Viagem Especial - Livro 3 Série: Paixão e Amor

Capítulo 1

Suzane

Pessoas tinham suas ações influenciadas por muitas coisas e por muito tempo eu quis saber o que podia influenciar uma mãe a abandonar a filha e o marido poucos depois de dar à luz.

Meu pai, Robert, foi um ótimo exemplo de pai solteiro, ele não se deixou abalar quando a mulher que amava o abandonou com a filha recém nascida e me criou sozinho me ensinando a ser a melhor versão de mim e também como colocar limites nos garotos e socar a cara deles se não soubessem me respeitar.

Mesmo que sempre carregasse a mágoa e a tristeza pelo o que Grace fez, ele me contou como ela era e como se conheceram em uma praia durante as férias de verão e ficaram juntos por semanas até terem que voltar as suas rotinas em cidades diferentes, porém, Robert se apaixonou e para não ficarem longe a convidou para morarem juntos. Eles se casaram pouco depois e foram felizes por quase quatro anos, até que eu nasci e semanas depois Grace sumiu sem dar nenhum tipo de explicação.

Papai sempre evitava me dizer porque ela se foi, ainda que eu quisesse muito descobrir seus motivos para partir. Quando fiz dezoito anos ele me revelou a verdade me entregando a carta que Grace deixou para no dia em que foi embora. Ela escreveu poucas coisas e resumindo, nos abandonou porque apesar de nos amar, queria mais do que a vida simples que o marido poderia dar a ela. Meu pai me contou que desconfiava que ela tivesse conhecido algum homem durante a gravidez, alguém rico que lhe ofereceu uma vida mais luxuosa do que nosso apartamento e o salário de contador dele.

Na adolescência eu tinha aquela curiosidade de saber onde minha mãe poderia estar e os motivos que a fizeram nos deixar, no entanto depois de ler o que escreveu, essa vontade passou e tudo o que eu queria era nunca precisar conhecê-la. Grace não quis ser minha mãe e agora era eu quem não queria que ela fosse alguma coisa na minha vida. Robert era tudo o que eu precisava e depois de conhecer aquelas malucas do Girl Power, cada uma com uma histórias quase tão dramática quanto a minha, a saudades de alguém que nunca conheci não existia mais.

Apesar de tentar fazer meu pai conhecer uma pessoa para completar seu coraçãozinho e ter a ajuda das meninas nessa missão, nenhum dos romances que teve evoluiu. Há alguns anos ele se mudou para a Escócia para morar no interior perto da minha tia Lúcia, sua irmã que depois de casar com um escocês se mudou de Nova York, fugindo da agitação da cidade grande, algo que meu pai também quis fazer pouco tempo depois.

Ele queria que eu fosse junto para morar com eles, mas decidi ficar pois gostava dessa agitação da qual eles fugiam e ganhei ótimas amigas que não queria deixar para trás, além disso também tinha acabado de conseguir o emprego de secretária do CEO da Tech Zaiker, um trabalho muito bom que seria o suficiente para que eu pudesse me sustentar e ainda mandar dinheiro para meu pai, ainda que no começo ele tivesse se negado a aceitar.

Trabalhava naquela empresa há pouco mais de quatro anos e nada de muito emocionante acontecia, exceto as maluquices da chamada Trupe de Modelo e das provocações do cafajeste insuportável, Jonathan Zaiker. Isso até que quase morri do coração e tive que ir às pressas para a Escócia quando meu pai teve um infarto, e como minha amiga Megan precisava de um trabalho e eu de uma substituta enquanto viajava, juntamos o útil ao agradável e a deixei no meu lugar, rezando para que a brasileira sem filtro não me fizesse perder o emprego.

Quase tive que bater na moça do aeroporto porque cheguei alguns poucos minutos atrasada e ela não queria me deixar entrar no avião, no entanto um lindo homem apareceu, também atrasado, e me levou para sentar com ele na primeira classe. Trocamos os números de telefone depois de desembarcar, mas fiquei uma semana inteira cuidando do meu pai sem dar atenção para qualquer outra coisa, sem cabeça para nada além da sua saúde.

Quando a situação de Robert se estabilizou e ele pôde voltar para casa, tomei coragem e liguei para o homem do avião. Não contei as garotas o que aconteceu, porque elas ficariam muito animadas e cheias de expectativas por mim, e eu não precisava me iludir mais do que comecei a me iludir nos dias divertidos e apaixonantes que passei com Gregory enquanto cuidava do meu pai.