6 | Rosas de hortelã

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De todas as bruxas do mundo... tinha que ser ela. A única mulher que ele nunca poderia ter. Cada lembrança que ele tinha do ômega estava sendo corrompida por ela. Era como se suas memórias estivessem coletadas em um livro para colorir, e cada cena ganhasse vida lentamente, pintando o rosto do Ômega no de Hermione Granger. O castanho em seus olhos escurecendo com a inteligência de sua identidade.

Você está deixando ela ir! Não deixe meu ômega ir!

Draco fechou os olhos com mais força contra o ataque que seu alfa estava infligindo em seu cérebro. Ele quase podia senti-lo crescendo dentro de sua mente, empurrando contra os limites de seu crânio, como se pudesse explodir dele e persegui-la pelo corredor. Levou tudo nele para não correr atrás dela. Os músculos de suas pernas doíam com a pressão de lutar contra duas instruções diferentes ao mesmo tempo.

Ele tirou a cabeça das mãos e olhou para o quarto, achando muito doloroso permanecer ali. Ele se levantou e começou a se vestir agressivamente, puxando a camisa em volta do pescoço, sem se importar com o fato de quase se estrangular ao abotoá-la.

Ele tentou evitar lembranças dela, mas elas estavam por toda parte; a mesa onde comeram, a cama onde se deitaram, a porta que ele quebrou no caminho até ela. Até o ar estava contaminado com ela, não apenas com o cheiro dela, mas com ambos. O cheiro de morangos, hortelã-pimenta, rosas, cedro e alguma versão bastarda dos quatro o assaltava a cada respiração.

Ele puxou o casaco por cima do paletó, enfiando a mão no bolso para pegar o talão de cheques. Ele se encostou na mesinha e rapidamente preencheu um cheque que mais do que cobriria os danos que ele havia causado à porta. Ele enfiou-o de volta no bolso e caminhou até a porta.

Ele pretendia não olhar para trás, mas pouco antes de fechá-la, examinou o quarto mais uma vez. Este foi o primeiro lugar desde a guerra onde ele não caiu em desgraça, o ex-comensal da morte Draco Malfoy. Ele não era ninguém e ela não era ninguém. Mas agora ele não era ninguém, e ela era uma das pessoas mais importantes da Grã-Bretanha bruxa.

Ele viu a blusa descartada dela pendurada em uma poltrona na frente da sala. Ele tentou se afastar dela, virando o corpo e puxando a porta para mais perto dele, usando-a para bloquear o pedaço dela de sua vista. Ele fez uma careta para o corredor vazio, olhando para alguma planta horrível no final do corredor. Ele tentou avançar, mas seus pés ficaram parados no chão. Ele fechou os olhos por um momento e lentamente se virou, abrindo a porta apenas o suficiente para ver o top inocente chamando por ele como um farol. Foi o que ela usou no primeiro dia.

Ele estendeu a mão enluvada e ergueu a minúscula peça de roupa. Ele sabia que não deveria, mas levou-o ao nariz e fechou os olhos, inalando o cheiro dela. Seu alfa parecia ainda dentro dele quando foi tranquilizado por ela. Draco tentou conciliar em sua cabeça que cheirar como ela significava cheirar como Granger, e ainda não era uma realidade que ele estava pronto para aceitar.

Se ele fosse honesto, ele não queria aceitar. Seria melhor para ele colocar todo esse incidente em uma caixa no fundo de sua mente. Deixe aquilo ficar velho e empoeirado no fundo de sua mente até que ele não tivesse certeza se era real ou não. Talvez ele devesse pedir a Blaise para obliviá-lo. Porque por que ela, a Garota de Ouro e a Princesa da Grifinória, iriam querer ele?

Ele afundou o rosto ainda mais no topo, e de repente foi como se ele estivesse lá novamente com ela, sentindo o sorriso dela em seu pescoço, a respiração dela em seu ouvido, as coxas dela tremendo em torno de seus ombros, a risada dela debaixo de seus lábios quando ele fazia cócegas nela com seus beijos na barriga dela. Não havia dúvida sobre isso, ela o queria até saber que ele era a porra do Draco Malfoy.

Seus olhos se abriram e uma perigosa chama de esperança irrompeu em seu peito. Ela o queria - pelo menos seu ômega queria. Ela já havia escolhido seu alfa, agora tudo o que ele precisava fazer era convencê-la a escolhê-lo, o homem. Seu alfa bateu seu coração em seu peito, e pela primeira vez eles estavam unidos em sentimentos. Ele não lutou contra seus instintos, enfiou a parte de cima nos bolsos fundos do casaco e fechou a porta atrás de si. Não, ele não aceitaria aquela garota misteriosa de volta, mas esperava, contra toda lógica, por algo melhor.

The Program | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora