Capítulo 2

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Parou de chover. Mas a terra continua úmida. A grama verde que ocupa cada pedacinho do meu pequeno quintal a gotículas de chuva.

Suspiro.

Ontem foi um dia nada produtivo, apenas li um livro que me trouxe um sentimento estranho, não consegui termina-lo, fiquei bastante desconfortável.

Hoje vou para o trabalho.

Eu trabalho em uma pequena editora de livros, é um lugar bastante agradável passo o dia inteiro rodiado de livros, nada é melhor que livros. Eles nos enche de conhecimento e por alguns instantes nos faz esquecer do mundo e de todos.

Está frio. E por esse motivo estou usando um sobretudo preto para ir ao trabalho. Ele é bastante confortável. Também estou usando uma blusa de gola alta preta e uma calça preta similarmente.

Estou aceitável. Gosto da cor preta.

Saio de casa e pego um táxi que me leva até o meu trabalho. Hoje resolvi não ir a cafeteira pela manhã.

Entro na editora dando passos curtos e sento no meu lugar de paz que fica ao lado da janela, onde posso ver a chuva, o vento, as folhas caindo e até mesmo alguns passarinhos que de vez em quando ficam brincando na janela.

— Bom dia John Hughes! Olhe seu computador por favor. – Fala Cecília, a Diagramadora. Ela está usando roupas com cores chamativas e o seu cabelo longo e castanho está solto.

Não sei porquê ela usa roupas com cores tão quentes. Mas isso reflete muito na sua personalidade, ela é alegre, carismática e acolhedora. As cores de sua roupa de alguma forma diz quem ela é.

— Bom dia Cecília! Eu estava preste a fazer isso.

— Ok. Obrigada! – Ela sorri e se retira, apenas deixando o seu leve perfume que me lembra a flor Peônia.

Com apenas um toque ligo o computador. Logo após entro no meu email e vejo o que Cecília mandou.

É um livro de fantasia que preciso revisar.

Vai ser interessante.

☕︎☕︎☕︎...

São 4 horas da tarde.

As horas passaram rapidamente. Fiquei preso por horas em um mundo de fantasia, confesso que eu não queria sair dele.

Está na hora de ir para casa. Mas antes, vou para a minha cafeteira favorita.

☕︎☕︎☕︎...

O gosto do café é realmente bom, mas o seu cheiro é esplêndido. Dou mais um gole no meu delicioso café e noto uma mulher me fitando.
Seus olhos cor de avelãs me fitam como eu fosse algo interessante de se ver, seus cabelos escuros ondulados cobrem seus ombros largos e sua feição é agradável.

Talvez ela queira falar comigo? Será que tem algo em mim? Meu rosto está sujo?

Por que ela está me olhando sem desviar o seu olhar?

Talvez eu esteja pensando demais. (Balanço minha cabeça na intenção de afastar meus pensamentos.)

Fito a minha xícara de café por alguns instantes para evitar contato visual.

— Senhor? – Ouço uma voz feminina e desvio meu olhar do café. Ah! É a garçonete gentil que sempre me atende quando venho aqui.

— Sim.

— Aquela moça bonita de cabelos ondulados pediu me para lhe entregar.

Ela coloca sobre a mesa um prato com um muffin de chocolate e uma taça com Mocaccino.

— Obrigado! – Falo e a garçonete se retira.

Por que essa mulher pediu para me entregar isso? Ela acha que só porque estou bebendo um café simples estou passando fome?

Ou ela? Não, com certeza não é isso!

Olho para ela, esboço um sorriso metálico e agradeço com uma voz baixa.

Eu não quero beber isso! Com certeza é doce demais! Mas infelizmente tenho que beber.

Pego a bebida e dou um gole.

Humm, até que é bom, mas como eu previ é doce demais.

A mulher de cabelos ondulados levanta de sua mesa e vem até mim.

Oh não!

— O que achou da bebida? – Diz sentando na cadeira, sem ao menos perguntar se ela poderia sentar.

— É digerível. – Falo e solto uma gargalhada curta.

— Que bom que achou isso. Você é engraçado! – Fala gargalhando.

Não moça, eu não sou engraçado.

E não entendo o porquê de você está tentando cruzar a linha.

E eu não quero que isso aconteça. Não quero que ela cruze a linha.

—  Tenho que ir. Obrigado pela bebida, por favor fique com o muffin. – Levanto da cadeira e vou em direção a porta.

— Ei! Espere! Fiz alguma coisa? Eu apenas quero conversar.

Eu sei o que ela quer, e eu não quero isso, não de novo, não posso, não consigo.

— Me desculpe mas estou atrasado.

Saio do restaurante sem olhar para trás. Apenas deixando o som do sino da porta ecoando pela cafeteria.

Talvez eu fui grosso demais. Mas tem que ser assim.

Eu não quero criar vínculos, porque eu sei que mais cedo ou mais tarde ela me deixaria como todas as pessoas que passaram na minha vida.

E eu de alguma forma a machucaria pelos meus traumas passados.

Eu não quero que isso aconteça.

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