Pedido de desculpas

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POR VICTÓRIA 

Enfim sexta-feira.  Minha semana havia sido cansativa. Além de tudo, um jornalista conseguiu me encher a semana toda querendo uma exclusiva pelo processo que ele nem deveria saber. Não bastava a vontade de matar o Rodrigo antes, agora ainda tinha que aturar repórter querendo saber sobre algo que eu queria esquecer. 

Ana tinha uma reunião fora da cidade e me confiou a Ayla neste período. Meu pequeno pote de fofura era quase um anjinho, quase...

- Hora da mamadeira! Fala para madrinha que você vai tomar tudo e dormir, que ela precisa de um banho. Colabora com a dinda, Ayla. 

Ela apenas dava risada enquanto eu falava com ela, parecia não estar muito disposta a colaborar. Levantei-me, peguei-a no colo e fui à cozinha preparar a mamadeira.

- Droga, quem é a essa hora? E por que o porteiro não interfonou? Vamos abrir a porta, Ayla? - Falei escutando a campainha tocar.

Fui com Ayla ver quem era àquela hora da noite. Só pessoas inconvenientes que não dormem, para fazer uma visita inesperada como esta. 

- Ethan!? Como descobriu meu endereço? 

- É mais fácil achar alguém quando a gente sabe o nome verdadeiro dela. - Ele falou entrando e ficando ao lado da porta. 

- Mui grata por me lembrar o motivo de eu não dar meu verdadeiro nome, eu quase esqueci por um momento.  - Falei dando as costas e andando.

- Eu vim te pedir desculpas. 

- Não quero suas desculpas. Agora, por gentileza, feche a porta ao sair. 

Sai andando para meu quarto e ouvi a porta fechar. Não era possível que ele ainda tivesse a cara de pau de vir até a minha casa depois de falar um caminhão de besteira para mim. Coloquei Ayla em sua cadeirinha com alguns brinquedos para se distrair e resolvi tomar meu banho, eu precisava relaxar. Tirei meu moletom e quando estava prestes a tirar a lingerie Ayla decidiu me lembrar que era hora da mamadeira, o que eu por sinal, havia esquecido totalmente. Por que os bebês têm uma garganta tão boa? Tinha horas que parecia que ia estourar os meus tímpanos.  Peguei-a no colo e fui à cozinha fazer a mamadeira.

- A lingerie é muito provocante!

- Cacilda!!! Falei para ir embora, Ethan! O que você ainda faz aqui? 

- Você não me deixou pedir desculpas. 

- Você só pode estar de brincadeira.  Mas já que não foi embora, pega a Ayla, preciso fazer a mamadeira. - Falei entregando-a. E ele descaradamente encarou meus seios.

- Você fica linda nessa lingerie!

- Estou na minha casa e acreditava estar sem visitas. Você veio para pedir desculpas, então foco, por gentileza.

- Sei que fui um idiota, que te acusei presumindo algo que não era verdade. Eu também sei que você não me deve nenhuma explicação e que não temos nada.  Então eu vim aqui reconhecer meu erro e te pedir perdão.  Também te trouxe aqueles chocolates. 

- Aceito os chocolates. 

- E as desculpas?

- Não! Agora dá essa mamadeira para Ayla enquanto eu tomo banho, já que mandar você ir embora não adiantou. - Falei entregando a mamadeira e saindo. Eu podia sentir ele me olhar enquanto eu ia para o quarto.

Tomei um banho bem quente. Coloquei meu pijama confortável e fui à sala buscar Ayla e pedir para Ethan ir embora. Eu só queria dormir, se Ayla contribuísse. 

- Ótimo, agora tenho duas crianças para cuidar. - Falei percebendo que Ethan tinha colocado Ayla para dormir e dormido junto. 

Peguei uma coberta para cobrir Ethan, ele estava dormindo tão tranquilo que eu não tive coragem de acordá-lo. Eu queria evitá-lo porque sabia que ele mexia comigo. E ele também sabia disso. Peguei Ayla e fui dormir. 

Tive uma ótima noite de sono, Ayla foi uma excelente neném e dormiu a noite toda. Levantei, tomei meu banho e nos arrumei para uma volta no calçadão.  Por um momento esqueci que Ethan estava dormido no sofá. Fui lembrada pelo barulho de algo fritando. 

- Bom dia, intruso que está na minha cozinha! - Falei chegando.

- Bom dia, Victória! Espero que não se importe comigo mexendo nas suas coisas.

- Não vou brigar porque estamos com fome, não é, Ayla? 

- Ótimo, já fiz a mamadeira dela conforme instrução da geladeira. Pode dar a ela que já levo o café para mesa. 

- Grata! - Falei pegando a mamadeira.

- Grato pelo cobertor. 

- Eu jamais negaria um cobertor a alguém que dorme no meu sofá, mesmo os não convidados. 

- Aí, essa doeu. Mas estou desculpado? 

- Não!

Tomamos um café tranquilo, Ethan nos acompanhou quando desci para caminhar com Ayla e pela primeira vez, depois daquele reencontro, não discutimos. 

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