3 - Surpresa

30 3 1
                                    


Narrado por Lilly:

Estou no banheiro me sentindo enjoada. Comi uma coxinha na merenda e tô com vontade de vomitar. A Tayssa acabou de entrar no toalete.

- Oi Lilly Bom dia! -- Ela fala sorrindo pra mim, mas quando vê minha careta pergunta:

- Tá tudo bem?

- Oi. Tô me sentindo bem não.

- Vish. O que foi?

- É só um mau estar. Depois passa. De uma coxinha que comi

- Ah. Era bom tomar um remédio.

- É. -- Então ela foi lavar o rosto estava bem suada.

- E você chegou agora porque?

- O ônibus deu prego. Vim andando.

- Eita.

- Vamos pra sala?

- Vamos. Vou só passar no bebedor pra encher minha garrafinha. Acho que tenho remédio na bolsa.

No bebedor enquanto enchia a garrafa a Tayssa olhou estranho pro corredor da entrada. Depois seguimos pra sala. E fui falando.

- Parece que tem gente nova na área.

- Parece mesmo. Mas acho que já conheço.

- Deve ser algum aluno novato que conseguiu a vaga agora; assim como eu que entrei depois.

- Pois é.

Na sala de aula a professora de geografia passou uma atividade enorme. Já sei que não vai dar tempo de terminar. Esses professores não têm dó da gente. Passamos o dia inteiro aqui e nos intervalos ainda temos que dar conta de mais tarefas. Eu já quero férias!

Nesse instante um menino passou em frente a nossa sala e Tayssa ficou olhando até ele sumir. Sério. Ela olhou até pela parte de baixo da "parede" que é aberta.

Essa escola foi feita pra gente se sentir bem a vontade. A única parede de verdade aqui na sala é a do Fundão e da frente onde fica a lousa. Ao lado direito é só um batente de um metro que não podemos pular. Lá só tem pedrinhas e depois um paredão enorme com aberturas que dá pra ver quem passa na rua. Depois do pequeno muro da escola.

No intervalo

Narrado por Tayssa:

A Lilly já está bem. Mas disse que não vai comer nada, só no almoço. A Mary vai comigo e a Acsa merendar. A fila até que não está tão grande. Pegamos suco de cajá e pão com queijo esfarrapado. Merendamos no pátio e logo vamos ao banheiro, depois eu bebo água e vamos juntas pra sala. Temos 20 minutos para merendar e voltar para as próximas aulas.

As meninas entraram na sala e eu fiquei respondendo umas mensagens no celular do lado de fora. Então ouvi aquela risada esquisita.

- E aí quatro olhos -- Eu tive que começar a usar óculos esse ano, minha visão piorou devido o esforço estudando tanto e ele não perdia a chance de me irritar, mas não revidei.

- Otniel então você passou.

- Pois é. Estou na turma de enfermagem.

- Que bom!

- Pensou que ia se livrar de mim nera? -- Eu ri e falei.

- Pois é. Fazer o quê né. -- Ele piscou pra mim e saiu pra sala dele.

Já fazia vários meses que as aulas tinham começado, mas se algum aluno desistisse. Alguém que estivesse na fila de espera podia entrar. E esse foi o caso dele. Ainda bem que ele não escolheu informática porque se não seria mais três anos aguentando ele na minha sala o dia todo.

Esses últimos meses não foram nada como imaginei. Já desisti do sonho de me livrar dos bagunceiros. Aqui encontrei muitos que superam os do meu passado. Deve ser um teste de sobrevivência ou algo assim. Tem horas que sinto muita dor de cabeça, mas não vou desistir. Deus está comigo. Já fiz muitas amizades e espero dar um bom exemplo.

LICEUOnde histórias criam vida. Descubra agora