Capítulo 21

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Meus saltos batiam contra o mármore frio do chão, luise realmente levava a sério o que Salvatore disse, já que ela está sendo como minha sombra, mas eu sabia que não era culpa dela, desci as escadas rapidamente a procura de Salvatore, se ele achava que iria ser tão fácil me prender estava enganado, fui presa por 17 anos, ele iria me mudar daquele quarto de qualquer jeito, paro no meio do salão me dando conta que eu não conhecia a casa e que não sabia onde era seu escritório, mas que tola!
viro para Luise.
—Luise, você poderia me mostrar o caminho para o escritório de Salvatore? Ele está lá, certo?—seus olhos incertos piscam pra mim.
—minha senhora, eu não tenho certeza de onde vossa senhoria está mas posso lhe mostrar aonde é o escritório, para a vossa senhoria conferir—balanço a cabeça em concordância, logo ela começa a caminhar e eu a sigo, o escritório de Salvatore ficava do outro lado da casa, passamos por diversas salas e chegamos a uma porta dupla de madeira vermelha com maçanetas douradas, luise bate na porta dando espaço para eu passar.
—entre—a voz rouca de Salvatore se faz presente mesmo que a porta esteja fechada, empurro a porta entrando sozinha e depois a bato atrás de mim, passo meus olhos rapidamente pela sala, Salvatore estava sentado em uma enorme cadeira de couro marrom, que combinava com sua mesa, as cortinas de camurça verde, deixam o ambiente sombrio, até porque estava escurecendo, Salvatore lia algum papel que parecia importante mas ele logo desvia os olhos chegando aos meus, sua expressão se mostrava surpresa, rapidamente ele se levanta.
—o que faz aqui boneca? Precisa de algo?—ele da passos seguros até mim.
—sim preciso!-levanto meu queixo para ele
—muito bem, me diga o que posso fazer por você querida—seus olhos expressavam curiosidade, era interessante ver como suas expressões mudavam comigo quando não havia ninguém por perto, eu já havia reparado nisso antes.
—preciso que você troque meu quarto—coloco as mãos para trás, assim que digo seus olhos se estreitam.
—humm..então você quer mudar de quarto? é isso ?—ele se aproxima e fica me rodeando, dando voltas ao redor de mim, igual um predador quando brincava com sua presa.
—sim, é exatamente isso, não entendi porque temos que dormir em quartos colados, não somos casados.—ele para em minha frente e aponta para algo atrás de mim, me viro para olhar, sinto sua mão no meu ombro e sua respiração no meu pescoço, me arrepio, sigo onde sua outra mão está indicando, dando de cara com relógio que marcava 19 horas.
—o que você quer dizer com isso?—tiro sua mão do meu ombro e me viro, olhando para seu rosto que ostentava um sorriso de canto.
—que em menos de 1 dia e algumas horas estaremos casados e que eu vou poder dormir todos os dias em sua cama, então nem se atente ao fato de ter que dormir duas noite no quarto ao lado—ele se afasta, voltando a sentar em sua mesa— não vale a pena boneca.—eu odiava quando ele tinha razão, o que adiantaria eu brigar com ele.
—você não está achando que vou dormir com você Ou você acha?—dou uma risada baixa esperando por sua reação, a reação que eu queria era "não querida você não terá que dormir comigo, vamos viver como casados apenas na igreja em casa não"—ele dá atenção para o papel que estava em sua mesa, sem ao menos alterar a voz.
—claro que não estou achando querida..eu tenho certeza que você ira dormir comigo-levanta novamente seus olhos para o grande relógio e volta a olhar para seus malditos papéis—agora meu bem, você deveria se preparar para o jantar—ele logo altera o tom de voz rouco para chamar serviçal—luise..Luise!—assim que ele a chama a porta se abre atrás de mim, ele ainda estava lá sentado olhando para seus papéis sem ligar para nada.
—Sim meu senhor.—eu estava de boca aberta com a sua atitude, ainda estava para ele, parada no mesmo lugar de antes, eu já falei que estava olhando para ele?
