Capítulo 16

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O estalar do meu salto na escadaria era irritante mas era isso o que eu estava sentindo, estava irritada, mas isso não vai ficar assim mesmo, ele não perde por esperar.
A cena se repita várias e várias vezes em minha cabeça, a forma como ele me olhava e ao mesmo tempo brincava comigo era irritante, ele realmente não tem nenhuma preocupação que nesses dias que ele estiver fora, eu não vá fugir?
Ele só pode me considerar muito boba mesmo, vir falar que iria viajar para mim, afinal, porque eu estava ligando tanto, talvez tenha ido ficar com suas amantes o que não seria nenhuma surpresa, já que todos comentam o quão devasso ele é ou era, eu tenho certeza que esses 8 dias serão muito agradáveis.
—Scarlet..Scarlet
Me dou conta da realidade e viro para a direção da voz que me chamava, vendo meus familiares parados, me olhando enquanto esperavam uma resposta de minha parte.
—Filha não vai se despedir de seus tios?— meu pai me olhava com atenção, parado ao lado da minha mãe, esperando uma resposta minha.
— é claro, milorde, milady, foi um prazer conhecer vocês, acredito que nos vejamos logo!— falou olhando nos olhos de sua tia, com um pequeno sorriso no rosto, tudo isso enquanto balançava o pé por baixo do vestido, como um sinal secreto de sua impaciência
—É claro Scarlet, ficamos felizes em vê-la também.— minha tia diz, em um tom de voz amistoso.
Por um momento enquanto meu tio se despedia do meu pai, eu vi que meu pai parecia abalado, talvez estivesse acontecendo algo e eu não estivesse sabendo, o que não iria ser nenhuma novidade.
Logo todos foram embora, e eu dava meia volta para subir para o meu quarto, minha mãe já tinha subido com a desculpa que estava cansada, assim que meus tios tinham passado pela porta.
Novamente ouço a voz de meu pai direcionada a mim.
—Scarlet, Salvatore esteve aqui?—paro no meio da escada, intrigada de como ele sabia disso, mas ao invés de perguntar apenas respondi rapidamente
—Sim papai.
—o que você falaram?— qual era necessidade de tantas perguntas, isso estava suspeito, o que meu pai tanto queria saber, tanto faz.
—ele apenas veio me informaram que passará oito dias fora e que voltará para o casamento.
—certo..certo, deve ser melhor assim.—
Falou com se estivesse falando consigo mesmo, o que é melhor assim?
ele passar oito dias fora? Aaaa papai eu também achava, mas eu não iria falar isso então apenas me fiz de desentendida
—o que papai?
—nada querida, vá descansar.— Não falei mais nada e comecei a subir a escadaria a cada degrau meus pensamentos ficavam entre meu pai e Salvatore, o que meu pai está escondendo, na verdade eu queria saber o que aquele devasso do Salvatore escondia, de qualquer maneira eu não tinha tempo para pensar nisso, eu preciso pensar em como fugir antes do meu casamento, já que Salvatore me deu uma chance tão boa, eu tenho o dever de aproveitar.
Dava gargalhadas mentalmente, enquanto pensava em meus futuros planos.
Longe de toda aqueles tecidos e espartilho meu raciocino funcionava melhor, nana já tinha soltado todo o meu vestido, eu andava de um lado para o outro no enorme tapete do meu quarto, pensando em como seria o melhor jeito para escapar dessa grande besteira de casamento, algo brilhoso refletiu diretamente nos meus olhos, então fui em direção ao objeto e me abaixei para pegar, era um relógio de bolso, dourado, ainda estava funcionando, avaliando melhor percebi que tinha duas, iniciais gravadas, SS me lembrou um colar que a muito tempo tinha, que tinha as iniciais gravadas VS, o colar assim como o relógio tinha o mesmo tom de dourado e a mesma pedra de rubi pequena, eu não entendi da onde tinha surgido aquele relógio mas o deixei junto com as minhas outras joias, talvez fosse de meu pai, de qualquer jeito amanhã eu perguntaria, fui para a cama, apagando as velas e caindo na escuridão.

