Vesper Martini

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Havia mais de uma semana desde o nosso encontro e nenhum sinal dela. Além disso, eu não tinha como procurá-la, afinal ela não me deu seu número. Será que ela decorou errado? Custava ter anotado? Fui ao Skybar sexta e sábado, ela não estava lá.  Era o único lugar que eu sabia que ela frequentava. 

Domingo, sai do banho decidido a ir ao Skybar novamente, quem sabe algum garçom pudesse dar alguma informação dessa vez. Troquei-me e peguei o celular, quando percebi uma mensagem de texto… número desconhecido… é ela! 

"Olá! Quarto 708, quinta às 21 horas? Erika." 
Respondi "SIM" e recebi a nova senha. "Porque não me dá seu número?" Enviei na sequência, mas ela não respondeu mais nada. 

Quarta, 20 horas, Vila Madalena. Eu precisava espairecer, aquela semana sem um contato e agora uma mensagem marcando um encontro e sumindo de novo. Fui com o Guillermo para o bar que costumávamos ir. 

-Ethan!? Você nunca chegou antes de mim em lugar algum. Tá doente? Me deixa ver se é febre. - Guillermo falou colocando a mão na minha testa.

-Devo rir por amizade? Suas piadas são uma piada. - Falei tirando a mão dele da minha cara.

-Você está um trapo, brigou com alguém na rua antes de vir para cá? 

-Estou enlouquecendo por aquela mulher. Quero ela, mas ela já deixou claro que não quer nada além de sexo. Sem falar que nem seu nome verdadeiro eu sei. - Falei quase em um monólogo existencial.

-Você precisa esquecer essa tal Erika. Semana passada tive que desligar o celular pois você não parava de choramingar, só falando dela. Qual seu problema? Você parece estar enfeitiçado por essa mulher. 

Guillermo tinha razão, pelo menos uma vez na vida. Eu estava enfeitiçado desde aquele momento no Skybar, e estava desejando, sedento, a minha feiticeira. Ficamos algumas horas no bar jogando conversa fora e curtindo alguns drinks. 

Acordei antes do despertador e as horas estavam se arrastando, parecia que alguém estava segurando o relógio. Fui ao escritório em seguida, pois havia marcado uma reunião com meu pai sobre o andamento das propostas para definir o novo escritório de advocacia que atenderia a empresa, e discutir sobre a transferência dos meus trabalhos na gestão do Marketing para o novo gerente. 

-Ethan, hoje à tarde temos uma reunião externa com o escritório que estamos cogitando contratar. O que acha de ir? Para começar a lidar com os novos desafios que lhe aguardam. - Perguntou meu pai com entusiasmo. 

Francisco Herreiro, um homem de negócios e por acaso meu pai. Ele me criou desde cedo para ser o sucessor da Farmacêutica Herreiro. Mas eu odiava quase tudo que envolvia aquela função e iria postergar o máximo que eu pudesse. Sem falar que uma parte que odeio em especial é lidar com advogados, por que eu iria querer participar de uma reunião com vários deles?

Sai o mais rápido que pude após minhas reuniões da tarde. Passei em casa e me arrumei para enfim encontrá-la. Cheguei alguns minutos antes das 21 horas, me aproximei da recepção e me identifiquei.

-Boa noite! Guillermo para o 708.

-Boa noite. Qual sua senha, senhor?

-"Te achei!" 

-Senha correta, senhor. A senhorita Erika pediu para avisar que se atrasará alguns minutos, mas para aproveitar a hospedagem enquanto a espera. 

-Desculpe, João!? - Falei lendo a identificação na camisa do recepcionista - pode me confirmar o sobrenome da senhorita Erika? 

-Não posso dar informações dos hóspedes, senhor. 

-Já escutei essa frase antes... - Falei pegando o cartão que ele colocou no balcão e me dirigindo ao elevador. 

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