A dor compartilhada

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- Eu sei. Por isso vim aqui. - falei.

-E porque a Jessye não atende mais minhas ligações ou responde minhas mensagens?

Nessa hora senti as lágrimas inundaram os meus olhos. Minha reação confundia mais Bryan.

-Eu sinto muito, Bryan.- falei, virando de costas pra ele. Não queria encarar ele.

De repente as mãos de Bryan puxaram meus antebraços, forçando-me a encará-lo.

-O QUE VOCÊ E SUA DEUSA LOUCA FIZERAM COM A JESSYE??-Bryan começou a gritar,apertando meus antebraços.

-Ártemis... Eu... Nós não fizemos nada!- falei em meio as lágrimas.

-Aposto que a proibiu de me ver, não é? - perguntou ele, me segurando mais forte.

-Como pode pensar isso de mim? - perguntei ainda chorando. Ele ficou mudo.

Empurrei Bryan com minhas mãos e sai pra fora, batendo forte a porta. Eu sentei nos degraus da varanda e coloquei minha cabeça apoiada em meus braços. Aonde Bryan apertou, doía. Mas do que ele havia me acusado e minha deusa, isso doía mil vez mais. Eu jamais faria algo do gênero. Ele havia me julgado sem ao menos saber a história ou o que havia acontecido. Minhas lágrimas transbordavam de meus olhos ao lembrar de tudo. Cada detalhe estava fresco e muito vívido em minha mente.

Escutei a porta se abrir e alguém sentar ao meu lado nos degraus. Permaneci de cabeça abaixada, olhando minhas lágrimas caírem no chão.

-Ty... Eu queria pedir desculpas. Fui um idiota. Eu não queria falar aquilo, eu juro. - reconheci a voz de Bryan. Eu senti a sinceridade em suas palavras e arrependimento também.

Levantei a cabeça e olhei para a grama por longos cinco minutos. Depois respirei fundo e disse, analisando aos Bryan havia segurado e que provavelmente viraria hematomas:

- A Lady Ártemis estava errada. Eu não deveria ter vindo. - disse eu.

-Espera um pouco... Ártemis deixou você vim até aqui?

-Claro. Eu não viria se Ártemis não deixasse.

- Ela é melhor do que eu imaginava.

-De quem está falando?

- De Ártemis. Ela dá uma liberdade a vocês e mesmo assim pedi algo em troca.

- Nem tudo é de graça. E o que ela pedi é pouco.

- Não acho. Isso impedi vocês de crescer, de ter uma família e viver uma vida normal. Você não perceber que como semideuses, é muito difícil ter uma vida normal, por quê não somos normais. Nada normais. Não somos mortais.

-Por isso, Bryan. Temos a chance de fazer diferença, de mudar o mundo, de fazer algo para ser lembrados. Temos o dom e eu não desperdiçar isso.

- Ty, você é muito sonhadora. O mundo não é esse mar de rosas que pensa.

- E é por isso que devemos ajudar. Semideuses eram também chamados de heróis, e eu nunca vi um herói sentar na frente de uma televisão e tomar o refrigerante a vida toda.

-Tá bom. Você ganhou. Desta vez.

Gargalhei e fingir comemorar a conquista. Bryan também sorria quando seu sorriso sumiu como um raio.

- Mas então por que a Jessye sumiu?- perguntou ele.

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