.

Mônica fica desapontada, se sentindo uma empregada. Ela esperava ficar ao lado de Arnaldo todo o tempo e agora percebe que se tornou uma empregada e escrava sexual de seu próprio companheiro.

A tarde passa e Mônica faz todas as tarefas domésticas. Ela fica sozinha em casa, pois os filhos de Arnaldo se recusaram a passar o dia com ela. Ela suspira arrependida e se sente como um objeto.

Ao passar pelo corredor do segundo andar, Mônica ouve som de soluços e identifica que era o quarto de Antônia. Ela bate a porta e a abre devagar.

- Antônia?! Será que podemos conversar?!- pergunta Mônica, timidamente.

A menina estava deitada de bruços na cama e com o rosto enfiado no travesseiro, tentando sufocar o choro. Ao olhar para trás e ver Mônica, arremessa o travesseiro sobre ela.

- Suma da minha frente!! Suma da minha vida!!- grita Antônia, passando pela mulher e descendo a escada correndo.

Antônia passa correndo pelo quintal, indo para a rua. Do alto da árvore, Navarra observa o estado emocional dos filhos e decide interagir, para poder destruir toda a família, indicando pessoas que possam lhe oferecer vícios e destruição moral. Ela levanta voo e escolhe do alto a próxima intervenção.

Antônia continua andando sem rumo pelas ruas de São Gonçalo e uma estranha jovem aparece para ela. A menina tenta desviar dela, mas a mocinha esquisita vai atrás dela.

- Oi! Tudo bem?- cumprimenta a menina estranha.

- Tudo! Me dê licença!- diz Antônia.

- Você parece estar triste! Precisa relaxar! Meu nome é Malga! E o seu?- pergunta a menina estranha.

- Isso não te interessa! Fique longe de mim!!- diz Antônia, perdendo a paciência e lacrimejando.

- Amiga! Eu sei como você se sente! Você está magoada com sua família! Isso

aconteceu comigo também! Não é horrível quando somos incompreendidas neste mundo cruel e machista?! O que acha de também tomar uma atitude rebelde como resposta a eles?!- propõe Malga.

Antônia fica pensativa e Malga retira um punhado de comprimidos, ampolas, cigarros e seringas.

- Como conseguiu essas coisas?- pergunta Antônia.

- De uma forma que você aprenderá comigo também. Tudo em nome da rebeldia!- diz Malga, dando um sorriso malicioso.

Longe dali, José também anda sem rumo, tentando esquecer por algum tempo a nova invasora da casa. Ele passa por dois rapazes, um pouco mais velhos do que ele.

José percebe que está sendo seguido e antes que acelere o passo, é alcançado.

- Boa tarde, amigo! Tem aí algum dinheiro para a gente?!- pergunta um deles.

- Não! Fiquem longe de mim!!- diz José, agressivamente.

- Acalme-se! Você precisa relaxar!- diz o outro, oferecendo um maço de cigarros.

- Eu não fumo!- diz José, tentando se afastar.

- Mas precisa relaxar. Nós compreendemos você!- diz o primeiro rapaz, mostrando uma garrafa de uísque.

- Meu nome é Heitor e esse é o meu amigo Nestor. Nós sabemos que você está irritado com algo! Esses capitalistas querem nos oprimir, rapaz! Precisamos de respeito na sociedade! Estamos elaborando um plano muito bom para sair por cima e ganhar uma grana! Você é esperto e pode colaborar conosco. Vai ganhar respeito e postura.- diz Heitor.

José sorri e sorve um gole da garrafa de Nestor. Uma nova e estridente gargalhada é entoada vindo do alto dos galpões de São Gonçalo.

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