capítulo 11

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- Alô?

- Oi. - A voz de Harry saiu cantada e baixa, quase como um suspiro.

- Oh, meu amor. Você tá bem? - O coração de Louis foi cortado em mil pedacinhos ouvindo a voz de Harry sair tão desanimada.

- Eu estou sim, só... uh, ansioso.

- Entendo, você devia tá estudando agora, certo?

- Sim, sim. É o horário que eu estudo geralmente. Eu sempre reservo esse momento para abrir o notebook, pegar meu diário de bordo e fazer as anotações da pesquisa, mas agora isso é impossível. Ainda estamos sem luz, e meu computador descarregado... nossa, eu odeio quando as coisas saem do meu previsto, principalmente assim, tão encima da hora. - Harry falava agitado, ele estava sentando em sua cadeira giratória, de frente para seu notebook desligado e fechado, com seu caderno ao lado. Ele batia compulsivamente a mão com o punho fechado encima de sua escrivaninha, era muito difícil para ele quando algo tão certo sobre sua rotina simplesmente mudava, sem horas de antecedência e sem ser avisado.

Mas não era algo que Harry controlava. Obviamente ele sentia-se culpado por ficar tão nervoso com um imprevisto, relativamente, "pequeno", pensando que ele era idiota por estar mal com algo simples que mudou. Mas ele não conseguia evitar de se sentir dessa forma quando sua estabilidade era perturbada.

Harry era um pouco rotineiro e gostava de fazer algumas coisas em uma ordem que fizesse sentido para ele. E sem perceber, ou sem pensar muito, simplesmente fazia as coisas na ordem que se sentia confortável e isso seguia normalmente. Até a coisa mudar, e ele perceber que, porra, aquilo era importante para ele, fazer as coisas naquela ordem, daquele jeito. E isso o frustrava muito, quando algo assim acontecia ele ficava o restante do dia ansioso e esperando o momento que aquela coisa fosse acontecer, mesmo sabendo que não vai, ele esperava por ela inconscientemente, mas ainda sim consciente de que nada aconteceria, e isso gerava uma onda de ansiedade descontrolada dentro de sua confusão mental.

- Desculpa por isso, eu sei que é bobeira, você tá se maquiando, melhor eu desligar...

- Harry, ei, não! Seus sentimentos não são bobeira pra mim, eu levo o que você sente a sério. É realmente ruim pra você imprevistos, você me disse isso antes, lembra? Eu te entendo. - Louis tentou tranquilizar o outro, escolhendo as palavras certas pra soar compreensível. Quando Harry disse na última chamada que era psicoatípico, Louis não entendeu direito pra falar a verdade. Ele pesquisou na internet e se deparou com tantas informações diferentes que não soube o que de fato era verdade e o que era mentira. Mas ele entendeu que Harry é uma pessoa com deficiência, com uma deficiência invisível, ou seja, apesar das pessoas não verem suas frustrações, pensamentos, sentimentos e todas suas características interiores, não quer dizer que sua deficiência não estivesse ali. E obviamente Louis não seria um idiota, ele vai escutar o que Harry tem a dizer e entender direito o que tudo isso significa, não é tão difícil assim não ser um completo babaca.

- Mas, uh, você não vai mesmo ser incomodado comigo falando com você? - Harry agora, além de bater sua mão na escrivaninha, também balançava sua perna direita freneticamente.

- Não, não, meu amor. Eu gosto de falar com você. Eu vivo falando sozinho, comigo mesmo, quando me maquio, então sua companhia é muito que bem vinda. - Louis tentou então não focar em como ele queria consolar Harry, mas mostrar que Harry também estava o ajudando. Não que fosse mentira, Louis disse a verdade. E também queria dizer que adorava estar com Harry, e o sentimento era que apenas pudesse passar cada vez mais e mais tempo com ele.

- Oh, se eu estou ajudando então... então acho que é bom, yeah? Vamos conversar então. - Louis ficou feliz que fez Harry ver por outro viés. - Você está fazendo como a sua maquiagem?

Afeto ; larry stylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora