Grandes responsabilidades, grandes perigos

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- Puts, eu não sei como te explicar isso. - falei.

- Tenta, pelo menos.

Respirei fundo e deixei as palavras jorrarem da minha boca. No final, não saberia dizer quem chorava mais. Podíamos inundar todo país. Levantei e olhei para o céu. Pergunte ia mim mesma se Zeus estava lá e se podia nos ver. Seria bom ter uma ajudinha. Mas será que eu aceitaria tal ajuda? Sou muito orgulhosa, sempre tentando fazer tudo sozinha com o conceito de que faço melhor. Isso parece ridículo, eu sei. Mas era da minha natureza pensar assim. É claro que com as caçadoras tive que mudar, pensar em grupo. Olhei para Bryan que agora enxugava sua lágrimas.

- Eu sei que é difícil. - falei.

- Não. Você não sabe. Sinto como se um enorme buraco abrisse em meu coração.- disse ele com amargura.

-Você não lembra? Fui eu que a vi morrendo, foi por mim que ela morreu.- e desabei no degrau.- Foi culpa minha.

Bryan deu tapinhas em minhas costas e murmurou:

- Não foi sua culpa. Ela era uma heroína. Vamos apenas lembrar-se dela assim.

Ele estava tentando ser forte. Segurar o choro, erguer a cabeça e seguir em frente, era esse meu lema. E eu pude ver o esforço que Bryan fazia.

-Ta bom, você está certo. - afirmei, mesmo não tendo tal confiança em mim mesma.

-É bom entrar pra dentro. Mamãe vai quer conversar com você - disse Bryan, com o olhar distante.

-É . Boa idéia .Vai entrar também?- perguntei já me levantando dos degraus.

- Não. Preciso de um tempo... Pra pensar.

- Ta bom, mas a ultima pessoa que falou isso, quase teve hipotermia. Cuidado. - falei dando uma risadinha.

- Quem?

-Depois te conto. - e entrei pra dentro.

Mamãe estava na cozinha, sentada-se à mesa.

- Como está mamãe?- perguntei.

-Bem , Mein Engel- "meu anjo".

- Que bom, mama. E me desculpa pela a briga que aconteceu. Estávamos estressados.

- A namorada do seu Bruder... Ela morreu não é?

- Sim. Ela morreu pra me proteger. Um monstro veio me atacar e ela se colocou entre mim e o animal. E eu não pude salva-la ou mesmo impedir tal tragédia. Nunca me arrependi de algo, mas naquele dia eu me arrependi por não consegui salva-la.

- Oh, minha querida. Não fique assim, sei que fez o melhor que pode. - e nisso ganhei um abraço apertado de mãe, que foi o suficiente para acelerar meu coração. Mães têm o dom de fazer isso com a gente, não é? Fazer o mundo sumir, fazer a gente ser o herói da história. Isso muda nosso dia.

Bryan entrou aos tropeços na cozinha.

- Que foi isso? - perguntei.

- Bry, não quebre a casa toda, por favor - disse mamãe. Ri da situação, Bryan havia conseguido quebrar apenas dois copos e para mamãe aquilo já era quebrar a casa inteira.

- Foi mal, mamãe. Eu limpo. - desculpou-se.

- Não, querido. Você vai se cortar. Deixa que eu limpo tudo isso.- disse mamãe já se agachando.

Puxei mamãe para cadeira e empurrei Bryan. Peguei a vassoura e a pá e menos de segundos tudo já estava limpo. Mamãe e Bry se encontravam de boquiabertos. Passei a mão pela a planta na janela e vi que precisava de água. Isso é uma das vantagens de ser caçadora. Podemos nos comunicar com animais e plantas, com isso possuímos uma ajuda em nosso habitat. A outra vantagem é em caso de necessidade poder chamar a ajuda da natureza, com um guia sendo sátiro ou ninfa mais próximos. Eu nunca havia necessitado dessa ajuda, mas a considero a mais legal.

-Como você arrumou tudo tão rápido?- perguntou Bryan.

- Na caçada, temos que ser rápidas. Pra arrumar o acampamento e desmontá-lo também. Tudo tem que ser rápido. - expliquei

-Isso deu para perceber. - disse mamãe.

Bom até agora estava tudo tranqüilo, mas eu tinha que contar que me tornei a tenente de Ártemis e nesse ramo, com pode vem às responsabilidades e perigos. Não que eu fosse morrer por isso como a Jessye. Mas sim, como tenente tinha um perigo maior Eu não chegava a me preocupar tanto com esse perigo, mas também não queria deixar mamãe desavisada.

Peguei nas mãos de mamãe e disse:

- Olha como não temos mais... A Jessye, Ártemis precisou de uma nova tenente. Por escolha da deusa, eu sou a nova tenente e possuo responsabilidades. Mas como expliquem antes, há perigos na caçada.- eu dizia tropeçando nas palavras. Mostrei meu braço aonde o monstro havia arranhado-me e mamãe suspirou - Há grandes perigos, mamãe.

- O que...que foi isso?- perguntou ela.

- Um monstro me atacou e tive que me defender, então usei o braço. - afirmei.

-Daqui a pouco, você vai pro mesmo rumo que a Jessye. - resmungou Bryan.

- Eu já aceitei a responsabilidade, Bryan. Não vou voltar atrás. Não vou ficar em casa me protegendo como você. Se há perigo no mundo, irei enfrentá-los, se há algo que posso fazer, farei. Não serei mais um ser egoísta humano que olha o mundo e só pode ver a ponta do seu próprio nariz. E se eu tiver que morrer, vou morrer. Nada poderá evitar isso. Mas não vou ser mais uma pessoa desconhecida que morreu.

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