Acordando com o cantar dos pássaros, me sentia estranhamento de bom humor, talvez saber que Salvatore não estava na cidade me deixa muito alegre, ouço batidas na porta e logo peço a pessoa que entrasse
— bom dia Senhorita—vejo que era nana que entrava, sai debaixo das cobertas me sentando na cama
— bom dia nana, dormiu bem? Eu dormi maravilhosamente bem—Falava com um grande sorriso estampado no rosto, ela logo me olha com uma expressão desconfiada
— nem precisei te tirar da cama hoje, caiu dela?—colocou as mãos na cintura.
— engraçadinha, nana, eu preciso sair.
Sai da cama indo em direção a minha penteadeira, eu uma missão para completar e ela era fugir, para isso precisava ver Amélia, ela iria me ajudar.
— aonde a senhorita vai?— se coloca atrás de mim, onde eu podia ver seu reflexo pelo espelho.
— dar um passeio com Amélia.—Na realidade nem sabia se Amélia estava disponível para dar um passeio ou não, mas eu precisava dela.
—a madame está sabendo disso?— me virei para ela, enquanto penteava meu cabelo e calmamente disse
—vou falar com ela, mas vamos logo, me ajude a me arrumar nana—e novamente virei para o espelho, apenas a observando pelo reflexo
—tudo bem, tudo bem menina, qual vestido vai querer? Está calor hoje!—está calor nessa cidade era uma raridade, até o sol saiu depois que Salvatore foi embora, esse pensamento me fez sorrir.
— o amarelo nana— enquanto ela arrumava meu vestido e sapatos, eu terminava de pentear meu cabelo, não gostava que ninguém o penteasse, as pessoas tinham mania de o puxar mesmo que não fosse por mal, então eu mesmo o arrumava pedindo ajuda apenas para os penteados.
—menina eu acho que você deveria dar uma chance para o duque Salvatore—novamente me virei para ela, com uma expressão de irritada e confusa, porque ela veio falar disso agora.
—mas porque você está falando isso logo agora nana?
Eu não tenho que dar chance nenhuma para Salvatore ele só sabe mandar.
—menina seja mais razoável, as paredes tem ouvidos, todo mundo nessa casa vê vocês dois brigando e você ainda nem são casados, imagina só como vai ser o casamento de vocês!
—isso não é problema meu, quem mandou
me escolher, ele sabe que não o quero
—você mesmo vai sofrer menina—estava dando risada internamente veríamos quem iria sofrer, logo estaria bem longe, poderia até mesmo trabalhar.
Me dirigi até a porta do quarto sorrindo e descendo a escadaria avisei o modormo de minha saída pedindo que avisasse meus pais, entrei na carruagem indo em direção a casa de Amélia, era uma bela casa no centro da cidade, deveria ter o mesmo tamanho da minha, desço observando a rua, tendo certeza que estava no lugar certo, o certo seria eu estar acompanhada de uma dama de companhia, mas o que iria conversar não era pra ser ouvido por ninguém, então fugi de casa logo cedo, logo bato na porta, esperando ser atendida, o mordomo de Amélia abre e me convida a entrar me pedindo para esperar na sala bem iluminada de visitas, logo vejo a bela visão de Amélia
—scarlet o que aconteceu? Porque veio tão cedo?—ela se aproxima se sentando e pegando em minhas mãos
—está tudo ótimo, Salvatore foi viajar ou algo parecido é a oportunidade perfeita de montarmos o plano para fugir do casamento—seu olhar era assustado para mim
—você está falando sério? Está decidida a abandonar tudo aqui? Eu, sua família, suas coisas—ela tentava ver se existia algum vestígio de dúvida me mim, dúvidas eu tinhas várias, mas era minha única escolha.
— eles que me abandonaram primeiro me mandando com Salvatore, e você mesmo deu a ideia!
