Conversa Franca

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P.O.V. Gabriel.

Meu Deus, vou ser pai! Nem acredito que vou ser pai. Depois do desastre no coquetel de ontem Emily e eu marcamos de conversar sobre o que vamos fazer. Então, ela veio ao restaurante depois do expediente.

-Bonjour.

-Bonjour.

Ela puxou uma cadeira de uma das mesas e se sentou. Puxei a cadeira de frente para ela e me sentei já perguntando: -Planejava me contar?

-Quer que eu seja honesta?

-Oui.

-Não. Não planejava te contar, o plano era esconder o bebê de você, o máximo de tempo que eu conseguisse, por isso me mudei. Não queria você perto do meu bebê porque estou cansada de rolos.

Ai.

-Mas, sou o pai dele.

-E eu não confio em você. Queria me distanciar de você e não me aproximar. Você algum dia já me amou ou mesmo se importou comigo? 

O que?! 

-Então é disso o que se trata. 

-Só responda a maldita pergunta. Ou você só achava divertido ficar brincando conosco, nos ludibriando e me fazer sentir uma merda?

-Nos?

-Sim. Porque não digo que sou inocente nesta história, não sou. Eu fui a otária e admito isso.

-A otária?

-Vai dizer que não? Você flertou comigo desde o primeiro dia sabendo que tinha uma namorada, então decidiu ir embora, nós dormimos juntos eu fiquei grávida e descubro que você tem uma namorada que por acaso virou minha melhor amiga e depois minha arquinimiga. E sei que fui uma idiota, que sou uma vadia ladra de namorado, que deixei meus sentimentos por você me dominarem mesmo quando eu não deveria por isso tenha plena certeza de que não me eximo da minha culpa. Meu Deus, eu sou A Outra Mulher!- Falou debruçando e deitando a testa na mesa.

-Você não é a outra mulher.

-É claro que sou! 

-Você é a única mulher e respondendo a sua pergunta, sim eu te amo.

-Mentira! É tudo falcatrua sua. 

-Porque eu não lutei por você? Pode ter razão, mas fiquei em Paris por você.

-É. Parabéns. Estou oficialmente impressionada.- Falou sendo sarcástica. Então ela tirou de dentro de sua enorme bolsa azul um pedaço de papel e uma caneta, então escreveu algo e entregou pra mim.

Quando vi o que estava escrito lá era um endereço e telefone fixo. 

-Meu novo endereço e o telefone fixo. Tenho uma ultra marcada para amanhã. Ás 15 horas.

Ela mandou uma mensagem e ouvi meu celular apitar, olhei e vi que era o nome e endereço da clínica.

-Fique á vontade para aparecer. Mal posso esperar para ouvir o coraçãozinho dele batendo.

-Quando foi que descobriu que estava grávida?

-Pouco depois de descobrir que tinha sido usada, traída e enganada. De novo. É, isso é tudo. -Disse pouco antes de se levantar para sair.

-Algum dia vai me perdoar?

-Provavelmente não. E mesmo se eu perdoar, não significa que vou te aceitar de volta.

Ela não disse mais nada simplesmente se virou e tentou sair. Mas, eu a impedi.

-Minha vez de falar.

-Desembucha.

-Você diz que queria que eu lutasse por você, mas continuava me afastando. Continua me afastando.

-Você desistiu muito fácil. E agora? Eu vou te afastar porque não quero me machucar de novo! E estou de saco cheio de drama. Estou magoada e triste e brava! E não presto pra ser polígama. Não sou do tipo de mulher que cada dia tá dormindo com um cara diferente! Sou uma romântica incurável pelo amor de Deus! Eu te deixei entrar. Eu não deixo as pessoas entrarem. Sou controlada, responsável, gosto de estabilidade e segurança. Esse vai e vem não é comigo não.

-Está dizendo que não tenho chance?

