Tempestade

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P.O.V. Gabriel.

Mon Die! As coisas não estão boas, as coisas realmente não estão boas. A tempestade que ameaçava cair faz três dias finalmente está desabando sob nossas cabeças e para piorar Emily entrou em trabalho de parto. E a criança não nasce, ela está gritando á plenos pulmões soltando gritos de dor e da última vez que conseguiu falar reclamou que sentia uma dor muito forte na barriga.

-Temos que levá-la ao hospital maman, mesmo que seja embaixo de tempestade.- Falei.

Então eu fui buscar o carro, ajudei Emily a se levantar e a coloquei dentro do carro. Ela foi no banco de trás com a minha mãe, estou no volante e meu pai no banco do carona. Tempestade está muito forte e meus pais moram num lugar afastado, no campo onde só tem estrada de terra. Com a chuva o rio transbordou, as estradas estão bloqueadas. Tentei dar ré e pegar outro caminho, mas assim que cheguei na outra estrada caiu uma árvore, por pouco que a árvore não cai encima do carro e tivemos que voltar para trás.

-E agora mamãe o que vamos fazer?- Perguntei apavorado.

-As crianças estão vindo ao mundo desde antes de inventarem hospital. Já fiz alguns partos na minha época. Deite a menina na cama e vá botar água para ferver, me traga panos limpos e o kit de primeiros socorros que eu tenho guardado lá no armário do banheiro. Vai. Agora.- Disse a minha mãe.

E eu obedeci. Fiz tudo o que ela mandou, mas ainda assim a criança não nasce. Está demorando muito, Emily está gritando e a cada hora que passa ela fica mais pálida e mais fraca. Minha mãe tenta disfarçar, mas pela cara dela... as coisas vão mal.

-Pelo amor de Deus não me deixe morrer Dona Lea. E nem o meu bebê, mas eu prefiro morrer para ela viver. Eu dou a vida por ela, dou a minha vida por ela.- Disse Emily com uma voz fraca, era quase um sussurro.

-Calma minha filha, vai dar tudo certo.- Disse a minha mãe confortando Emily. -Você vai ter que me ajudar filho. A criança está mau posicionada por isso que o trabalho de parto não progride, preciso que você se apoie na barriga dela, vamos tentar fazer o bebê virar.- Falou a minha mãe.

Segui as instruções de minha mãe me apoiei na barriga de Emily com firmeza e gentileza para tentar fazer com que o bebê se virasse. Mas, pelo jeito não deu certo e para piorar a minha namorada começou a tremer e a reclamar que estava com frio. Quando minha mãe colocou a mão na testa dela constatou que Emily está com febre então foi fazer chá de hortelã com canela e mel e deu para Emily beber juntamente com um antitérmico.

-Eu sei que o gosto é horrível, mas tem que tomar tudo. Vai diminuir a febre. Oh menina, mas que azar você tem. Que que essa garotinha foi inventar de nascer agora?- Ouvi minha mãe dizer.

P.O.V. Emily.

O chá tem um gosto muito ruim mesmo. Estou tão cansada, exausta sinto que vou morrer e vira e mexe eu tenho essas pontadas agudas que me atingem como ondas de dor. A mãe do Gabriel me mandou descansar, mas não sou idiota sei que há algo errado, eu posso sentir. Deus, Deus permita que minha filha nasça com vida e se eu tiver que morrer só me conceda uns minutinhos para eu poder ver o rostinho dela, saber que cor são os seus olhinhos, o seu cabelinho. Proteja a minha garotinha Virgem Santíssima.

P.O.V. Lea.

A menina dormiu. Coitadinha. Não é fácil parir um filho e a criança está mal posicionada, temos que tentar fazer o bebê virar, mas não agora. Agora é melhor deixar a mãe dormir e recobrar as forças porque ela vai precisar de suas forças para poder dar á luz. Ela dormiu por uma hora e meia, mas finalmente despertou. Tive que ajudá-la a sentar-se com as costas apoiadas no travesseiro.

-Como está o bebê?- Ela perguntou.

-Está bem. O coração está batendo forte como o seu. A sua bolsa finalmente estourou daqui em diante as coisas vão acontecer mais rápido. Tenha fé minha filha, vai dar tudo certo.- Falei.- Agora respire bem fundo e procure ficar calma, quando vier a dor respire bem fundo.

E demorou viu, ainda bem que está passando a tempestade, mas quem sabe quanto tempo vai durar essa agonia? A menina está fraca, branca como cera se a criança não nascer logo... Deus nos ajude. De repente... houve um apagão.

-Mon Die! Preciso de velas. Vá buscar velas.- Mandei o Gabriel ir porque... se o pior acontecer não quero que meu filho esteja aqui para ver.

Sei que Gabriel está tão angustiado quanto eu. Se não mais que eu. Ele trouxe as velas e vai ter que me ajudar.

-Agora meu filho vamos tentar novamente. Se apoia na barriga, bem de leve. Essa menina tem que virar.- Falei sem conseguir esconder a urgência na minha voz. A mãe está inconsciente, está muito fraca.

De repente, por um milagre alguém ouviu as nossas preces e Emily recobrou a consciência, ainda está bastante fraca, mas está consciente.

-Ela está reagindo graças á Deus! Acorda ela. Acorda ela filho, tente fazê-la recobrar os sentidos.- Eu mandei.

E meu filho obedeceu.

-Vamos! Vamos menina! Sua filha já vai nascer! Precisa fazer força, precisa empurrar! Amanhã vai poder descansar, mas agora precisa empurrar. Empurra!- Eu disse e ela empurrou.

-Isso! Isso! Ajude o bebê!- Eu disse esperançosa.

Foram três empurrões e com a graça de Deus a menininha nasceu chorando á plenos pulmões. Mas a alegria durou pouco porque no segundo em que a criança nasceu as pernas da mãe vieram abaixo, a mãe não se movia. Gabriel chamava por ela, mas ela não respondia. Cortei o cordão umbilical e mandei meu filho levar a menina, cuidar dela enquanto isso eu me concentrava na mãe e seu estado é... crítico. Felizmente a tempestade passou e decidimos levar as duas ao hospital e que Deus nos ajude. Que a mãe viva.

Emily In Paris-Emily's babyOnde histórias criam vida. Descubra agora