—leve a vossa senhoria para se preparar para o jantar, não a deixe se atrasar!
—Não se preocupe meu senhor, minha senhora, venha por aqui—ele parecia um pai que estava cansado da birra da filha e mandava a babá vir buscar a menina, ele achava que era quem!? ele iria ter uma surpresa, eu iria para o quarto mas vamos ver se ele conseguiria entrar.
—espere Salvatore!—saio batendo a porta de seu escritório, enquanto caminhava rapidamente sem ao menos esperar luise, ele queria que eu descesse pro jantar, então vamos ver se alguém iria jantar.
Subo a escadaria entrando no quarto que me deram, entro nele e procuro a chave, quando me dou conta que não tem chave nas fechaduras, mas que maravilha como iria me trancar aqui, paro no meio do quarto pensando no que fazer, meus olhos vão para o sofá, me vem uma ideia genial, vou até o sofá e começo a fazer o máximo de força que conseguia para empurrar na porta, eu não imaginava que um sofá pesava tanto mas valeria a pena, Salvatore iria entender que ele não pode fazer eu obedecer ele, depois de uns 10 minutos entre tropeços e descansos consigo empurrar a uma das portas e faço isso com o outro, me jogo na cama, vendo minha obra prima, quero ver ele entrar aqui, o ruim é que meu estômago já roncava de fome, mas era por um bem maior.
ouço batidas na porta.
—quem é?-pergunto olhando para o teto que tinha um lustre coberto de cristais, poderia passar dias contando suas pedras.
—senhora, sou eu luise, a senhora já está pronta? Precisa de ajuda?—Aa sim eu estava muito pronta.
—luise, avise vossa senhoria que não irei descer para o jantar.—me estico nos travesseiros, essa cama era muito macia
—mas senhora.. o senhor—a interrompo
—luise, faça o que estou pedindo por favor, me responsabilizo por tudo!
—está bem senhora.—ouço os passos se afastando da porta, dando lugar ao silêncio, não estava nem um pouco preocupada com a reação de Salvatore, ele que quis assim, ele iria ver que não era bom me forçar a nada, fecho meus olhos esperando.
Logo ouço seus passos pesados, era incrível como em pouco tempo de convivência já conhecia seu cheiro, passos e até mesmo tom de voz.
—Scarlett..Scarlett, abre essa porta agora!—humm deixa eu ver..NÃO—começo a dar risada de sua raiva em vão, ouço sua respiração ficar alterada.
—Scarlett é melhor você não me provocar, abre essa porta agora!—me sento na cama olhando para a porta.
—minhas palavras ainda são as mesmas, NÃO! Eu falei pra você que não queria dormir no quarto ao lado, você não deu atenção, então tudo bem!
—Scarlett..tudo bem!—ouço passos se afastando da porta e não escuto mais nada, levanto da cama, sério que ele mudou de ideia tão rápido assim? Quando descido ir até a porta, ouço um estrondo e depois outro, meu Deus ele estava quebrando a porta.
—SALVATORE VOCÊ É LOUCO? —até o momento que o sofá não conseguia mais segurar a porta e ele a empurrou, passando por cima do sofá, eu caí sentada na cama pasma, ele realmente consegui o entrar, eu.. eu estava acabada, vejo ele se aproximando de mim e começo a correr, mas seus braços me pegam por trás me carregando até a cama.
—me solta Salvatore, seu ogro! Louco!—ele me joga na cama por trás, me viro, dando de cara com ele, rapidamente ele se coloca em cima de mim, segurando minhas pernas com a dele e prendendo meu corpo sobre o seu, meus braços estavam sendo seguradoras em cima da cabeça por ele, estava imóvel, com a respiração acelerada e ele com a sua, sua boca a centímetros da minha, seus olhos verdes como a floresta me observando, ele intercalava seu olhar na minha boca e nos meus olhos, assim como eu, sem querer também fazia.
—Scarlet, para de querer ser tão difícil! Não é tão impossível você aceitar as coisas do jeito que elas são?
—fala assim porque não é você na minha situação.
