Capítulo 7

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Natalie sai do banheiro e a vejo. A sua expressão é um pouco diferente do normal, parece que ela está tímida. Intrigante. Ela está vestindo minha blusa cinza que por sinal ficou um vestido nela e uma calça moletom preta. O seu cabelo castanho ainda está bastante molhado. Ela me olha pensativa e pergunta:

— Está me olhando por quê? – já começou a estérica. Suspiro e reviro meus olhos.

Não seja ignorante Jonh, não seja ignorante.

— Você jantou? – pergunto.

— Não. – Responde, passando a toalha branca em seu longo cabelo na tentativa de seca - lo.

— O que você gosta de comer? – pergunto, fitando minha estante de livros.

— Qualquer coisa. Não sou seletiva com comida. – já era de imaginar.

— Sinta se à vontade.... pensando bem nem tanto à vontade. Se quiser, pode ler algum livro, ou ligar a tv. Vou para a cozinha preparar algo.

— Ele que vai cozinhar? Vou ter indigestão. – Natalie murmura o mais baixo possível, mas eu pude ouvi - la perfeitamente.

Ingrata!

Vou fazer um prato italiano, Cotoletta alla milanese, é um bife de bisteca de vitelo, empanado e frito na manteiga é servida com batatas assadas e rodelas de limão. Minha mãe sempre fazia para mim, é delicioso.

Fiquei algum tempo, cortando, temperando, esperando e esperando. Até que tudo ficasse pronto. Montei nossos pratos e depois peguei uma garrafa de vidro dentro da geladeira que contém suco, para ser mais específico suco de uva. Na minha casa há vários vinhos, mas eu não vou gostar meus preciosos vinhos com essa rockeira. A chamo, e ela vem até mim, olha o prato que está na mesa com um olhar crítico.

— Está feito. Espero que goste, mas se não gostar o problema é todo seu. – ela faz uma careta e se assenta.

Me assento, e a vejo comer, sua feição é de satisfeita, ela me olha e desvio o olhar e começo a comer.

— Até que não é ruim. – ela diz fitando seu prato. Não digo nada e volto a comer.

Ficamos comendo em silêncio, foi torturante e desconfortável. Somos diferentes um do outro, não nos conhecemos, somos dois desconhecidos, e ela está na minha casa. Che follia!

Logo após de jantarmos retiro as coisas da mesa e as coloco na pia para poder lava- las.

— Essa comida que você fez é italiana? – ela pergunta ainda sentada.

— Sim. – respondo. Pego uma esponja que já está com sabão e começo a limpar o prato.

— Você.... – ela desisti de falar.

— Eu o quê? – pergunto sem pestanejar. Pego um copo e começo a lava - lo.

— Você é italiano? – pergunta. Molho os pratos, copos e os seco e guardo cada um em seu devido lugar. Passo a mão em meu cabelo o ajeitando e sento de frente pra ela, no outro lado da mesa.

— Digamos que sim, nasci em nova York, mas quando eu era pequeno meus pais decidiram voltar para a Itália.

— Tenho vontade de algum dia ir a Itália, já vi algumas fotos, e parece ser um lugar incrível.

— É um lugar incrível, sinto saudades. – suspiro e algumas memórias aparecem na minha mente. — Eu morava na Florença, é um município da Itália, você poderia começar visitando por lá.

— Com certeza! – ela sorri. O seu sorriso é meigo e tímido.

— Por que você decidiu morar aqui?

— Eu queria sair da casa dos meus pais, e começar algo novo. – fala fazendo um coque em seu cabelo.

— Entendo.

Fomos para sala e ficamos conversando sobre tudo, foi algo completamente estranho. Eu detestava ela. Por que agora eu estou rindo de uma piada totalmente idiota que ela contou? Fazia décadas que eu conversava com uma pessoa por horas, é estranho, é realmente estranho.

☕︎☕︎☕︎

— Como assim você não sabe andar de bicicleta? - pergunta totalmente indignada, ela me olha, faz a mesma pergunta novamente e solta uma gargalhada. A olho e estupidamente esboço um sorriso.

— Para de rir. – falo rindo.  —Eu tinha medo de bicicletas.

— Por que? – ela ri.

— Porque ela só tem duas rodas. Eu não sentia confiança em uma coisa que não conseguia ficar em pé sozinha.

— Você era um medroso. – ela pega uma almofada do sofá e joga em mim levemente e depois ri.

— Eu era só uma criança! – rio. — Já está tarde, amanhã tenho que trabalhar, vou dormir. — Me levanto do sofá.

— Eu vou dormir aonde?

— No sofá.

— No sofá? – pergunta perplexa.

— Sim. O sofá é bastante confortável.

— Você é um falso, pensei que você fosse gentil, eu estava enganada! – fala atirando uma almofada em mim, mas dessa vez não foi levemente.

— Você queria o que? Queria dormir comigo? – passo a mão em meu cabelo e a olho.

— Na.. não. – responde tropeçando em suas palavras.

— Está gaguejando por quê? –  a provoco.

— EU NÃO ESTOU GAGUEJANDO! – ela aumenta um pouco o seu tom de voz.

— Aham, sei.

— Você é muito irritante! – fala e logo após coloca uma almofada em seu rosto.

— Vou pegar algo para você se cobrir, já volto.

— Ridículo. – ignoro o lindo elogio e vou até ao meu quarto. Abro a porta de cima do meu guarda roupas e pego um travesseiro e um edredom branco e levo para sala.

— Aqui está, madame. – a entrego. Ela esboça um sorriso forçado e vou para meu quarto.

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Idioma: Italiano

Tradução:

Che follia = Que loucura

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⏰ Última atualização: Oct 06, 2023 ⏰

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