Capítulo 8

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Aguardo alguns minutos após Peter sair e coloco as roupas de couro preta que Nora me emprestou. Uma blusa bem colada e a calça também, por cima uma jaqueta linda com vários bolsos, tanto por dentro como por fora.

Abro os armarios para ver se acho algo de últil para minha "Missão Impossível" e por sorte encontro uma corda, um isqueiro e um arco com flechas que provavelmente não vai servir de nada, já que não faço ideia de como usar.

Guardo tudo em uma bolsa de pano que Isabela deixou pra mim junto com as roupas, e começo a procurar uma maneira inteligente de fugir sem morrer. Fico um tempo pensando sentada olhando pra parede, então penso no plano genial que já coloquei em prática várias vezes durante a escola.

Assim que abro a porta o meu alvo aparece, Travis vem andando em minha direção e quando ele está prestes a acenar começo meu show.

- Me ajuda - digo fingindo estar ofegante e me jogo nele simulando estar prestes a desmaiar

- ... o que foi? - ele me segura com os olhos arregalados

- Preciso de ar - digo ainda simulando uma certa dificuldade ao soltar as palavras, depois disso ele me leva até a saída, onde finalmente sinto ar puro e percebo que eu realmente precisava desse ar

Olho a cidade e fico maravilhada, se é que essa palavra existe. 

Prédios gigantes por todo lado, a maioria são espelhados. Em volta vários tipos de espécies diferentes, alguns que parecem lobisomens, algumas fadas e outros que nem consigo identificar. 

Avisto alguns automóveis voadores, semelhante a carros, só que sem rodas e mais achatados, parece que foram tirados de filmes que mostram o futuro do mundo ou algo do tipo.

 Quando olho para trás vejo o prédio que eu estava agora a pouco. O único que se destaca pois é preto e gigante, como se fosse do Batman.

-  Se sente melhor? - Travis diz preocupado me dando um susto, tinha até esquecido da presença dele 

- Sim, um pouco, tem sido dias dificeis... - mostro a melhor expressão de tristeza que consigo, não é tão dificil já que o que eu disse não é totalmente mentira

- Quer conversar sobre isso?

- Na verdade gostaria de ficar um pouco sozinha, se der... - ele me olha com uma certa incerteza e morde o lábio inferior

- É que, você sabe, não posso te deixar sair 

- Ah... sim... tudo bem - forço para preencher meus olhos com lágrimas e ele demostra uma expressão de culpa e um olhar pensativo, então dá os ombros

- Tudo bem! Estão praticamente te mantendo em cativeiro, um tempo fora não faz mal. Volto em meia hora, se precisar de mim, aperte esse botão - Ele me entrega um aparelho minúsculo com uma tela pequena e somente um botão.

- O que é isso?

- São uma espécie de bip's, mas mais moderno. É um aparelho pra comunicação

- Vocês não tem celulares?

- Sim, mas não podemos usa-los em serviço, esses não são rastreáveis - ele diz apontado para os bips - se precisar é só apertar o botãozinho e eu venho na hora, quando você aperta a sua localização chega em mim na hora. Fica bem - ele vira as costas e eu espero uns minutos para sair andando.

Guardo o aparelho em um bolso dentro da jaqueta que uso. Vou caminhando lentamente para não parecer uma desesperada que está fugindo.
Passo por diversos comércios e quando avisto uma rua lotada viro na primeira esquerda que aparece.
Não sei se é uma boa ideia andar em multidão, eu poderia me camuflar no meio mas ao mesmo tempo eu seria a única humana e todos perceberiam.

Passo pela rua na qual eu entrei totalmente atenta, o tempo está nublado e isso deixa o lugar mais assustador.
Gotas de água caindo pelos canos que passam por cima das casas e pequenas lojas que tem alí. Uma loja em especial me chama atenção, é toda decorada, com muitas plantas e frascos com líquidos coloridos por dentro

Continuo caminhando e vejo outro lugar um tanto quanto... Interessante.
O bar é totalmente preto com pinturas que simulam sangue, um letreiro grande em cima das portas escuras tem escrito "The dark house", e do lado uma placa escrito "Sangue humano feito na hora", quando a leio me arrepio de uma maneira que só acontece quando assisto shows do Shawn Mendes na Tv.

Escuto vozes masculinas vindo de dentro, é como se estivessem assistindo um jogo de futebol.
Por fora parece ser um lugar bem chique, é bem bonito na verdade, diferente dos butecos da minha cidade, se é que dá pra entender.
Na frente do lugar, estão estacionadas muitas motos pretas e com manchas vermelhas, o que me faz arrepiar de novo.

Não me contenho e vou até às janelas gigantes na lateral que dá pra esquina de outro beco, só que bem menor e mais obscuro do que eu estou no momento.
Me abaixo e espio o que tem lá dentro. Vejo muitos Homens que parecem ter entre 23 e 30 anos de idade. Todos estão de preto, muitos com jaquetas de couro. Os cabelos e olhos deles são tão escuro que quando olho diretamente sinto que vejo todos os meus pesadelos.
Já as cores das peles são tão brancas que chega a parecer que brilham.

Aparentemente eles realmente assistem uma competição, mas não de futebol, na verdade não consigo identificar exatamente o que é, são muitos homens fortes lutando ao mesmo tempo.
Os balcões de madeira estão todos com canecas grandes de vidro cheias de um líquido vermelho (que eu não quero nem imaginar o que é).

Um dos meninos em especial me chama atenção, pois sua jaqueta é a única que tem detalhes dourados e seu cabelo é escuro mas ainda brilha, como seus olhos.
Fico o observando até que seu olhar gruda nos meus olhos, vejo um leve sorriso com presas bem evidentes nele então me abaixo rápido.

Vampiros, são vampiros.

Antes que minha mente processe saio correndo daquele beco e volto para o que eu estava anteriormente, sigo com esperança de encontrar uma saída.

Um vulto passa no meu lado tão rápido que sinto meus cabelos voarem, continuo correndo mas paro com um susto quando o vejo ali.

O cara da jaqueta dourada está parado a 5 passos de mim com dois guarda costas gigantes atrás.
Penso rápido e volto correndo por onde eu vim, mas o o vulto é mais rápido dessa vez.
Ele está na minha frente e quando dou uma espiada para trás lá estão os dois postes parados me encarando, dessas vez mais próximos.

O vampiro se aproxima de mim com uma expressão irônica

- Eu falei que tinha sentido cheiro de sangue fresco - ele ri com rancor - "você está doido Derick, humanos não podem vir pra cá", os babacas estavam enganados e vou levar essa belezinha para me gabar.

Permaneço rígida enquanto ele me examina com uma cautela extremamente irritante.

Ele parece farejar e continua me rondando.

- Como chegou aqui, gracinha? - ele diz e eu não abro a boca pra falar de tanto medo, então ele repete mais alto - Como chegou aqui?

- Foi... Foi um espelho... - minha voz sai trêmula e ele solta uma risada rouca

- A humana do espelho... Ouvi boatos, já que aqueles idiotas não contam nada para nós - ele olha para os guardas e eu fico bem confusa - humana, você acha que sofre preconceito por aqueles idiotas? Nós também! Nos tratam como lixo - ele me olha como se esperasse alguma resposta, então eu digo pra não apanhar

- Quem? Quer dizer... Quem são os "idiotas" - simulo as aspas com os dedos e ele mostra um sorrisinho

- Mirs, fadas, lobos... Todos eles, todas as espécies nos tratam como inferiores - eu concordo com a cabeça com a intenção de não morrer, então começo uma ceninha

- Verdade! - digo rápido demais, então me recomponho - Concordo completamente, eles se acham e me humilham como se eu fosse lixo, só porque sou humana. Imagino como vocês devem se sentir, só não sei o porquê fazem isso com vocês já que também são... Especiais.

- Pois é. Bom, eles não gostam muito de nós porque meio que fazemos algo contra o que eles pregam

- O que... Exatamente?

- Eles protegem humanos, e bom... Nós nos alimentamos deles - ele mostra suas presas afiadas, sinto os guardas segurando meus braços e os puxando pra trás, então dou um berro.

O Outro Lado Do EspelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora