Capítulo 16

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    Na manhã seguinte, Arnaldo acorda em seu sofá e vai atender ao apito do carteiro, que lhe entrega um telegrama. Ele toma um banho, mas decide dormir no sofá, dando preferência para Mônica, com a cama de casal. Em seguida, descem Mônica, José e Antônia, observando apreensivos a fisionomia taciturna e surpresa do homem que a lê.

- É um telegrama da vovó Severina. Ela escreveu que a mãe de vocês está muito doente. - diz Arnaldo, sério.

Antônia desaba no sofá desconsolada, enquanto José lê o telegrama entregue pelo pai. Mônica senta ao lado de Antônia.

- Não fique assim, Antônia! Oraremos, clamando pela solução de todas essas

dificuldades que estamos atravessando neste caminho maligno!- diz Mônica, segurando em sua mão.

Do alto da casa, Navarra tem um mau pressentimento ao sentir que a fé de Mônica ficava cada vez mais fervorosa. O imponente e poderoso anjo, portando a sua espada dourada flamejante pousa no alto da casa, próximo a ela.

- Eles estão orando, Navarra! Em nome de Jesus, saia daqui!- diz Galiel.

- Eu vou, mas eu vou voltar! Eu sei muito bem dos pontos fracos desta família!- diz Navarra, se afastando.

- Eu preciso ser rápida! Vou até ela para clamar pela libertação e reconciliação de seus pais, restaurando toda a família novamente.- diz Mônica, saindo de casa em passos rápidos.

Longe dali, no cemitério, Navarra tenta se recuperar, se misturando a lama

cadavérica e putrefada no alto do morro. Ela observa a aproximação de Galiel

novamente.

- Quanta impertinência! Vou fazê-lo se arrepender de me perseguir!- diz Navarra, sacando e abrindo a sua navalha.

Galiel desembainha a sua espada dourada, que não estava mais incandescente. Eles travam uma violenta luta, mas o anjo percebe que agora ela estava ficando mais forte. A súcubo se diverte com a fraqueza do anjo.

Mônica se aproxima da casa de Severina e Solange e encontra com a senhora no quintal da casa. A velha olha para ela e as duas ficam um tempo em silêncio, estudando as reações corporais uma das outras.

- Bom dia! Eu preciso falar com sua filha!- diz Mônica.

- Mas é muita audácia e descaramento! A minha filha está com uma doença grave e o que mais você pretende?!- questiona a velha, indo para a rua com uma vassoura.

Mônica não se intimida. A velha se aproxima lentamente, enquanto Mônica continua a encarando. Severina lacrimeja.

- Por que está nos perseguindo?!- questiona a velha aos prantos e largando a

vassoura.

- Mãe! Não brigue com ela! Nós precisamos conversar!- diz Solange.

Mônica fica com pena ao ver a aparência tão abatida de Solange, que estava mais magra e pálida. Ela não compreendia como que uma doença poderia se manifestar tão rápido. Só podia ser intervenção maligna.

No cemitério, no alto do morro, Galiel continua em seu exaustivo confronto com Navarra. Ele pressente o choro das três mulheres e a conversão de mãe e filha e era uma oportunidade para se fortalecer através daquela intercessão, enfraquecendo Navarra de vez. O anjo saca a corrente dourada de sua cintura e a súcubo se deixa laçar por ele.

Galiel desfralda as asas e levanta voo, arrastando-a para o local de intercessão. A súcubo é mais rápida e faz duas voltas ao redor do anjo, acorrentando-o.

- Eu disse que ia fazê-lo se arrepender de me perseguir! Agora vamos passear!- diz Navarra, cerrando os dentes e puxando o anjo para bem longe.

Na casa, Solange respira fundo e Mônica a conduz para a sala, descendo a escada.

- Venha, Solange! Não há mais motivo para chorar! O seu marido e os seus filhos estão de volta.- diz Mônica, enquanto Arnaldo, José e Antônia a aguardavam emocionados na sala.

Todos se abraçam e Mônica sorri satisfeita, sentindo que finalmente o laço maligno estava desfeito.

No alto do morro do cemitério, sete satanistas se reuniam em um piquenique macabro. Navarra arrasta Galiel pelo ar durante o voo e o arremessa contra a árvore, sacudindo-a. Os satanistas se assustam, mas imaginam que sejam do vento.

- O que pretende?!- questiona o anjo, se soltando das correntes.

- Enfraquecê-lo! Está gostando desses "escoteiros" das trevas?! É pra você saber que, por mais que você tente proteger, a humanidade sempre será ingrata e fugirá do verdadeiro caminho! Vá embora, porque esse espaço é meu!- ordena Navarra.

Galiel levanta voo, enquanto Navarra se materializa perante os sete rapazes. Eles entram em pânico, mas não têm mais forças para se levantar e correr.

- Boa tarde, amigos! É um prazer atender a vossa invocação! Vou mostrá-los o que é uma verdadeira consagração! A oferenda aqui, são vocês!- diz Navarra sacando e abrindo a navalha, para desespero dos satanistas.

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