8° capítulo

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       Hoje acordei com um ânimo péssimo e não consegui sair da cama, hoje era o dia do aniversário dele...
   
     Não gosto muito de pensar sobre ele, ou sobre tudo que é relacionado a ele. Eu me culpava, me culpava todos os dias por ser a responsável pela sua morte.

    Levanto fazendo minhas necessidades e servindo uma bebida forte e me deitando novamente. A bebida não leva meu remorso embora, apenas mascara minha dor.

   Se amar é deixar ir, então por que diabos eu sentia a necessidade de mantê-lo perto de mim? Por que toda vez que não sentia seu calor ou seu cheiro impregnado em meus lençóis eu me sentia vazia? Como se faltasse uma parte de mim. Talvez fosse meu egoísmo falando mais alto, ou meu medo de o acontecer algo que o tirasse de mim. E no final eu estava certa.

  Flashback on.

   Acordo com um peso em minha cintura até perceber que era seu braço, sorrio e tento me desvencilhar para ir ao banheiro. Percebo um movimento vindo dele e vejo que eu o acordei. Me levanto e escovo meus dentes, voltando pra cama e o enchendo de beijinhos em seu rosto, ele sorria rindo.

    Ele começa a fazer cosquinhas em minha barriga e eu começo a rir.

    — Para amor- Falo quase sem ar devido as risadas- eu vou riscar seu carro.

  Ao ouvir essa frase ele para, sua maior paixão, acho que até mais que eu, era o seu Bentley o qual ele não vivia sem.

    — Você não faria isso amor, eu odiaria ter que terminar com você- olho pra ele seria e ele ri me fazendo rir também.

    Quando estava fazendo cosquinhas em mim ele acaba parando em cima de mim, observando cada detalhe do meu rosto, me gravando em sua memória como se a qualquer momento eu pudesse desaparecer.
    Ele retira uma mechinha teimosa de meu rosto a colocando atrás de minha orelha.

   — 10 libras por seus pensamentos- falo o olhando e o mesmo sorri.

   — Te conto se me der 10 beijos.

   —Feito
 
   — Só estava te admirando il mio diamante grezzo - dou uma risada alta devido ao seu péssimo italiano- (meu diamante bruto)
   Ele costuma me chamar assim por que ele fala que sou preciosa, mas não sou delicada e com o tempo irei conseguir ser lapidada.

     — Estava apenas pensando que sou um homem sortudo e que quero passar o resto da minha vida com você- ele se deita ao meu lado na cama e ficamos nos encaramos- Esperei tanto tempo por você, e esperaria tanto quanto precisasse.

    Sorrio boba ao ouvir suas palavras, ele era muito carinhoso e seu hobby preferido era me deixar sem palavras.  Ele era diferente dos outros, não se envolvia em brigas, era racional e protegia com unhas e dentes a quem conquistasse sua lealdade, eu o admirava tanto.

     Ele era minha calmaria em momentos turbulentos; era minha paz em meio a guerra; meu conselheiro em momentos ruins; meu protetor e confidente a momentos frágeis, era meu oposto. Onde eu levava o caos ele levava a paz, e eu nunca cansaria de olhar seus olhos verdes tão intensos, e tão brilhantes que eu podia jurar que enxergava até minha alma.

    — Eu te amo tanto Il mio amore - ele fala me dando um selinho demorado

   — Eu também te amo muito - falo o beijando novamente e ele se levanta pois tinha trabalho e eu resmungando para que ele ficasse mais um pouco.
 
    — “Não importa do que são feitas nossas almas"- ele fala aguardando minha resposta
   
  — "A dele e a minha são iguais.”
 
    Esse era o nosso lema, nosso livro preferido e sempre recitávamos um para o outro seja como declaração ou como despedida.

PerdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora