Mary Cooper

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Abrindo a porta eu não acreditei quem era que estava lá parada na minha frente. Minha mãe alcoólatra e abusiva Mary Cooper. Ela me cumprimentou com o seu típico sotaque da Louisiana, é pois é eu nasci na maldita Louisiana em uma cidade minúscula chamada Harrisonville. 

-O que você quer?- Perguntei. 

-Entendo que esteja muito brava comigo, mas posso entrar?- Ela perguntou.

E que vou fazer deixar a minha mãe na rua? Não, é claro que não convidei-a a entrar, mas não vou dar abertura. Eu conheço muito bem esta peça rara.

P.O.V. Mary.

A minha filha está me olhando com os olhos cheios de raiva, os braços cruzados na frente do peito. Está mais do que óbvio que ela não está feliz em me ver. A boca dela se retorceu, ela estalou a língua e então se pronunciou.

-Vai responder a minha pergunta? O que você quer Mary? Se está atrás de dinheiro, esqueça não vou o MEU dinheiro para você torrar em bebida. Em que encrenca se meteu dessa vez?- Ela perguntou.

E aquilo partiu o meu coração. Foi como levar um chute na cara porque eu vejo que o quanto eu a prejudiquei, a decepcionei. Quando falei que vim pedir o seu perdão e queria que pudéssemos tentar de novo Emily não gostou, ela soltou uma risada sem humor e respondeu: -E eu devo acreditar? Não acredito mais nas suas promessas vazias mama. Se a experiência me ensinou alguma coisa é que só está aqui porque quer dinheiro ou porque se meteu num rolo do qual não consegue sair.

-Sei que não acredita em mim, mas as coisas estão diferentes agora. Eu estou diferente.- Eu disse.

-É, certo. Você não precisa de ajuda, você tem Jesus e usa a bíblia para bater na cabeça da sua filha enquanto a chama de vadia suja. Mas, o ponto alto foi quando eu tentei de levantar do chão, do meio do seu próprio vômito e você bateu na minha cabeça com uma garrafa de vodka.- Ela disse. - Você é o Diabo criança, você não é minha mãe.- Disse Emily.- Você nem se lembra não é? Estava bêbada demais para lembrar, mas lembro. De tudo. Eu tenho uma boa vida aqui e não vou te deixar arruiná-la.

 -Você nem consegue levantar, sua vadia patética e feia. Você pode ter me carregado, cuidado de mim, mas obviamente agora você quer me matar e se eu for forçada a escolher entre você e eu, adivinha? Você perde.- Eu disse citando cada mísera palavra que minha filha me disse antes dela empacotar as coisas e partir.

Ela se sentou no sofá e não disse nada por um longo, longo tempo até que alguém entrou pela porta carregando sacolas de compras. Um rapaz alto, de cabelos castanho claros muito bem cortados e lindos olhos azuis. Ao se deparar com a cena diante de si ele deixou as sacolas sob a bancada da cozinha e veio nos cumprimentar.

-Não sabia que tínhamos visita. Se tivesse avisado eu teria comprado mais comida.- Disse o rapaz.

-Ela apareceu sem convite. Gabriel, essa é a Mary, Mary, esse é o meu namorado Gabriel.- Ouvi a minha filha dizer sendo o tão suscinta quanto possível.

Eu apertei a mão dele e disse que era um prazer conhecê-lo, contei que era mãe de Emily e quando eu disse isso ela não respondeu só se levantou e disse que iria tomar banho antes que Ella acordasse. Só então percebi que havia diversos brinquedos, chupetas e mamadeiras espalhados pelo apartamento. Perguntei ao rapaz sobre isso e ele me revelou que eles tinham tudo uma filha, Ella. Ele falou sobre o parto difícil, a internação de Emily, o fato dela ainda estar doente e que o médico recomendou repouso e fiquei chocada e triste. Minha filha ficou grávida, ela passou pela gestação inteira e teve o bebê e eu não fiquei sabendo de nada.

Não conheço a minha filha, ela não pensou em me ligar para compartilhar a boa nova. Não conheço a minha filha, minha própria filha. Não sei quem ela é ou que tipo de vida ela leva, não pude ajudá-la quando ficou grávida, quando quase morreu no parto e tudo isso é minha culpa.- Pensei chorando.

-Não chore senhora.- Ouvi o rapaz dizer com seu sotaque francês.

-Esse choro é para mim. É uma coisa terrível para uma mãe, falhar com um filho. Como eu bem sei. Emily me odeia e ela tem bons motivos. Eu feri a minha garotinha, bati nela, não cuidei dela, nunca fui grata por todos os sacrifícios que ela fez por mim. Roubei a infância da minha filha e o ódio dela por mim? É o jeito de Deus de me castigar.- Falei.

P.O.V. Gabriel.

A mãe de Emily tem um sotaque muito diferente. E ela parece triste, está arrasada. Pouco depois Emily saiu do quarto e começou a guardar as compras, me perguntou como foi o meu dia, o que eu tinha cozinhado hoje, qual foi o prato mais pedido e eu respondi que meu dia foi bom e que cozinhei filé ao molho madeira e que o prato que mais saiu foi salmão ao molho de alcaparras.

-Mm, adoro salmão e alcaparras. Bom, o meu dia foi bom. Ella chorou bastante, troquei muitas fraldas e tomei todos os remédios.- Disse Emily guardando a manteiga na geladeira.

Ela ignorou completamente a presença da mãe e quando o bebê finalmente acordou vi Emily dar o peito para Ella mamar, acabei descobrindo que finalmente o médico a havia liberado para começar a amamentar. Vendo o jeito como ela olha para a nossa filha com tanto amor, devoção é uma coisa linda. As duas estão se olhando enquanto Ella mama e o bebê não sabe se mama ou se dorme.

-Eu te amo tanto Princesa, eu nunca, jamais deixar nada de ruim acontecer com você. Je Promets.- Disse Emily para Ella.

Nós conversamos e aparentemente Mary vai ficar conosco por algum tempo.

Emily In Paris-Emily's babyOnde histórias criam vida. Descubra agora