—eu não achei que iria levar a sério, mas já que você realmente quer isso, só posso te ajudar mesmo me doendo te ver longe
— não vamos ficar longe eu sempre irei mandar cartas para você
—sabe que não é assim, sorte que estão inventando o telégrafo elétrico agora.
—sim eu fiquei sabendo, mas agora Amélia você tem que me ajudar, estivesse pensando em pedir para o capitão que me ajudasse a fugir, parece que Salvatore e eles não se gostam, ele pode me ajudar, o que acha?
—o capitão parece ser uma boa pessoa, se você quer ir mesmo vamos pedir ajuda a ele, só não sabemos se ele vai pro mesmo destino que o seu
—tenho que sair da Europa o mais rápido possível, qualquer país vai servir
—Scarlet e como vai se manter lá? Vai conseguir sem todo o luxo do nosso mundo?
—vivi por 16 anos sem nada de luxuoso posso viver o resto da vida, talvez encontre até um bom marido—digo animado e com um sorriso no rosto
—não não posso deixar você fazer isso Scarlet, eu tenho uma prima ela não é daqui e sim da América, ela mora em Luisiana, posso enviar uma carta pedindo para ela cuidar de você, é uma boa mulher
—seria perfeito Amélia, e o melhor o capitão vai para lá, em nossa última conversa ele mencionou se lembra?
—sim sim, não se preocupe vai dar tudo certo, o pior vai ser quando Salvatore descobrir que sua noiva o abandonou, coitado Scarlet, vocês estão noivos a muito anos.
—coitada de mim Amélia que iria ter que suporta-lo até o fim da minha vida
—você é a única mulher que pensa desse modo, todas falam que a cada instante que passam perto de Salvatore ele as atraia
—a sim o dinheiro dele atrai qualquer um—reviro os olhos, como se toda aquela terra e dinheiro fizesse diferença, meu pai tinha tudo isso também, as gargalhas de Amélia eram tão altas que faziam eco pela enorme sala, seu rosto estava tão vermelho que se assemelhava a um tomate.
—amelia está decidido, antes do casamento que será daqui uma semana eu vou embora, amanhã mesmo vou falar com o capitão, hoje está muito tarde.
—hum tudo bem—disse não dando muita atenção ja que olhava alguma coisa na janela, curiosa olha para trás e vejo um homem muito bonito e bem arrumado passando pela rua, a frente da casa de Amélia, mas eu já o conhecia era o amigo do capitão, o mesmo homem da festa que parecia hipnotizado com Amélia, jones mcdamont.
—humm parece que o cavalheiro está interessado em você Amélia, vai me explicar essa história da onde vocês se conhecem?-nunca vi Amélia com os olhos tão arregalados como estavam agora, ela desvia seu olhar de mim para pegar a xícara e com um longo suspiro
—bem lembra que nós íamos ao baile da condessa?
—sim me lembro bem, ainda bem que ele foi adiado
—o amigo de meu irmão com quem peguei os convites, que quase matou de raiva foi ele o senhor jones—eu não acreditava, sabia que Amélia o conhecia no baile
—uol Amélia, e você já saíram para caminhar?—falo interessada nos acontecimentos românticos de minha amiga
—não nem vamos, ele é abusado demais para mim—fala como se lembrasse de algo
—o que quer dizer com isso?—minha confusão se fazia presente
—ah nada nada, era pra você saber depois que se casassem com Salvatore mas agora..—a corto na hora, parece que as pessoa ao meu redor amam o mencionar para mim.
—Amélia eu já vou indo embora não quero ouvir sobre esse homem.
—tudo bem futura não duquesa—dou meu melhor olhar de raiva para ela me levantando do sofá
—para não levantar suspeitas vou falar que vou te visitar amanhã Amélia, se alguém perguntar já sabe o que dizer.
—está bem.—Amélia me acompanha até a porta entro em minha carruagem acenando,  já havia passado das quatro da tarde, teria que ir para casa.

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