Jessye e eu saímos da barranca e disse:
- Então, já que somos seguidoras de Ártemis, usamos as mesmas armas da deusa, sendo assim, arco e flechas. - explicou-me Jessye.
-Arco e flecha? Nunca usei um na vida. - falei.
- Sem problemas. Mesmo nunca termos tido contato com o instrumento, ganhamos a habilidade de manuseá-lo perfeitamente. - exclamou ela, com muita paciência, como se tivesse feito isso muitas vezes.
- Ah, isso é um alívio.- confessei.
- Agora, quero que pense nesse arco. Concentre-se. - disse Jessye.
- Ok. -disse eu. Concetrei-me, pesando num arco. Imaginei-o leve, claro.Quando voltei a abrir os olhos, Jessye sorria.
-Bom trabalho!- disse ela a mim. Foi ai que reparei um arco preso em meu ombro e um alveja em minhas costas.Tirei o arco e analisei-o. Era de totalmente prateado brilhante que se encaixou perfeitamente em minha mão.
- Uau! Que perfeito!- exclamei.Jessye fez uma trança em meus cabelos com fios de pratas, dizendo que esse fio serve como uma rede super forte e resistente entre todas as caçadoras. A trança ficou linda, feita com perfeição e dando-me um ar de graciosidade.
Logo fomos sentar na fogueira, para comermos. Sentadas lá, começamos a conversar. Todas me trataram muito bem, sem nenhuma cara feita ou gestos de rejeitação. Pela primeira vez me senti acolhida e querida. Sempre me colocavam na história, perguntando ou pedindo minha opinião. Até mesmo com uma deusa nos olhando, o clima ficava aconchegante e amistoso. Ártemis sorria e acenava com a cabeça, sempre que pediam sua confirmação. Às vezes falava, mas parecia que preferia ficar apenas nos vendo conversando e divertindo. Acabei descobrindo que Jessye era assistente- tenente de Ártemis (tipo uma promoção, o braço direto da deusa). E assim o tempo passou sem perceber seu passar rápido.
Logo Ártemis levantou-se e disse:
- Minhas caçadoras, está ficando tarde. Seria uma boa hora para descarsamos. - exclamou a deusa, sorrindo. Foi aí que caiu minha ficha que não voltaria mais para casa, e de como estava cansada.Todas nós nos levantamos e dirigimos as nossas barracas. Quando entrei na minha, fiquei impressionada com o ambiente que tinha. Seu clima era meio fresco, mas não muito frio. No chão havia almofadas e tapetes. Também tinha um colchão inflável e travesseiros de penas de pato (eu acho que era de pato). Minha mochila se encontrava no chão, perto da cama.
Joguei-me na cama e logo adormeci. Não tive nenhum sonho veio me importunar. Quando acordei, o sol entrava na barraca, pelos seus vãos.
E assim passaram meses...
Com esse passar de tempo, virei melhor amiga de Jessye. Eu confiava plenamente em todas as minhas irmãs de armas. Formávamos uma grande família feliz, percorrendo o país. Eu havia perdido a conta de todos os monstros que havia mandado para o Tártaro. Naquele dia que virei caçadora foi um dos melhores dias da minha vida. De semana em semana, mandava mensagens para mamãe avisando como e onde estava. Eu havia conseguido explicar para ela a escolha que tinha feito. Ela facilmente compreendeu, e impôs um acordo: eu tinha que mandar mensagens semanalmente para avisá-la como estava e onde passava. E assim foi. Ainda eu passava boa parte do meu tempo conversando com Ártemis, ate que um dia ela disse que suspeitava que eu fosse uma meio-sangue, mas não sabia de que deus. Já fazia seis meses de caça.
Estávamos novamente no New Jersey, perto da minha antiga casa. A cada cidade que passamos, escolhíamos uma lanchonete, e íamos comer. Desta vez, My lady deixou-me escolher o lugar. Escolhi uma cafeteria que sempre ia, quando não estava a fim de chegar cedo em casa, após a escola. Ela era sempre vazia, e hoje não estava diferente. Logo unimos duas mesas e todas nós sentamos. Escolhi meu prato favorito pra todas nós. Todas aprovaram minha escolha.
Logo reparei um garoto olhando fixamente para nossa mesa. Quando reparei em seu rosto, meus sentimentos se misturarem. Perdi-me em minhas memórias. Eu me encontrava sentada numa mesa, quando uma mulher entrou com uma garotinha de oito ou nove anos e um garoto de 11 anos. Sentaram numa mesa próxima a mim. A garotinha parecia feliz, brincando com o adolescente e a mulher com aparência casada observava-os alegre e sorrindo. Era difícil saber o parentesco entre os três, pois a garota era morena, de cabelos cacheados e olhos escuros penetrantes; já o adolescente tinha o cabelo cor de chocolate, pele clara e olhos azuis claros. Já a mãe deles era branca e cabelos cacheados como a filha, mas a cor puxava a do garoto, seus olhos eram cor de mel. Mas quando ouvi os dois a chamando de mãe, percebi que eram irmãos. Eles comeram fatias de bolo e milksakes, e depois foram embora. De repente entendi o que tinha acontecido. Eu havia recordado uma de minhas memórias esquecidas, e estava revendo o motivo por qual gostava daquela cafeteria. Era o local que ia com a mamãe e Bryan toda sexta. Agora, ali na mesma mesa que eu estava na lembrança, estava aquele adolescente de treze anos, só que mais velho e maior.
Ele abaixou a cabeça e pegou um guardanapo, tirou uma caneta do bolso e escreveu no papel. Levantou-se, passou por nossa mesa e jogou o guardanapo no meu prato e logo saiu pela porta. Com as mãos tremendo de raiva e ressentimento, peguei o papel e li:
Ty,
Preciso falar com você! Pode ir lá fora, por favor?
Ass.: Bryan
Respirei fundo e mostrei o papel a Ártemis. A deusa já sabia a história do Bryan, então acenou com a cabeça, sorrindo e disse:
-Pode ir! Não vejo problemas. - confirmou-a.
- Obrigada.- falei saindo da mesa.Caminhei para fora da cafeteria e o vi do outro lado da rua. Forcei meu corpo a seguir a travessia. Ao chegar, cruzei os braços na frente do tórax e tentei fazer cara de pessoa perigosa.
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Hunt at Night
AdventureTy Lee tentava viver uma vida normal, mesmo depois que seu irmão mais velho saiu de casa e nunca mais apareceu. Era uma boa filha até o momento que surgiu os cachorros enormes, as Caçadoras e um novo mundo. Decidida a fazer a coisa certa e honrar o...