Capítulo 12

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Suzane

Depois de novamente ver Jonathan com outra pessoa em um elevador, quase do mesmo jeito que foi após nosso primeiro beijo há alguns anos, terminei o que restava do trabalho naquele dia o mais rápido possível e avisei Ryan que estava indo após ter certeza de que não precisaria mais de mim.

Ainda me sentia magoada e com aquela sensação amarga de traição que não tinha o direito de sentir, pois sempre soube o que esperar dele. A parte boa disso tudo foi que abri meus olhos e estava voltando a trancar meu coração antes de estar apaixonada ao ponto de chorar por causa disso. A falta das lágrimas naquele momento era um bom sinal, porém ainda assim não me sentia bem interiormente.

Precisar usar o elevador para ir embora foi algo ruim, tanto por causa das lembranças ruins e das cenas semelhantes de anos atrás e de hoje, quanto por aquelas que achava terem sido boas. Estava muito pensativa e pela minha falta de atenção, quase fui atropelada ao sair da empresa e não olhar para os lados antes de tentar atravessar a rua, por sorte o carro freou antes de chegar muito próximo a mim.

— Suzane? — Ouvi uma voz familiar e olhei para o motorista do carro.

Christopher saiu do veículo apressado e me olhava preocupado ao caminhar até mim me analisando, talvez em busca de algum ferimento.

— Você está bem? Se machucou?

— Estou bem. Estava distraída e acabei não prestando atenção no que fazia. Me desculpe.

— Não tem porquê se desculpar, foi um acidente. — Disse ainda me olhando preocupado. — Tem certeza de que está bem?

Deveria responder que sim e depois tentar achar um táxi para me levar para casa e encontrar uma boa desculpa que me ajudasse a não precisar ir ao piquenique de hoje e ter que ver a cara de Jonathan e precisar explicar para minha amigas porque estaria distante. Mas simplesmente não consegui dizer nada e dessa vez a vontade de chorar veio com força e tive que me segurar para não fazer isso.

Jonathan não era o motivo pelo qual eu queria chorar. Uma parte de mim, aquela cautelosa e cheia de barreiras que ainda existia e sempre existiria, sempre soube que uma hora ou outra eu iria me machucar de algum jeito nessa aventura que tentei ter sem me apegar, por isso quando a realidade foi jogada na minha cara ao ver aqueles dois juntos, não doeu tanto como nos meus outros relacionamentos apesar de ter me deixado mal por me sentir de certo modo traída, pois acreditei em suas palavras e me iludi com seus gestos.

O verdadeiro motivo da minha vontade de chorar era por me sentir fraca e idiota por sempre que alguém mexia comigo, ainda que fosse de um jeito pequeno, eu começava a sonhar como uma boba e me envolver mais do que deveria, mesmo que uma parte de mim gritasse que me machucaria no final e tentasse me alertar sobre meus pensamentos sonhadores demais e sentimentalismo exagerado.

— Suzane? — Christopher tocou meu braço me fazendo voltar para a realidade. — Quer que eu te leve para casa?

Ainda sem conseguir falar por continuar tentando não começar a chorar, balance a cabeça em afirmativa e ele me guiou até o seu carro, abrindo a porta do passageiro para mim e me ajudando a entrar. Ele sabia meu endereço assim como todos os rapazes da trupe sabiam das garotas e vice versa, por isso fiquei calada olhando para a janela enquanto ele dirigia.

Era difícil admitir que em parte esse meu problema com relacionamentos era por causa de Grace. O abandona da minha mãe, apesar de nunca tê-la conhecido, teve mais impacto na minha vida do que todos poderiam imaginar. Nem meu pai ou minhas amigas sabiam que eu já tinha frequentado um psicólogo para falar sobre ela. A primeira vez foi com a psicóloga da escola quando eu tinha quinze anos e queria desabafar, mas não conseguia fazer isso com minhas amigas da época e muito menos com meu pai, com medo de que ele se sentisse culpado.

Viagem Especial - Livro 3 Série: Paixão e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora