Autorize o enlouquecer

46 4 0
                                    


"Respire-me como o ar essa noite, deixe-se desprender e se perder no jardim da minha mente."

Fantasy - Alina Baraz




Três luas passaram do novo sonho com seu velho conhecido, e se Jimin falasse que não pensou sobre nesse período, seria uma mentira do caralho. Mesmo quando ele não queria, flashbacks do sonho invadiam seus pensamentos de maneira intrusiva. Ele lembrava de tudo, cada detalhe, o cheiro, como se sentiu, a sensação da areia e do vento frio na praia de Busan. Busan que nem existia mais e pelo jeito, era território de vampiros que não pertenciam a Galatea.

 O lobo não entendia porque seu cérebro tinha confeccionado a miragem, talvez fosse para lhe dar um pouco de paz em meio ao caos. Park não se lembrava da voz, de qualquer jeito, como sempre, eram só cheiros e sensações. A cada lembrança, em cada momento que afundava no seu consciente buscando uma resposta para seus questionamentos, Jimin se lembrava de que não havia tempo, de que não podia, de que era inútil.

Os últimos dias foram intensos em Unus, o suficiente para ele deixar seu desconforto emocional de lado. Mais vampiros e lobisomens assassinados, um grupo misto de quatro de ambas espécies foi encontrado nesse meio tempo, brigaram até se matarem, nenhum para contar a história. O clima estava esquentando exponencialmente, o que antes era uma ideia de guerra, se tornava uma eminência de guerra, conforme lobos migravam para outros bairros com menos vampiros e esses faziam o mesmo. Em 3 dias, já havia um bairro de lobos e um bairro de vampiros na região periférica de Unus. A situação estava saindo do controle e o parlamentar trabalhava 16, 20 horas por dia, se privando de seu sono o máximo que podia na busca por indícios e soluções, subindo ao palanque repetidas vezes na mesma noite para pedir calma à população. Ele não sabia quando as coisas ficaram tão ruins, e alguns de seus colegas acusavam os Dourados.

O parlamentar não sabia o que pensar sobre a temática, ciente de que o grupo matava extremistas, a morte crescente de civis aleatórios simplesmente não encaixava, não batia. E por isso, agora se encontrava cercado de projeções holográficas de cadáveres das duas espécies, procurando incansavelmente por ouro em pó e quem sabe um pouco de esperança. Sem sorte na sua árdua pesquisa que já batia as 5 horas seguidas – agradecimentos à estamina lupina -, o loiro deitou sua testa na mesa e fechou os olhos. A respiração funda tentava acalmar a mente insana e ágil, as imagens sanguinárias ainda correndo atrás pelas pálpebras fechadas.

— Você precisa descansar, Minie... – A voz doce de Hoseok o fez soltar uma risada irônica.

— Como se eu pudesse... – Murmurou enquanto levantava a cabeça.

Hobi estava parado na porta de seu escritório agora que o relógio marcava duas e quarenta da manhã. O comodo estava fortemente iluminado por luzes que vinham do teto, da mesa e a janela estava fechada, uma forma discreta de impedir a melatonina do lobo de correr seu cérebro e fechar suas pálpebras cansadas. Jimin apoiou o queixo na mão, cotovelo na mesa e os olhos correram as imagens que já vira infinitas vezes até o presente momento. Seu amigo se aproximou, cruzava os hologramas provocando distorções pequenas, até sentar-se sobre a mesa, de frente ao parlamentar.

— É sério Jimin, você tá privado de sono e com fome. Não tem nada mais que você possa fazer agora, tudo que você pode, você fez. – O secretário coloca a mão sobre a do loiro que repousava na mesa enquanto falava. – Por favor, vá pra casa.

Sonhos de Prata || PJM + JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora