Grávida do Príncipe

Capítulo 06

POV. KRISTAL

Eu estava num misto de sentimentos enquanto tirava todas as minhas peças de roupa e jogava nas malas mais próximas que estavam abertas.

Eu, Kristal Sergh, 23 anos de idade, uma simples moça que luta pelo seu ganha-pão, grávida de um príncipe?! Em que momento entrei em um conto de fadas?

Vejo que Felipe entrou no meu quarto. Ele parecia diferente das outras vezes em que nos vimos. Seu cabelo preto estava puxado para trás. Usava um uniforme real vermelho e calça social preta que ressaltava seus olhos azuis, constrastando com sua pele branca. Nas vezes em que nos encontramos, ele usava roupas casuais e seu cabelo estava sempre em uma certa desordem.

   — Olha, Felipe, eu não estou a fim de conversar agora. — resmunguei, segurando o choro.

Eu estou com raiva e medo. Muito medo. Raiva por ele ter mentido para mim desde o início. E medo pela incerteza do meu futuro. Eu vou ser mãe! E o pai, que deveria ser um dos mais responsáveis, é um príncipe herdeiro!

Me sentei na cama, pois, só então a ficha caiu.

   — Eu não te contei nada pois queria te conhecer melhor. Eu senti que meu título iria te deixar receosa de, sei lá, agir normalmente comigo. — ele tentou se explicar, secando minhas lágrimas.

   — Esse não é o ponto, Felipe! O que vai acontecer comigo? E com minha mãe? Vou ter que abandonar todos os meus sonhos se me casar com você? Acho que até o vestido de noivado você já escolheu!

Ele fez uma certa careta.

   — Ah, não vai me falar que já decidiram o vestido!

   — Não. Só fiz aquela careta para ver sua reação. — ele murmurou e bufei. — Olha, Kristal, ambos somos apenas duas peças de um mesmo jogo de xadrez. Eu tentei bular algumas regras e estou nessa com você agora. Vamos conversar com mais calma depois que chegarmos no palácio. Agora precisamos chegar no aeroporto o quanto antes e...

   — "Aeroporto"? — estranhei. — Mas você...! Não, não posso viajar com você, doido!

   — "Doido"? Eu?! — ele se sentiu ofendido. Ou fingiu se sentir.

   — Oh, desculpe alteza. — fui sarcástica. — Sinto em lhe informar, mas a pobre plebeia aqui possui fobia de altura.

   — Eu vou estar com você em tudo, Kristal. Preciso te manter segura. — ele conta, segurando minha mão. — Agora que todos sabem que tem um filho meu em seu ventre, muitos bandidos podem querer te sequestrar e te manter como refém.

Massageei minhas têmporas, tentando espantar uma dor de cabeça que ameaçava surgir.

   — Olha o que uma camisinha poderia ter evitado... — murmurei.

   — Então, er... — ele fez uma cara de quem sabia de algo.

   — O que foi?

   — Nós usamos camisinha. Ou melhor. Eu usei. Só que... Bem... Fomos premiados, hehe. — ele riu de nervoso.

   — Oh, meu Deus... — choraminguei.

   — Vem. Vou te ajudar com o resto. Tem algo que vai querer levar mais tarde? Que não é tão importante pra você? — ele pergunta enquanto fecha minhas malas.

Pensei um pouco, suspirando. Tudo me era importante. Eu vivi aqui. Cada cantinho tem um detalhe especial que... Puxa!

   — Eu preciso mesmo ir? — murmurei.

   — Infelizmente, sim. — ele conta, massageando meu rosto. — Vou tentar ao máximo para que se sinta em casa.

Suspirei.