A cada 7 dias

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NOTAS

Voltei com uma fanfic nova ciente de que Efeito Jimin não está concluida maaaas, eu tive essa ideia hoje e simplesmente precisava escrever antes que perdesse.

Espero que vocês gostem, a progressão vai ser lenta, mas confia, vai valer a pena.

Indicação de música:

Nacht des Nordens - Faun

Boa leitura!

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            O cheiro de mirra chega as narinas de Jimin nos primeiros passos daquele espaço desconhecido. Prateleiras e mais prateleiras, potes de ervas, imagens de diferentes divindades, crânios de animais por todos lados. Não há tempo para contemplar, um homem a frente direciona o caminho com movimentos desesperados, o que parecia um casaco longo contra chuva balançando aos passos rápidos. Alguém vinha atrás. Duas pessoas, mais dois homens. Altos, ombros largos, rostos indescritíveis, invisíveis como se cobertos por névoa. Mas não causavam angustia em Jimin, era reconfortante de certa maneira. Um aperto na sua mão chama atenção ao par entrelaçado, dedos rubros de sangue seco. Sangue.

A dor excruciante no ventre de Jimin não fora abatida pela medicação. O lobo sabia da morfina correndo inútil no seu sistema pelo cheiro diferente que exalava, mas era um lobisomem. Lobos metabolizavam rápido demais absolutamente tudo, então o que sentia ali era a sensação de ter o abdômen dilacerado por longas unhas e não a dormência que a droga deveria proporcionar. Era esperado que a dor dificultasse a marcha para o fundo do que era, aparentemente, uma loja esotérica, mas ele andava bem, um braço forte sustentava seu peso em maioria. Conforto. Diante tanta dor e confusão, aquele braço trazia conforto.

O grupo avança uma cortina, os pés dão inicio a descida de uma longa escadaria e Jimin geme de dor, lágrimas rolavam timidamente seu rosto quando volta sua atenção àquele que o carregava em busca de suporte emocional. Não via olhos ou nariz, névoa, apenas névoa. Mas via os lábios um pouco grossos bem e delineados com uma pequena pinta negra abaixo do inferior se mexer enquanto falava:

- Aguenta um pouco mais, amor. A gente tá chegando, tá?

Conforto e um lapso de força invadem Jimin e ele consegue dar continuidade a descida. Era o suporte emocional que buscava e recebera prontamente. O lobo estava determinado, o que fosse acontecer escada abaixo, o loiro precisava chegar lá e fazer acontecer. Era mais forte que ele, era uma necessidade.

A sala abaixo era definitivamente um porão, mais ervas penduradas nas vigas de madeira, as paredes de pedra quase cobertas por prateleiras recheadas de livros, parte de animais conservadas em vidros de todos tamanhos, mais crânios e ossos de animais. Um crânio de lobisomem e um de vampiro adornavam a parede de fundo como troféus. Dois homens menores e esguios caminham na direção de Jimin, o ajudam nos últimos degraus e logo se afastam para auxiliar aquele que vestia o longo casaco corta-chuva a pegar recipientes das prateleiras.

Nenhum rosto era visto, todos enevoados por algo branco. O único traço facial era daquele ao seu lado, a pinta negra lhe trazia um carinho imensurável no peito, e o cheiro, aquele cheiro, acalmava qualquer traço de ansiedade. Uvas entrando em fermentação, madeira, notas de almíscar que pareciam veludo ao nariz do lobo e sangue, tanto sangue que era difícil acreditar como essa mistura trazia para Jimin a sensação de confiança para o que aconteceria a seguir.

Jimin não conseguia pontuar o que era o "a seguir". Via o homem acasacado separando diversos potes e itens, o cheiro de metal, prata, ossos, arruda e terra mesclando ao nariz do lobisomem conforme esse homem macerava os recursos em um grande pilão de pedra. O cheiro de prata era o que mais chamava atenção, apenas o odor da substância danosa para os lobos fazia o loiro enrugar o nariz. Jimin foi guiado ao centro da sala e ouvia todas vozes falando ao mesmo tempo:

Sonhos de Prata || PJM + JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora