Capítulo 16

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POV. KRISTAL 

Arrumar uma casa nunca foi um problema pra mim. Mas, agira, eu estou casada e dividindo minha vida com alguém que nunca fez nada sozinho. No máximo, só soube limpar a bunda, escovar os dentes e comer sozinho. De resto, tinha alguém para ajudar ele.

Mas tinha dado tudo certo. Arrumamos o guarda-roupa logo após o café da manhã e fui preparar o almoço com ele. Lipe estava sendo bem prestativo e aprendia rápido. Além de ser muito carinhoso.

     — Não esquece de tomar as vitaminas, Kristal. — contou, colocando o arroz pra cozinhar.

    — Certo... — murmurei e fui buscar meus remédios.

Nosso filho começou a chutar. É uma sensação tão distinta e nova pra mim que, sempre que acontece, eu apenas coloco a mão na barriga e esqueço o mundo. Converso com o bebê, leio para ele e o deixo escutar músicas calmas quando ele está agitado.

    — Kris... — Lipe começou, depois de tomar um copo de suco. — Eu vou buscar a Lissandra depois de amanhã. Já estamos aqui há alguns dias e devemos saber o sexo do bebê.

    — Por que você? Willian não pode vir? — estranhei.

    — Vai ser muito suspeito. Sem contar que ele pode ser seguido. Evitar o máximo possível de qualquer problema que possa acontecer. — ele segurou minha mão.

Nosso relacionamento melhorou muito. Um mês e meio após o casamento, estamos bem próximos. Minha barriga cresceu assustadoramente. Nem parece aquele pequeno redondinho de antes. Mas está bonita e sinto meu filhote chutar ou se mexer.

     — Okay, então. — contei, suspirando.

      — Quer alguma coisa? Ou alguém? — ele perguntou, erguendo uma sobrancelha.

    — Ana. Ou o Natanael. — falei. — Quero meus amigos... Se possível.

     — Vou ver o que faço. — falou. — Hm, quando vai criar coragem de ler o diário de seu pai?

Eu encontrei a dita "lembrança" de meu pai. Estava na mala de sapato. Era um diário velho e surrado, com a capa azul e apenas as iniciais do nome dele na meio. As páginas já estavam amarelas pelo tempo e tinha alguns rasgo, que eu julgo ser mordida de traças.

    — Não sei. Eu... Pode ser só algo, sei lá, comum. Mas... Eu descobri que era adotada logo nas cinco primeiras linhas. — falei. — Tá, não é nenhuma surpresa, já que eu tenho a pele escura e todos da família era brancos. Eu já suspeitava. Mas tenho medo do que mais posso descobrir. Ele mesmos admitiu que não me adotou por amor, e sim por obrigação. O que mais na minha vida é uma mentira?

     — Você só vai saber a resposta se continuar lendo. — ele disse.

Terminamos o almoço e ele lavou a louça. Estava tudo bem quando senti aquela sensação do desejo.

Sim, desejos estranhos foi o que eu mais tive e continuo tendo. Depois do wakamole de morango, eu quis uma "salada" de cereais. Misturei várias marcas, de vários sabores com ketchup e chantilly. E, agora...

     — Eu quero sorvete. — falei, alisando meu ventre. — E pimenta. E açafrão com suco de maracujá. Puxa, imagina uma batida disso...

Felipe parou tudo para me encarar, com nojo no olhar. Ele secou as mãos e foi ver o que tinha na geladeira.

     — Vou comprar sorvete. Se quiser, pode chamar algumas das vizinhas para cá, ficar com você. — ele disse. — Vê se não fica subindo e descendo as escadas o tempo todo. Descansa enquanto eu não chego e não abra a porta para estranhos. Volto logo.

Grávida do Príncipe Onde histórias criam vida. Descubra agora