Viagem Especial - Livro 3 Série: Paixão e Amor

Capítulo 18

Suzane

Quase uma semana depois de ter encontrado Grace, finalmente eu estava conseguindo de vez abandonar aqueles sentimentos ruins que haviam dentro de mim a cada vez que pensava nela e no que havia feito comigo e com meu pai. Eu não a tinha perdoado e nem sabia se um dia conseguiria fazer isso, mas parando para pensar sobre minha vida e conversando com meu pai que se mostrou muito sábio, comecei a entender que não queria mudar o passado. O jeito como vivi era tudo o que eu poderia desejar e ter Grace comigo não teria mudado muito coisa.

Foi meu pai que me ensinou a pentear o cabelo, a fazer a maquiagem e combinar roupas, depois de muitos tutorias na internet. Foi ele que aprendeu a cozinhar por mim, que me contou histórias para dormir e que me deixou ficar com ele à noite quando tinha pesadelos ou ficava com medo de tempestades. E apesar de parecer prestes a explodir de tão vermelho que ficou, também foi ele que me falou sobre educação sexual e me levou em todos as consultas médicas que precisei.

Sempre disse a mim mesma que não precisava de uma mãe tendo um pai tão maravilhoso como Robert, e depois de rever minhas lembranças, entendi de vez que isso era realmente verdade e não apenas uma coisa na qual tentei acreditar para compensar a falta de Grace. Apesar de pensar que sim, eu não senti falta de uma mãe e também não tinha motivos para ficar triste ou abalada com a presença de alguém que não significava nada na minha vida, foi um pouco difícil entender isso completamente, mas agora finalmente estava conseguindo.

Ainda tinha certeza de que precisava ter uma conversa com Grace, pois era claro para mim que tinha de resolver meus assuntos com ela e de uma vez por todas me livrar da influência dos seus atos na minha vida e nos meus relacionamentos, porém estava em um momento bom demais para fazer isso agora e apesar de tudo, ainda não queria ter que encontrá-la outra vez tão cedo. Essa seria minha última semana na cidade e queria aproveitar exatamente como iria fazer agora, durante um lanche da tarde na casa da família Zaiker, ao qual Christopher me convenceu a participar.

— Quase não acreditei quando Patrícia me disse que Ryan estava namorando — falou Elisa, sentada ao meu lado na mesa. — Não que eu pense que meu sobrinho não seria capaz de arranjar uma namorada, longe disso, mas Ryan ficou muito antisocial há alguns anos.

— Ele ficou ranzinza e chato. — Cecília se pronunciou e recebeu um olhar de repreensão da mãe. — Não estou dizendo nenhuma mentira. E em compensação, Jonathan ficou pior na vida adulta do que era na adolescência.

— Não exagere, Ceci. — Erick disse tentando ser sério, quando claramente se divertia com a conversa. — Jonathan era mil vezes pior na adolescência, assim como o seu irmão.

Percebi que Christopher me lançou um olhar inquisidor do outra lado da mesa, onde estava sentada de frente para mim e parecia um pouco cauteloso, provavelmente porque o assunto atual era Jonathan.

No entanto, durante os dias que pensei sobre Grace, também pensei no tempo que passei com Jonathan e com tive certeza de que Lucca tinha razão em tudo o que disse na sua sessão de terapia incrivelmente eficiente.

Esse tempo que fiquei longe foi bom para que refletisse e entendesse que como imaginei no início, o que Jonathan e eu tínhamos era mais voltado para desejo reprimido. Ele me imaginava como um desafio e eu o via como alguém de quem deveria fugir, o que tornou tudo mais "atraente". Pensando melhor, percebi que não tinha sentimentos por Jonathan e na verdade comecei a me apaixonar por uma imagem que criei dele, descartando seus defeitos e focando somente no que me agradou, o que com certeza não era certo, pois me fez idealizar uma imagem perfeita dele e essa fantasia foi o que me machucou, não ele.

Dei um sorriso tranquilizador para Christopher, mostrando que não me importava que falassem sobre Jonathan e seu sorriso mostrou que isso o deixou mais satisfeito do que imaginei que aconteceria.