Capítulo 29

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A estação de trem estava cheia. Eu pude testemunhar pais e filhos se abraçando com a saudade evidente em seus rostos. James não era diferente, nossas mãos estavam unidas, o tremor em seus dedos pode ser sentido. Esse feriado é importante para ele, o maroto ama o natal, chocolate quente e a neve. Eu tenho um desafio e tanto pela frente, é medonho pensar que serei avaliada por seus pais.

O sobrenome Potter é importante para a comunidade bruxa, muitos admiram e presam pelo tradicionalismo sanguíneo. Eu agradeci o tempo ao ar livre que tivemos, Fleamont e sua esposa estavam ocupados e não puderam ir a estação de trem nos buscar. É provável que o casal esteja organizando os últimos detalhes para a chegada do único filho.

Os meninos conversavam com alegria, a atmosfera entre eles era leve e descontraída e extremamente calma, ao contrário de mim. As sensações são arrebatadoras, um misto irreal e intenso de medo e incerteza. Medo sobre os futuros acontecimentos e incerteza quanto ao nosso relacionamento. Eu jamais cogitei essa situação, estar andando de livre e espontânea vontade para a cova dos leões.

Meu coração parecia desejar saltar para fora da cavidade torácica, os pulmões tinham dificuldade em trabalhar com eficiência. Tudo se resume a aceitação. E, no momento, eu me imagino sendo rejeitada por eles, avaliada nas piores situações e testemunhando o olhar de desapontamento no rosto de James. Ouvi que a vida imita a arte e isso é verdade.

A maioria das histórias de romance são enredos que realmente aconteceram, porém a verdade é que nem todas terminam bem, com o casal andando até o pôr do sol. Algumas se tornaram sinônimo de tragédia e dor, repletas de lágrimas e angústia, onde a única saída foi a separação iminente. Eu queria acreditar que o amor é maior do que tudo e todos.

Que duas pessoas podem lutar contra o mundo e as pessoas a sua volta, mas a vida é mais complexa que uma história programada para transmitir uma mensagem. Eu adoro que James expresse seus sentimentos sem medo ou vergonha, assim como eu tenho tentado. A questão é que não estou disposta a separar o filho dos pais, mesmo que ele esteja aberto a essa possibilidade assustadora.

As vezes... as vezes é preciso realizar os sacrifícios que machucam seu coração, alma e destroem seus sonhos. Eu estou disposta a sacrificar tudo para que James fique bem, é o mínimo que posso fazer depois de tudo que o bruxo fez comigo. Ele abriu meus olhos para o mundo mágico de amar e ser retribuída, tenho uma nova perspectiva graças a ele. Eu jamais conseguirei mostrar sua importância.

E, mesmo que sejamos jovens, eu nunca serei capaz de esquecê-lo. Do sabor doce nos seus lábios ou do perfume característico que é somente seu. A insistência apaixonante por sua amada grifinoria ou da maneira como ele sorri com facilidade. Eu nunca conhecerei um ser humano disposto a suportar xingamentos e olhares tortos, mas sem perder o sorriso, os seus amigos compensaram tudo.

Ele abriu a sua casa para um lobisomem e um bruxo renegado. Admitiu seus erros e os usou como alavanca para amadurecimento. O que muitos consideram impossível, para ele, é uma oportunidade de quebrar paradigmas, ele é extraordinário e único. Euphemia tem todo o direito de sonhar com o melhor para James, e Fleamont está certo em questionar as minhas intenções nesse relacionamento.

Entretanto, eu tenho direito de continuar assustada e amedrontada. Eu tenho direito de querer dar meia volta e fugir, porque embora o tempo de namoro seja curto, e mesmo que eu não tenha recebido um pedido oficial, a nossa proximidade significa muito para mim. Eu não consigo imaginar um futuro onde ele não faça parte, é estranho admitir o quanto James veio a se tornar fundamental para mim.

- Tudo bem? Está quieta - Indagou cheio de preocupação e cuidado.

