Quinto Andar (Romance Lésbico)

Capítulo 25

LYLA

Lyla acordou, mas não se levantou. Debaixo dos lençóis e da pouca luz que entrava no quarto, ela não conseguia parar de observar Elizabeth enquanto ela dormia. Seu corpo estava com mais cicatrizes do que ela se lembrava, o que fazia sua mente a torturar imaginando como ela tinha ganhado cada uma delas.

Ela também estava mais magra e definida, suas mãos estavam cheias de calos e cicatrizes e ela sabia que isso era o resultado de treinos pesados, provavelmente de vários tipos de armas. O que fazia seu coração apertar. Mas Lyla entendia que Elizabeth fazia o que podia para sobreviver, por mais assustador que isso fosse. Apesar das circunstâncias, Lyla a achava uma guerreira. Ela duvidava que seria forte o suficiente para passar por tudo isso com sanidade.

Mas nesse quesito talvez nem Elizabeth fosse...

Lyla podia contar nos dedos quantas vezes havia visto ela dormindo tranquilamente. Era sempre inquieta, tensa, com as mãos apertadas e a testa franzida. E não foi diferente dessa vez. Elizabeth tinha pequenos espasmos em seu rosto enquanto dormia, como se estivesse tendo um sonho muito ruim. Lyla odiava ver aquilo, não podia deixá-la assim, tensa até durante o sono, então levou uma mão até seu rosto para acordá-la com cuidado.

- Liz... Ei...

De repente Elizabeth acordou como se tivesse visto um monstro ou algo do tipo, segurando a mão de Lyla com força como se precisasse se defender de um ataque.

- Não! - Elizabeth gritou em um visível desespero, provavelmente ainda sem ter noção da realidade.

O coração de Lyla quase pulou para fora por sua garganta.

- Elizabeth, sou eu! - nesse momento Lyla estava tão aterrorizada quanto ela.

Felizmente não demorou muito e ela voltou para a realidade e a soltou.

- Me desculpa... Eu... - Elizabeth não terminou de falar e respirou fundo enquanto passava as mãos trêmulas no rosto. - Me desculpa.

Lyla levou a mão até o peito como se isso fizesse seu coração se acalmar.

- Com o que você estava sonhando?

Elizabeth não respondeu e se sentou na beira da cama, de costas para ela. E Lyla não ficou surpresa quando viu a pele de suas costas com várias cicatrizes. Coisa que ela não tinha notado na noite anterior, mas agora na luz do dia, estava nítida.

Com cautela, Lyla se aproximou e se ajoelhou atrás dela, enquanto acariciava seus ombros tensos na tentativa de acalmá-la.

- Está tudo bem...

Com a cabeça caída, Elizabeth negou.

- Não, não está.

Lyla envolveu seus braços nela, a abraçando por trás e distribuindo beijos em sua nuca e seus ombros.

- Está sim... Estamos aqui. Estamos vivas. E estamos juntas... Vamos aproveitar isso...

Elizabeth respirou fundo e Lyla pôde sentir seus ombros relaxarem um pouco mais. Mas não foi nada mais do que um por cento.

- Eu não consigo mais viver assim. Simplesmente não consigo.

Lyla não precisava perguntar do que Elizabeth estava falando. Ela sabia muito bem. E não podia fazer nada mais que entender e ter empatia. Mas apesar de ter sofrido perseguições da família Lockwood, Lyla nunca saberia exatamente como era estar na pele de Elizabeth. O sofrimento que ele causou a ela era algo terrível e inimaginável.

- Eu estou com você. - Lyla falou em um tom baixo e calmo. - Estou aqui pra você... Sempre. Independente de qualquer coisa. E ninguém vai tirar isso da gente.