03 • Please, kill me

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1998.

⠀⠀⠀⠀— O que você achou? — Changmi perguntou quando já estavam fora do cinema drive-in.

⠀⠀⠀⠀Assistir filmes dentro de um carro era como um encontro de luxo para a Coreia do Sul dos anos 90. Algo que Hoseok tornou possível para ele e Changmi.

⠀⠀⠀⠀— É... clichê. — Hoseok não tinha muito a dizer. — Eu não gosto quando a mocinha fica com o cara normal no fim só porque o famoso virou um babaca do nada, mas no geral foi mediano. E você, o que achou?

⠀⠀⠀⠀— Achei uma grande perda de tempo. — Changmi riu curto. — Você não vai me trocar por nenhuma pessoa famosa, vai, Wonho? — Ela perguntou em tom de brincadeira e logo ouviu a risada gostosa de Hoseok soar enquanto ele dirigia.

⠀⠀⠀⠀— Acho que é mais provável você me trocar. Mas, pensando bem... Você só é fanática por personagens 2D. Então está tudo bem.

⠀⠀⠀⠀Os dois riram juntos. Estavam no caminho até uma loja de conveniência, onde pararam para comprar doces e outras bobeiras.

⠀⠀⠀⠀Dificilmente se espera algo ruim acontecer. Hoseok também não esperava que, precisamente naquele lugar, instantes depois de voltar para o carro envolvido na conversa com Changmi, ele sentiria o sopro frio da morte em sua nuca antes mesmo de abrir a porta do passageiro para que ela entrasse.

⠀⠀⠀⠀A arma gélida estava encostada em sua pele e Hoseok não conseguiu ver quem era. Ele paralisou.

⠀⠀⠀⠀Changmi visualizou a terceira presença; perdeu a voz devido ao choque nos primeiros segundos, mas sua primeira reação foi pedir, de maneira irracional, que o desconhecido não fizesse aquilo.

⠀⠀⠀⠀— Afaste-se dele e eu posso pensar em poupar a vida do seu namorado — ordenou o homem corpulento, em uma voz altiva e sem emoção.

⠀⠀⠀⠀Quando Changmi gorgolejou um "não", Hoseok sentiu sua cabeça ser atingida pela primeira vez. Changmi repetiu aquilo mais desesperada — não! — e tentou parar o agressor enquanto Hoseok tentava desviar das duras pancadas dadas com a arma, mas não conseguia.

⠀⠀⠀⠀— Me mate, por favor, me mate, mas não faça nada com ele! — Ela implorou aos prantos.

⠀⠀⠀⠀Sem que nenhum dos dois pudesse pensar com clareza, o braço da garota foi agarrado ferozmente e Changmi bradou aquelas últimas palavras para Hoseok, segundos antes de ele apagar.

⠀⠀⠀⠀— Chame o Kihyun!

⠀⠀⠀⠀O líquido denso com odor de ferrugem escorria pela nuca de Hoseok quando ele acordou... Era a origem de uma poça carmesim no chão do estacionamento de uma loja de conveniência. 


2008.

⠀⠀⠀⠀Hoseok ainda se recordava que, quando a escuridão se afastou de seus olhos naquela noite, pensou por um milésimo que tudo não passava de um pesadelo infernal, como o que acabava de fazê-lo acordar tremendo no meio da noite.

⠀⠀⠀⠀O celular vibrava enlouquecido na mesa de cabeceira. Hoseok esperou algum tempo para que pudesse se acalmar e ir esquecendo as imagens vistas em um sonho ruim.

⠀⠀⠀⠀Ele tateou o móvel ao lado da cama e capturou o aparelho, quase o deixando cair. A mente ainda enevoada pelo sono lhe fez não se importar por ser madrugada e atender sem verificar quem estava ligando.

Don't Call Me | Monsta XOnde histórias criam vida. Descubra agora