-Estou dizendo que não sei. Mas, se quer mesmo saber vou te dar os meus termos. Se está comigo, FIQUE COMIGO. Você já me fez ser a outra mulher, me fez de otária. Você me usou, me traiu e me enganou igualzinho a Camille e eu não sou tão ingênua á ponto de achar que você vai mudar e virar um homem melhor. Isso é ilusão. E também não sou idiota a ponto de achar que se eu te aceitar de volta você não vai me botar um par de chifres. Já me ferrei muito por achar que cafajestes viram homens decentes por obra do amor.

Ai. Essa doeu. Mas, eu mereci.

-Entendo. O que fiz com você foi sacanagem e admito.

-Então até amanhã.- Disse ela saindo do restaurante sem dizer mais nada. E o amanhã chegou cedo e pedi ao Antoine que precisaria sair ás 14 para ir ao médico com a Emily. Ele me parabenizou pelo fato de que vou ser pai. 

E neste exato momento estou na sala de espera do consultório da obstetra com a Emily sentado numa cadeira acolchoada vendo várias mulheres grávidas, outras com bebês no colo e ainda haviam crianças correndo em volta, gritando, chorando. E Emily estava lendo uma revista médica que falava sobre gravidez.

P.O.V. Emily.

Ter um filho é uma responsabilidade enorme e não quero que meu filho cresça numa família quebrada. Onde brigas, desentendimentos e discussões são uma coisa normal. Quero que ele cresça á salvo e amado, que se sinta seguro, protegido. Que ele saiba o que é o amor. O amor de verdade, baseado na honestidade, no respeito próprio e mútuo.

Então fui chamada. E entrei no consultório da Obstetra com o Gabriel atrás de mim. A mulher ruiva nos cumprimentou, deu uma roupa na minha mão e acho que mandou eu me trocar.

-Ela disse...

-Vá pra trás do biombo e troque de roupa. Eu entendi.

Fui para trás do biombo com estampa de flores vermelhas e tirei a roupa vestindo a camisola médica em seguida. Ai eu sai.

Ela disse mais outra coisa e acho que mandou eu me deitar, colocou a maca de um jeito que minhas pernas ficaram para cima, encapou o equipamento de ultrassom que é tipo uma varetinha e passou gel. Falou mais alguma coisa pouco antes de enfiar a varetinha na minha... bom, acho que vocês sabem onde.

E comecei a ouvir o som. Aquele bum, bum, bum constante que parecia vindo de mil léguas submarinas. Senti os meus olhos ficarem cheios de lágrimas.

-O bebê está bem? É saudável? De quanto tempo já estou?

-O feto é saudável, o desenvolvimento é normal. Parece estar de dezessete semanas.

-Já?!

-Oiu.

-Eu posso sair pra correr não posso?

-Contanto que não vá correr uma maratona. Como vai a alimentação?

-Estou evitando comer porcaria, não bebi, não fumo e nem pretendo começar agora.

-Enjoo?

-O tempo todo. Contribui para o meu mau humor. Estou tomando um remédio pra isso, conversei com o farmacêutico e ele disse que era seguro tomar estando grávida. Como não lembro o nome direito eu trouxe a caixa. Já dá para saber o que é? Menino, menina?

-Ainda não. Em breve.

Depois de terminar o ultrassom a médica ainda conversou conosco, mostrei para ela a caixa do remédio e a Doutora Moreau concordou que era seguro tomar, depois me receitou vitaminas pré-natais e marcou a próxima consulta para 10 de fevereiro, já que estamos em janeiro.

-Mercy Doutora.

Ela assentiu com a cabeça e nos despedimos com um beijo de cada lado.

P.O.V. Gabriel.

Ouvir o coração do meu filho bater foi uma experiência maravilhosa. Mas, a Emily ainda está brava comigo e preciso de ajuda. Ela tem razão em dizer que fui fraco em não ter lutado por ela, mas não vou cometer o mesmo erro de novo.

Emily In Paris-Emily's babyOnde histórias criam vida. Descubra agora