—você não parece reclamar de estar embaixo de mim.—me remexo tentando sair de baixo dele.
—Salvatore você é um ogro, sai de cima de mim—consigo soltar uma mão mas ele logo a pega se prendendo mais ao meu corpo, não consigo respirar, o que ele estava fazendo?
—Scarlet.. Scarlett, fica quieta e me escute, nosso casamento não será ruim se você parar de fugir dele e aceitar que eu vou ser a porra do seu marido, porque você está tão resistente a nosso casamento?—porque eu estava tão resistente? Eu olho para o lado, onde estava porta e começo a pensar, talvez porque fui entregue em casamento quando mal sabia falar ou pelos meus pais não me amarem ou porque fiquei 17 anos presa em um convento e agora iria ficar presa novamente, porque não tinha visto nada do mundo, eu sei as mulheres deveriam se casar e ter filhos, eu não era contra isso mas mal conhecia meu marido e ele..ele me fazia me sentir estranha, ele não era o que eu imaginava, intenso demais, controlador demais, eu não sabia o que fazer, sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto e começo a soluçar.
—Scarlett, o que foi? Eu te assustei? Meu bem..eu não queria te assustar mas você, trancou a porta, porque está chorando?— ouço ele respirar fundo—o que eu deveria fazer com você? Eu não sei..—viro encarando seus olhos, que agora demonstram preocupação.
—me deixe ir—assim que falo isso seu maxilar trinca, seu aperto se torna mais forte em torno de minhas mãos e seus olhos pareciam como uma floresta negra, acho que isso era um não, seu rosto que está a centímetros é colocado perto de minha orelha, sinto sua respiração, calma e forte.
—Scarlett, você deveria acordar, seja racional, mesmo se eu deixasse você ir, o que nunca vai acontecer, acha mesmo que seus pais deixariam? Ou que conseguiria se virar sozinha? Mal consegui-o fugir—seu tom de voz viva estava ainda mais baixo—você é uma mimada, uma mimada que eu quero, uma mimada que é minha—ele tira seu rosto dos meus cabelos e me olha, eu estava petrificada, eu era mimada? Ele não sabia absolutamente nada de mim para dizer isso.
—se eu sou mimada o que você é?—ele cerra os olhos para mim, mas não faz nada, apenas me olha, sinto seu beijo em minha testa e o momento em que ele para de me prender saindo de cima de mim, ainda estou lá deitada na cima, quando seu corpo se vira ainda perto da porta e fala
—responsável meu bem, responsável.—com isso ele abre a porta e vai embora, responsável? O que ele queria dizer com isso, responsável pelo que? Por suas coisas? Ele queria dizer que eu era irresponsável então, eu não era irresponsável, ele era insuportável.
—luise, luise!—chamo luise para ela me ajudar abrir essa porcaria de espartilho.
—sim, minha senhora—ela entra e fecha q porta parando perto de mim, levando da cama me sentando.
—poderia abrir o espartilho?—viro de costas para ele me ajudar
—claro senhora!—com isso ela vai tirando, lembro rapidamente de nana, acho que ninguém fazia tão bem e rápido quanto ela, só faz um dia mais sinto saudades dela.
—pronto senhora.—me viro agradecendo, enquanto ela pega uma camisola de seda rosa.
—obrigada luise, pode ir descansar.—ela me olha rapidamente e balança a cabeça em concordância.
— a senhora não vai comer nada?—meu Deus, nem lembrava que não tinha comido nada praticamente o dia inteiro.
—posso trazer uma bandeja se a senhora quiser.—ela me olha com relutância em sair.
—não é necessário luise, obrigada.—então ela se retira me deixando sozinha naquele quarto enorme, eu nunca tive medo do escuro mas ficar no escuro nesse quarto enorme não me parecia agradável, deixo as velas acesas, retiro o vestido que já estava aberto e puxo o espartilho ficando apenas de anáguas e as meias, jogo a camisola e me olho no espelho, realmente tinha ficado ótima.
Vou para cama e me deito, será que Salvatore já estava dormindo? mas porque eu estou pensando nisso, não, eu não desejo saber.

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