05 • Don't leave me

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1998.

⠀⠀⠀⠀O parque era excepcionalmente verde, com passarelas de madeira cortando caminho entre grama e árvores, além de bancos próximos à margem da água de um riacho. Hoseok olhava para o sol indo embora no horizonte conforme caminhava até o local marcado.

⠀⠀⠀⠀Quando ele chegou, Changmi brincava com um cachorro preto de olhos âmbares. Ela também estava vestida de preto, aparência que disfarçava seu interior meigo, pelo qual Hoseok era tão apaixonado. Ele soube lê-la quando outros a interpretaram erroneamente.

⠀⠀⠀⠀Changmi conversava com o animal de longe. Riu algumas vezes com os movimentos e a insistência dele para que ela o fizesse carinho.

⠀⠀⠀⠀Hoseok se aproximou e recebeu um sorriso de Changmi que refletia a luz dourada do pôr do sol. Ela se levantou do banco de ferro e se aninhou nos braços dele, mal podendo esperar pelo que fariam em suas costumeiras tardes de encontro.

⠀⠀⠀⠀— Você gosta de cachorros, Chang? — perguntou ele, assim que se separaram do abraço.

⠀⠀⠀⠀— Eu gosto de muitos animais, mas esse é tão fofo que eu poderia levar para casa. — Ela respondeu, olhando mais uma vez para o cão que antes a fazia companhia.

⠀⠀⠀⠀O cachorro de pelagem escura já se afastava, caminhando para distante, na terra meio úmida às margens da água, até sumir da vista de Changmi e Hoseok entre os arbustos.


2008.

⠀⠀⠀⠀"O corpo da adolescente de 17 anos que estava desaparecida desde a sexta-feira, Hwang Yeji, foi encontrado às margens do riacho Ildongcheon, na tarde desta última terça-feira. Informações não confirmadas alegam que a polícia contou com a ajuda de um investigador particular especial, Lee Minhyuk, e o seu parceiro de investigação, Yoo Kihyun."

⠀⠀⠀⠀Hoseok parou em um sinal vermelho. Seus olhos nervosos foram em direção do rádio e ele aumentou o volume um pouco, sentindo seus batimentos cardíacos seguirem o mesmo destino logo depois de ouvir aquele nome. A voz de Changmi pronunciando as últimas palavras dela vieram à sua memória sem demorar.

⠀⠀⠀⠀Chame o Kihyun!

⠀⠀⠀⠀Hoseok fizera isso naquela noite, já que precisava contar aos pais deles o que havia acontecido e acionar a polícia. Ele compreendia que, no momento de horror, Changmi só conseguira pensar em seu irmão. Kihyun representava sua segurança.

⠀⠀⠀⠀Não era segredo para Hoseok que a morte da irmã mais nova fora a passagem de Yoo Kihyun para o famigerado mundo sobrenatural. No começo, ele considerava impossível e insano, como a maioria, mas depois de todas as suas experiências estranhas demais para que a ciência pudesse esclarecer, mergulhou de uma vez para nunca mais emergir.

⠀⠀⠀⠀Então ele conheceu aquele parceiro, Lee Minhyuk. Inicialmente, os dois se viam como verdadeiras pedras no sapato, mas terminaram zerando as implicâncias e começaram a trabalhar juntos. Eles eram muito eficientes em suas tarefas. E, embora não fossem o maior exemplo de caçadores, tinham aquela sua fama — algumas vezes taxados como charlatões que se aproveitavam da morte das pessoas para dizer que conseguiam fazer algo impossível e lucrar em cima disso.

⠀⠀⠀⠀Entretanto, o que ninguém podia apontar era explícito: no fim, eles realizavam o serviço e realizavam bem.

⠀⠀⠀⠀Hoseok também considerou que estava beirando a insanidade ao repetir a última frase proferida por Changmi em sua mente. Isto é, seria tão má ideia querer chamar Kihyun de novo, depois de tantos anos? Ele ainda estava na cidade, se não tivesse ido embora logo depois de atuar no caso de Hwang Yeji com Minhyuk. Hoseok não conhecia com precisão a função do último, mas já ouvira falar que ele tinha um dom sem igual.

Don't Call Me | Monsta XOnde histórias criam vida. Descubra agora