𝓐𝓷𝓽𝓮𝓼
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— 𝑺𝒐𝒐𝒌𝒊𝒆 —
𝑺𝒐𝒐𝒌𝒊𝒆 𝒏ã𝒐 𝒆𝒓𝒂 𝒖𝒎𝒂 𝒄𝒓𝒊𝒂𝒏𝒄𝒂 𝒆𝒔𝒑𝒆𝒄𝒊𝒂𝒍, nem nunca seria, e ela sabia disso.
Ela também sabia que não teria uma vida fácil, ao contrário da maioria das crianças da vila, ela já havia suportado muito apenas na infância. Talvez isso tenha a tornado assim, pensativa demais e periculosamente corajosa.
Há um ano atrás perdeu a mãe, uma doce pessoa que a amava muito e que a havia dado o nome de sua constelação favorita, Sookie. No entanto, a garota nunca tinha visto as estrelas brilharem no céu, tampouco sua nova mãe tinha conhecimento de tal constelação. Talvez isso tenha sido o pontapé inicial para as milhares de perguntas que enchiam sua cabeça todo santo dia.
Agora mesmo ela estava empoleirada em uma das vigas que sustentavam a casa, encarando a janela não muito longe de si, pensando na razão para não ter manifestado nenhum traço de magia ainda.
Ela sequer percebeu quando sua nova mãe atravessou a cozinha e alcançou a saleta em que estava.
— Querida, pensei que estivesse com Niara se arrumando — disse a mãe, enxugando as mãos em um pedaço de pano gasto sobre a longa saia pesada.
A nova mãe era muito gentil e generosa. Assava bolos para Sookie sem que ela pedisse, presenteava-a com lenços bordados com flores e trançava seu cabelo de várias formas diferentes todos os dias. Antes eram vizinhas, sua mãe verdadeira e ela costumavam ir lavar roupa no mesmo lago, e também frequentavam os mesmos armazéns. Quando a menina ficou órfã, a mulher logo não pensou duas vezes antes de adotá-la.
— Estou com medo — admitiu a garotinha, encarando a mãe. Ela tinha um rosto muito bonito que fazia Sookie se lembrar do dourado dos fins de tarde. Sua pele bronze remetia às moedas brilhantes, e seus cabelos cor-de-mel ondulavam perfeitamente até a cintura quando estavam soltos.
Sookie adorava ficar longas horas com o cabelo trançado, pois assim que os soltava ficavam parecidos com os da mulher.
— Tudo bem sabe, é normal sentir medo daquilo que não conhece ainda. Eu também tinha muito medo quando fui — contou a mãe, agachando-se para ficar na altura da menina.
— Como que seu medo passou?
— Bem, eu tentava imaginar que as Fadas Ancestrais era fadas como nós.
— Mas elas não são! Vi num pergaminho o desenho delas e pareciam bruxas! — A menina arregalou os olhos e ela estava prestes a chorar.
— Não Sookie, não se parecem com bruxas coisa nenhuma. Elas são Servas do Destino, e sabe por que elas tem esse nome?
A garotinha assustada balançou a cabeça em negação.
— Porque o poder delas é guiar o destino das outras fadas. Sem elas, não haveria o nosso tipo de magia que ajuda as pessoas. Não teriam curandeiros, ferreiros, sábios, musicistas, exploradores ou construtores. Sem elas para guiar a magia elementar não haveriam pessoas para que o Sonhador fizesse sonhar. Não são bruxas, são muito mais que isso — explicou a mulher, secando as lágrimas na bochecha de Sookie.
— Mas eu não tenho magia como você ou a Niara — murmurou ela.
— Ainda é cedo para afirmar algo assim. Alguns manifestam seus dons apenas após passarem o tempo no Templo com as Servas.
Sookie suspirou encarando a vista dos fundos da casa. Havia um gramado e uma arvore solitária. A garota costumava se perguntar se aquela arvorezinha não se sentia muito sozinha e deslocada estando ali.
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𝐀 𝐄𝐬𝐩𝐢ã 𝐃𝐨 𝐒𝐨𝐧𝐡𝐚𝐝𝐨𝐫
FantasíaMundo De Sonho e Pesadelo - Livro 1 Sinopse: Sem magia e sem asas. Com a pele opaca e nenhuma afinidade com a natureza. Como poderia Sookie, uma fada, ter nascido tão sem graça, ou como seu infeliz apelido, Uma Fada Que Não É Fada? Tendo crescido...