Capítulo 1

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Está chovendo como todos os dias dessa semana, e como sempre estou na minha cafeteria favorita bebendo um simples café.

A tantas pessoas aqui com expressões, roupas e personalidades diferentes.

A minha direita a um casal de idosos bebendo chá, eles estão usando roupas de inverno confortáveis. Me pergunto como se aturaram por tanto tempo. Eles definitivamente são doidos! Ou eu que sou doido? Mas é mais provável que eles que estejam doidos porque eu não casei e sim eles.

Tlin tlin

Duas meninas jovens uniformizadas com bolsas, acessórios e calçados caros passam pela porta fazendo o som ecoar por toda cafeteria, para ser mais direto... filhinhas de papai e mamãe.
Seus rostos estão totalmente cobertos pela maquiagem forte e nada discreta. Estou a um passo de procurar um circo pra elas.

Elas sentam, fazem o pedido e olham para todos com desdém.

Que meninas insolentes.

Tlin tlin

Um jovem com o mesmo uniforme entra e se junta a elas. Ele não está com uma feição nada agradável, deve ter acontecido algo horrível, com certeza o pai não quis comprar um novo modelo de carro, a vida dele é sofrida e injusta.

— Por que você não foi me ver jogar? – Pergunta o rapaz para a jovem de cabelos loiros. Ela arquea as sombrancelhas e responde em tom de deboche:

— Por que eu deveria?

— Você é a minha namorada! Por isso você deveria me ver jogar.

Humm isso está ficando interessante, briguinha de "casal" bem fútil, mas interessante de se ver.

— Eu era!

— Como assim?

— Eu vi você com a nerd.

— Ela estava me ajudando a estudar!

Que desinteressante, parece aqueles filmes de adolescentes que o garoto descolado troca a garota mais popular por uma nerd.

Cansei.

Vou até ao balcão, peço mais um café, e aguardo pois estão preparando.

— A minha vida é muito complicada, o meu pai quer que eu faça faculdade!

Ouço o tolo rapaz falando e solto uma gargalhada sarcástica.

— Tá rindo de que babaca? – Fala com uma voz grosseira levantando da cadeira.

— Aqui está o café senhor!

— Obrigado. – Pego o café e pago o homem que me atendeu.

Passo pelo rapaz, paro em seu lado e digo:

— Que fútil! – Falo com desdém e ando tranquilamente até a porta do café e saio. Ele não disse sequer uma palavra, me surpreendeu.

Ao sair uma leve chuva cai sobre mim, e me agrada.

Suspiro. E bebo um pouco do meu café.

Ando pela rua tranquilamente apenas sentindo a chuva fria caindo sobre mim. Pessoas ao meu redor estão usando guarda chuvas e capas para se protegerem.

Por que eles se protegem? A chuva é agradável como as flores de cerejeira que cai  sobre o chão quando o outono chega, porém ela é fria como um gelo recém congelado.

Esqueço por um tempo as pessoas que estão ao meu redor e continuo caminhando calmante até minha casa, que por sinal fica no Brooklin a dois quarteirões daqui.

...

A tarde está estranhamente boa, está chovendo desde cedo sem intervalo.

Saio da janela, vou até estante e pego um livro de romance que com certeza vou me arrepender de ler. Sento no meu sofá preto e me acomodo.

Leio páginas e mais páginas, é fascinante como a principal é extremamente trouxa, o homem que ela diz ser o amor de sua vida a humilha, só importa com o seu corpo e ela ainda o diz que ama.

Por que?

É notório que ele não a quer pela pessoa que ela é, e sim pelo o seu corpo, ele não a trata bem, não se importa se ela está bem, abona ela nos momentos que ela mais precisa dele.

Por que? Por que ele é tão idiota assim?

Eu não a posso culpar por ainda ama-lo, ela acredita que lá no fundo ele a ama, e que as suas ações são resultados de um passado ruim.

É difícil de acreditar que uma simples resposta vaga, a deixa feliz e que o silêncio e o desprezo faz o seu dia ser totalmente destruído.

Dependência emocional é realmente algo horrível. Não desejo nem para o meu pior inimigo.

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