- Estou com medo, James. E se eles não gostarem de mim? - Perguntei aflita e parei de caminhar, incapaz de esconder o misto forte e desencorajador de sentimentos.

- Nós vamos indo na frente - Remus veio ao meu socorro e obrigou os amigos a seguir em frente.

Observei o trio composto se distanciar e sumir no horizonte, a neve impossibilitado um pouco a visão. O maroto me abraçou e eu não consegui segurar as lágrimas, de repente, não foi possível omitir as consequências de sofrer tanta pressão. Continuamos abraçados e seu aperto nunca diminuiu, muito pelo contrário, o bruxo puxou meu corpo para mais perto. Ele e eu estávamos grudados, eu nunca estive mais segura do que em seus braços.

- Melhor? - Questionou ainda próximo, o seu polegar limpou os rastros de lágrimas em minha face com cuidado.

- Sinto muito - Murmurei baixo, sem jeito e incapaz de olhar em seus olhos.

- Nunca peça desculpas por expressar o que sente, Jasmim. Eu sou o seu namorado, é um privilégio estar aqui quando precisa de um ombro para chorar, linda - Ele respondeu sério, nem parecia o homem risonho de antes - Tem ideia do quanto é maravilhosa? É impossível e improvável que não gostem de você. Jasmim, meus pais te adoram - Afirmou.

- Eles nem me conhecem de verdade, as chances de acabar em tragédia são grandes e muito prováveis, James - Discordei na mesma hora e o bruxo revirou os olhos.

- Morgana, você é tão teimosa - Zombou e o empurrei de brincadeira - Me agredindo? O meu futuro será assim, mulher? - Provocou, eu não consegui segurar a risada.

- Você é o único capaz de me fazer rir no meio do desespero - Sorri, acariciando o rosto pelo qual aprendi a amar - Obrigada, James, é muita gentil da sua parte - Elogiei.

- Eu só estou cuidando do meu pequeno girassol - Afirmou galanteador.

- Sirius não gosta dos seus apelidos, ele acha cafona e irritante - Comentei e ele sorriu, acionando sinais de alerta e perigo.

- Ele disse é? Bom saber, porque agora a minha motivação aumentou - Ergueu as duas sobrancelhas, fazendo movimentos estranhos e engraçados com elas.

- Talvez, eu concorde em participar para irritar seu amigo - Respondi e ele me olhou de maneira surpresa.

- É por isso que eu te amo - Afirmou sem pensar nas palavras, elas vieram com intensa naturalidade - Desculpa, é cedo para jogar os meus sentim... - Ele gaguejou, assustado com a possível rejeição.

- Eu te amo, James - Afirmei aliviada por admitir em voz alta pela primeira vez.

Entretanto, fomos interrompidos por um corpo feminino se jogando em nós, foi difícil e quase impossível manter o equilíbrio. Eu gritei enquanto James sustentou o peso extra, olhei ao redor e havia uma plateia observando essa cena inusitada. Sirius, Remus e Petter tinham dificuldade em esconder a risada. Identifiquei o rosto familiar de Fleamont, o pai de James e meu sogro. Então essa é...

- Mãe, por favor - Implorou o bruxo que é beijado insistentemente pela mulher.

- Meu bebezinho - Euphemia ignorou seu protesto e continuou beijando as bochechas e qualquer área visível em seu rosto.

- Mãe, está me envergonhado na frente da minha namorada - Ele conseguiu recuar de maneira desajeitada e desesperada.

A mulher congelou e pareceu absorver a informação, e como mágica, sua atenção veio direto para mim. Eu corei violentamente e seu sorriso se alargou ainda mais. Ela caminhou e sua elegância foi notável, Euphemia se movia com graça e beleza. Eu congelei quando seus braços envolveram meu corpo com cuidado e proteção. O perfume floral inundou meu nariz e trouxe consigo um calor agradável. James e eu trocamos olhares e ele sorriu.

- Bem-vinda a família, querida - Ouvi sua voz doce sussurar em meu ouvido, e eu pude respirar aliviada - É bom finalmente conhecer você - Confessou.

Atração Imediata - James PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora