Nem noto e já estou em um canto assistindo toda a briga.
É fascinante a rapidez com que tudo acontece, eu poderia sentar ali, pegar uma pipoca e assistir, seria o melhor entretenimento que já tive na vida.
Mas ao mesmo tempo tô nervosa, eu que causei essa confusão e sinceramente, tô me sentindo mal
Os movimentos de Tristan e Peter são rápidos como trovões, enquanto Nora luta com classe e sofisticação, ela sabe exatamente o que fazer pra acabar com eles em questao de milésimos, o que aumenta minha fascinação. Assim como eu, toda aquela plateia assiste boquiaberta toda a cena.
Peter aparece do meu lado do nada
- Vamos, vou te levar pra fora daqui enquanto eles os destraem - antes que eu proteste ele me leva rápido pro lado de fora enquanto estou agarrada nele, de olhos fechados depois de dar um gritando
- Ei! - grito antes que ele saia de novo - não pode me deixar aqui sozinha!
Estou do lado de fora daquele bar, no mesmo lugar por onde cheguei.
- Adivinha só - ele se aproxima com um olhar irritado mas com sarcasmo na voz - você também não podia fugir de Mor, mas adivinha, você fugiu e olha que confusão! - no final da frase ele já está berrando e ao invés de discutir eu só me encolho - Agora faça o favor de não arranjar mais problemas humana
Ele some e só ficam vestígios de poeira no local onde ele estava.
Jogo minha jaqueta no chao perto da parede, sento nela e fico esperando enquanto as lágrimas descem pelos meus olhos.
...
Depois de mais ou menos uma hora vejo Tristan e Nora saindo pela porta do bar, todos sujos de sangue, poeira e seja lá o que for aquele líquido preto.
Me levanto e corro até Nora, a envolvendo num abraço
— Me desculpa, por favor — digo e ela demora um pouco pra devolver o abraço
— Tá tudo bem, eu entendo — ela me aperta — só não nos de esse susto de novo
Concordo e vou até Tristan que fica parado me encarando
— Desculpa — digo baixo — o que fiz não foi legal, principalmente pra você
Ele permanece calado e volto a chorar. Por fim me dá um abraço
— tá tudo bem, eu me ferrei um pouco, mas nada que já não tenha ocorrido antes
Minhas desculpas pra ele são extremamente verdadeiras, ele é legal e eu não tinha parado pra pensar nas consequências que ele sofreria ao me levar pra fora, e ele só tentou me ajudar.
Meu estômago se revira quando lembro de Peter, primeiro pelo sermão que ele vai me dar, mas depois por perceber que ele não está ali.
Me lembro dos seus olhos furiosos me encarando quando me trouxe pra fora, e quase volto a chorar.
— Onde está... — antes que eu termine a frase ele sai lá de dentro sujo como os outros, mas com um sorrisinho perverso no rosto
— Terminei — ele diz e Nora o encara revirando os olhos — mas melhor corrermos, rápido.
Antes que eu sequer questione o porque do desespero, Nora me segura e corremos até um lugar longe, mas perto suficiente pra enxergar o bar.
Ninguém diz nada, estão todos concentrados em olhar para o local, e eu nem me atrevo a perguntar o porquê. Não passa muito tempo e uma fumaça começa a sair pela porta e eu olho pra eles com uma cara de interrogação.
— Digamos que eles... vão dormir por um tempo — Travis diz pra mim depois de ler minha expressão
— Por um bom tempo — Peter diz olhando para Travis e os dois caem na gargalhada, enquanto Nora da um risinho discreto.
...
Quando voltamos para o quartel Mor, Nora precisa sair para encontrar sua mãe e Travis vai relatar tudo isso que aconteceu para o conselho, o que infelizmente faz com que o trabalho de me levar ao quarto sobre para Peter.
Entramos no quarto, enquanto eu sigo para a cama, Peter fecha a porta e para, virado de costas pra ela.
— O que. Passou. Pela. Sua...Cabeça? — ele pronuncia a última palavra como um suspiro e ele nem consegue olhar nos meus olhos
— Eu... bom... eu queria ir embora e na minha cabeça esse plano era muito inteligente
— Me explica como sair em um lugar desconhecido com seres que você não conhece pode ser um plano inteligente — ele diz ainda com raiva
— Olha aqui — digo alto o suficiente para que ele preste atenção e olhe nos meus olhos — por que é tão difícil pra você entender que eu estava presa aqui? Dia e noite sem fazer nada enquanto vocês saem, vão e voltam na minha casa quando quiserem. Eu sou um peso morto pra vocês, nem sabem ao menos o que fazer comigo! Pensei em facilitar o trabalho...
Ele simplesmente da um grito, solta um suspiro alto e sai do quarto como uma criança fazendo birra batendo os pés.
Dou o mesmo grito ao me jogar na cama e deixar as lágrimas correrem.
Passa uma hora... duas e depois duas e meia e eu finalmente decido me levantar pra tomar um banho, mas uma batida na porta me interrompe, e eu me arrasto até ela pra abrir.
Aqueles olhos escuros me encaram, Peter está lá com roupas diferentes das de mais cedo, como se tivesse tomado um banho e se revigorado totalmente, enquanto eu ainda estou o mesmo caco.
Ele fareja o ambiente e faz uma cara feia
— Já pensou em tomar banho? — ele pergunta. Simplesmente reviro os olhos e fecho a porta na sua cara antes de sair andando.
Infelizmente ele segura antes que a porta bata e entra atrás de mim.
— Desculpa, eu tava brincando — ele diz e eu dou os ombros e sento na cama. Minha visão se dirige a sacola muito bonita que eu não tinha reparado que está na sua mão, mas logo volto ao seus olhos
— Precisa de alguma coisa? — apoio minhas mãos na cama e ele nota minha expressão cansada. Não quero brigar.
— Eu... bom... eu fui um babaca. Quer dizer, você fugiu e tudo mas nunca tentei ver o seu lado. Deve ser um saco ficar presa aqui — seu olhar é compreensivo. Por mais que aqueles olhos sejam escuros como carvão, não é tão dificil ler suas emoções por ele. Eu devolvo o mesmo olhar e ele entende na hora e dá um sorrisinho — eu também trouxe isso pra você.
Pego a sacola de sua mão e tiro algo macio de dentro.
É meu Harry Potter de pelúcia.
— Harry! — exclamo baixo enquanto olho para ele em minhas mãos — como pegou isso?
— Na sua casa quando fui especionar por lá — ele dá os ombros — era o único na cama então imaginei que fosse... importante?
— Acertou — sorri — minha mãe — levanto e vou até ele — como ela está?
— Já foi informada de seu paradeiro... quer dizer, mais ou menos.
— Explique esse mais ou menos! — estreitei os olhos pra ele
— Deixamos uma carta em seu nome dizendo que estaria na casa daquela sua amiga... esqueci o nome...
— Sofia — completei — Não falo mais com ela.
— Mais sua mãe não sabe disso. Enfim, dizemos que você precisava de um tempo, depois daquele dia turbulento...
Lembro do "dia" mas logo apago da minha mente antes que eu chore.
Não digo nada, pego o Harry e coloco na minha cama.— Vá trocar essas roupas — ele diz, e continua antes que eu devolva uma resposta grosseira — vou te levar em um lugar
— Que lugar?
— O melhor lugar pra superar os problemas.
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O Outro Lado Do Espelho
FantasyCarol, uma menina de 18 anos tem tudo que quer, um namorado perfeito, uma melhor amiga perfeita e está prestes a tirar sua carteira de motorista. Seu mundo perfeito vira de cabeça pra baixo quando ela passa pelo pior dia de sua vida, onde uma maré d...