1 | ICE IN BONES [CONCLUÍDO]

EPILOGUE

Um coração partido é tudo o que restou

Eu ainda estou consertando todas as rachaduras

Perdi algumas peças quando

Eu o levei, o levei, levei para casa

Tenho medo de tudo que eu sou

Minha mente parece uma terra estrangeira

O silêncio ressoa dentro da minha cabeça

Por favor, me leve, me leve, me leve para casa

ARCADE - DUNCAN LAURENCE

Estou a flutuar no ar, submerso entre a escuridão e nada parece puxar-me para cima. Nada o fará.

Há uma resquício de esperança. E irei agarrar-me a isso com mãos e dentes. O coração dela está fraco mas ainda bate forte o suficiente. Graças ao Kieran, soube.

Assim que as minhas mãos empurram as portas do hospital não poupo a voz.

— Onde é que ela está? ONDE? — antes que passasse, alguém põe-se na minha frente e segura-me.

— Estamos a espera, Blake. — Kieran tinha olheiras pesadas debaixo dos olhos. Não consigo ver direito, ainda tenho o olho coberto pela gaze.

Não sei o que estou a sentir, é tudo uma coisa.

— Esperar? Como é que podem estar a espera, aliás como é que ela pula da porra da varanda e ninguém sabe? — afasto-me dele. Pouco me importa a presença dos pais dela aqui ou das irmãs.  A única pessoa que me interessa é ela.

Esfrego as têmporas e luto contra o sentimento de perda, de medo, vazio. Olhos observam-me atentos. Talvez incrédulos.

— Não tivemos tempo. Ela alterou-se quando viu-te caído no gelo. — sigo a direcção da voz suave e calma. Olhos castanhos, alta e magra com um cabelo muito mais volumoso que o da Winter, de caracóis mais fechados. — Sou a Springs.

— A intenção era ir atrás de ti mas teve um ataque psicótico no quarto. — uma mulher mais adulta, apesar de aparência nova dava para saber que era a mãe dela. A razão de tantos transtornos da Winter. Um ataque psicótico? Ela tem tomado a medicação...pelo menos até a última vez que a vi.

A única vez que a vi só a magoei, não fui capaz de dizer-lhe tudo...

— E foi deixada sozinha? Por amor de Deus! — a mão do Sam aperta o meu ombro.

— Não adianta, meu. Pensa nela.

— Ela é minha filha! Está entre a vida e a morte. Carreguei-a ao colo desde bebé, não tentes dar um sermão quando a conheces a meses. — o homem senta-se com as mãos na cabeça.