Capítulo 17

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    Na tenda de Sônia, no Arsenal, a bruxa sigilutista passa a madrugada em sua meditação maligna. A velha havia desenhado um septagrama e estava sentada sobre ele, em meditação profunda, para exercitar suas habilidades e se proteger dos planos fracassados e que voltariam contra ela. Um grande estrondo no local a retira do transe, deixando-a irritada. A pouca luminosidade produzida pelas velas faz ela identificar Navarra.

- O que você quer, Navarra?!- questiona Sônia, asperamente.

- Sônia! Você precisa ser rápida, senão a maldição não surtirá efeito e voltará para ti! Você Precisa fechar o seu corpo e liberar o meu caminho!- diz Navarra, despejando de uma bolsa sete órgãos flácidos e sujos.

Sônia recolhe dois deles e os analisa próximo a uma das velas. Ela se surpreende com a identificação.

- São corações humanos!- exclama Sônia, admirada.

- Isso mesmo! São peças fortes de sacrifícios para um novo feitiço! Faça o melhor que puder! Potencialize suas habilidades! Você não tem mais nada a perder! É a sua chance!- diz a súcubo.

Ainda de madrugada, faltando pouco para o amanhecer, Mônica se despede de Arnaldo e Solange na plataforma. Ela iria partir para a viagem de trem, Rumo a Rio Bonito.

- Você tem certeza de que não quer mesmo o emprego, Mônica? Minha mãe está precisando muito de alguém de confiança.- pergunta Solange.

- Não, Solange! O meu tempo aqui já deu! Vou trabalhar na casa de família de uma das vizinhas da minha tia Bernadete. Será melhor assim.- diz Mônica.

- Não deixe de escrever, querida!- diz Solange, a abraçando.

- Enviei um telegrama à minha mãe e ela virá morar comigo em seguida. Graças a Deus, tudo tem dado certo.- diz Mônica, confiante.

- Obrigado mais uma vez por tudo, Mônica.- diz Arnaldo, tocando o seu ombro.

- Não tem de quê! Deus abençoe a vocês! E não deixe de orar pela libertação e cura!- diz Mônica, ouvindo o apito da última chamada do trem.

Ela carrega a sua bagagem para dentro do trem, que parte em seguida. Durante aquela madrugada, Sônia usa os sete corações humanos e mais todo o seu arsenal de sortilégios para promover a maior maldição para Mônica, se libertando do possível retorno do pacto macabro, que já estaria voltando para ela e a súcubo.

Mônica procura relaxar e acaba dormindo durante o som e os embalos do trem, assim como boa parte dos passageiros. Forças sobrenaturais são libertas, interagindo com as forças da natureza, provocando incêndio nos vagões e descarrilamento, tombando e ferindo a maior parte dos passageiros. Mônica tem um breve tempo para despertar com calor e susto, mas acaba desmaiando, acordando em uma dimensão tenebrosa, tomada por trevas e correntes incandescentes.

- Oh, Deus! Eu fui condenada!- exclama Mônica.

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